Um lugar no meio do nada: uma boa definição para o arquipélago São Pedro e São Paulo, o ponto do Brasil mais próximo da África, localizado a cerca de 988 km de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte. A ilha passou a fazer parte do mapa em 1511, após a Nau São Pedro (daí o nome) ter naufragado e batido nas pedras. São Paulo, por sua vez, era o nome do navio que socorreu a nau. O arquipélago também está situado sobre uma fractura terrestre chamada falha de São Paulo.
Laboratório a céu aberto
Tida como uma espécie de laboratório natural, a ilha é o sonho de muitos biólogos estudiosos da cadeia alimentar de aves que possuem a cor esbranquiçada das rochas. Esses animais, por sua vez, atraem de microrganismos a animais enormes, como tubarões. Por encontrar-se situada entre duas placas tectónicas, a ilha também atrai o interesse de estudos geológicos, uma vez que, nos últimos anos, esteve sujeita a mais de 300 terremotos entre as escalas 1 e 6.2.
Pesquisadores habitam a ilha em rotatividade de 15 dias e há frequentes expedições técnicas para fazer a parte eléctrica, além de estruturas que, em razão das ondas fortes, precisam de constante manutenção. Em tais condições, é difícil de imaginar as adaptações que precisam ser feitas em termos de conforto e tecnologia.
Com isso, para que possam comunicar-se com o continente e suprir algumas das necessidades práticas diárias, os técnicos que se encontram na ilha precisam ter um kit tecnológico de sobrevivência. Como podemos ver no blog da ExpressVPN, para situações emergenciais e locais remotos são diversos os dispositivos essenciais, tais como roteadores Wi-Fi portáteis, power banks e adaptadores universais, bem como pen drives com informações médicas para eventuais acidentes.
Isolado, pequeno e desconhecido
O local é tão isolado que só é possível chegar ali de barco, de 15 em 15 dias. Além disso, o arquipélago, dividido em duas rochas, é tão pequeno que seu diâmetro é menor do que dois campos de futebol, e sua parte mais alta atinge apenas 18 metros.
A ilha é aberta somente para pesquisadores e estudantes de oceanologia e biologia marinha. Poucos sabem da sua existência, até mesmo os brasileiros, que possivelmente ouviram sobre o local pela primeira vez após uma fatalidade que foi notícia no mundo: em 2009, o boeing 447 da Air France, que vinha do Rio de Janeiro e contava com 228 passageiros a bordo, caiu a 300 km do arquipélago. A tragédia levantou questões sobre a área, que não é alcançada por nenhum controle aéreo e, por conseguinte, atraiu interesse para a ilha, a qual é o único ponto de terra dos arredores.
Apesar de tudo isso, o Brasil se esforça por manter esse lugar como parte de sua geografia, uma vez que é o único formado a partir do manto terrestre, uma das entranhas mais profundas da Terra. Além disso, a área apresenta potencial petrolífero e de mineração.
O interesse no arquipélago surgiu após a convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar, no caso de ilhas inabitáveis não possuírem direito a uma zona económica exclusiva. Desse modo, em 1998 o Brasil inaugurou a primeira estação científica, garantindo sua exclusividade económica sobre uma área de 450 mil metros quadrados, chamada “Amazónia Azul”.
Essa ilhota prova que tamanho não é documento: são 17 mil metros quadrados muito bem aproveitados e de valor económico e científico inestimáveis. Se o Brasil não a tivesse clamado, é provável que outro país o fizesse.