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Flavescência dourada da vinha debatida em Amares

A Vila de Amares recebeu, no dia 28 de Junho, um seminário com visita de campo, organizado pelo Grupo Operacional Flavescência Dourada Controlo (GO FD Controlo), liderado pelo INIAV — Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, que reuniu cerca de 80 participantes, representantes de parceiros e entidades interessados na temática da doença Flavescência Dourada da vinha.

Esta doença de quarentena foi detectada em 2006 na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, e levou a Autoridade Fitossanitária Nacional a tomar medidas a nível nacional, como o arranque das plantas infectadas, tratamentos obrigatórios contra o insecto vector Scaphoideus titanus e a aplicação de tratamento por água quente aos materiais de propagação vegetativa oriundos de zonas afectadas.

O consórcio foi formado com o objectivo de avaliar a influência de outros hospedeiros existentes nas bordaduras das parcelas de vinha (aillantus – espécie invasora, amieiros – espécie protegida, salgueiros e vitis spp. abandonadas) assim como outros possíveis insectos vectores para além do S. titanus, que possam ter importância na dispersão ou reincidência da Flavescência dourada nas três sub-regiões do Minho (Cávado, Lima e Basto).

Mas também para dotar os serviços oficiais, viticultores e viveiristas de informação científica adicional sobre a epidemiologia da flavescência dourada; desenvolver soluções que ajudem no combate e controlo desta doença causadora de graves prejuízos na produção vitivinícola e reduzir as hipóteses de alastramento da doença para outras regiões vitivinícolas vizinhas.

Detecção precoce

Por outro lado, introduziram-se processos inovadores de monitorização e detecção precoce da presença do insecto vector, através de ‘armadilhas inteligentes’ em campo que possam detectar o S.titanus remotamente e emitir alertas em tempo real para o viticultor. Estas medidas pretendem permitir o aumento do rendimento dos agricultores pela redução do uso de pesticidas, e fornecer à Autoridade Fitossanitária Nacional informação que possa ser processada em recomendações anuais de controlo do insecto vector.

A sessão teve início de manhã no auditório da Câmara Municipal de Amares e a abertura do evento foi presidida pelo vereador Delfim Rodrigues que acompanhou toda a sessão. Dadas as boas-vindas, foi a vez das apresentações dos estudos realizados pelo INIAV em parceria com a Avitilima — Associação dos Viticultores do Vale do Lima e do desenvolvimento das armadilhas inteligentes por parte do INESC TEC.

O auditório, com cerca de 80 participantes na plateia, preparou-se para ouvir a investigadora Esmeraldina Sousa (INIAV), que apresentou a evolução da Flavescência Dourada na região através de mapas elaborados pela investigadora Irene Cadima do INIAV, com base nos Despachos publicados em DR-II Série e contextualizou a temática da Flavescência Dourada (FD) na região e os principais pilares do projecto FD Conrrolo.

Seguidamente, tomou a palavra o engenheiro agrícola Miguel Chaves (Avitilima) para apresentar as metodologias e resultados referentes aos S.titanus. Apurou-se que as armadilhas cromotrópicas amarelas demonstraram ser eficazes para a captura e monitorização do ST relativamente aos métodos por aspiração e batidas. Os tratamentos insecticidas mostraram ser indispensáveis para o controlo da doença na maioria das áreas.

Foram também apresentados os resultados da identificação morfológicas do S.titanus e dos outros potenciais vectores obtidos pela investigadora do INIAV Célia Mateus.

Recomendou-se o alargamento da monitorização às áreas adjacentes às parcelas de vinha, em especial onde existam plantas Vitis spp abandonadas e Ailanthus. Deixou-se ainda a nota aos viticultores que a eliminação destas plantas abandonas deve ser tornada prática cultural essencial.

As investigadoras no INIAV, Paula Sá Pereira e Isabel Calha, apresentaram resultados dos trabalhos referentes à identificação molecular de espécies de insectos vectores e ao levantamento em cada parcela das espécies vegetais que possam ser veículo de propagação da doença assim como a lista de infestantes presentes em cada vinha.

Armadilha inteligente

A última apresentação no auditório esteve a cargo de Lino Oliveira (INESC TEC) que levou o conceito da armadilha inteligente para a monitorização e captura da população do insecto vector. Esta armadilha permite automatizar todo o processo de identificação de insectos na cultura, minimizando as idas ao terreno e, apoiar a detecção precoce.

Está equipada com fita cromática, iluminação artificial, georreferenciação, sensores de temperatura e humidade, captura periódica de imagem, cartão de dados para comunicações e painel solar de alimentação. A armadilha inteligente está conectada a uma plataforma de gestão que, por sua vez, alimenta a informação de uma App móvel que pode ser utilizada por agricultores, investigadores e autoridades competentes.

A parte da manhã da sessão terminou com um debate moderado por Dina Lopes da Consulai, empresa líder em consultoria agrícola, onde houve oportunidade para colocar perguntas e trocar opiniões entre os representantes das entidades parceiras do projecto, os viticultores e as entidades oficiais presentes.

Visita de campo na Quinta do Vilar

Na parte da tarde foi organizada uma visita ao campo, na Quinta do Vilar, com o apoio da Sociedade Agrícola Irmãos Eusébios, na pessoa da sua directora técnica e engenheira agrícola, Maria João Lopes, de forma a visitar a parcela piloto monitorizada durante o projecto, assim como, uma demonstração do funcionamento da armadilha inteligente.

Este grupo operacional, financiando pelo Plano de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, é um bom exemplo da importância da cooperação entre entidades do sector agrícola nacional e parceiros das instituições de investigação, destacando todo o trabalho realizado ao longo dos últimos 5 anos, e a enorme transferência de conhecimento com o objectivo da construção e divulgação de soluções para problemas comuns como é o caso da Flavescência Dourada da vinha, refere a Consulai.

Saiba mais sobre o GO FD Controlo aqui.

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