A produção de carne diminuiu, em média, 1,3% por ano, no período 2010-2014, situando-se em 2014 nas 836 mil toneladas. Esta produção não garantiu a auto-suficiência do País pelo que, em 2014, cerca de 30% do abastecimento foi satisfeito por importações. Esta dependência do exterior traduziu-se num défice de 788 milhões de euros em 2015, cerca de 1/5 do défice da Balança Comercial Agro-Alimentar, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O sector empresarial ligado à produção animal apresentou entre 2010 e 2014 elevadas taxas de investimento, pela necessidade de reconversão das explorações por imposição de legislação da União Europeia (UE), adianta o Instituto.
Os custos de produção com matérias-primas consumidas, representados pelo índice de preço dos alimentos compostos para animais (IPAC), foi responsável por mais de 50% dos custos intermédios das unidades ligadas a este sector; este índice apresentou uma taxa média de variação anual de 6%, o dobro da registada no índice de preços ao produtor.
Crise na suinicultura acentua-se em 2015
A informação já disponível para 2015, aponta para uma deterioração significativa em especial das condições da suinicultura com uma redução significativa do rácio entre o índice de preços ao produtor e o índice dos alimentos compostos para animais.
Na estrutura dos efectivos animais em Portugal para as principais espécies de reses, os ovinos constituíram o efectivo mais numeroso, tendo em 2013 representado 36,3% do total, seguidos dos suínos com 32,4%, dos bovinos (24,7%) e finalmente dos caprinos que representaram apenas 6,7%.
O efectivo avícola contabilizou nesse ano cerca de 29 milhões de cabeças, sendo que os frangos de carne contribuíram com cerca de 60% do total.
Menos explorações agrícolas
Entre 2009 e 2013, a evolução das principais espécies animais foi afectada pela diminuição do número de explorações agrícolas, mais acentuada que o respectivo número de cabeças, situação que reflecte sobretudo o desaparecimento de explorações pecuárias com um número reduzido de efectivos pecuários, diz o INE.
Esta evolução resultou num aumento da dimensão média dos efectivos por cada exploração com animais. Assim, o número médio de bovinos aumentou em média 6 cabeças por exploração (de 29 para 35 cabeças), nos suínos o aumento foi de 38 para 46 cabeças, nos ovinos de 43 para 47 cabeças e nos caprinos registou-se um ligeiro acréscimo (+1 cabeça), com 14 cabeças por exploração em 2013.
A evolução média anual dos efectivos no período em análise (2010-2014) mostra no seu conjunto uma quase manutenção, com uma taxa média de variação anual de 0,3%. No entanto, a análise por espécie permite observar um acréscimo para os bovinos (+0,8%) e suínos (+2,6%), enquanto ovinos e caprinos decresceram 2,2% e 2,3%, respectivamente.
Mais vacas aleitantes
No efectivo reprodutor, particularmente no vocacionado para a produção de carne, observou-se uma variação anual positiva para as vacas aleitantes (+1,1%), sobretudo pelo aumento registado em 2014, já que nos quatro anos anteriores a variação ocorrida não foi significativa. Apesar da crise internacional e da seca ocorrida em 2012, o efectivo bovino de carne manteve-se. Para esta situação contribuíram a falta de alternativas nos sistemas extensivos de sequeiro, que levaram ao declínio da área de cereais e a sua conversão em pastagens, bem como a substituição de ovinos por bovinos de carne, uma vez que este último sistema de produção é menos exigente em termos de maneio e mão-de-obra especializada.
Pelo contrário, as porcas reprodutoras decresceram (-0,7%), assim como as ovelhas de vocação para carne (-2,1%) e as cabras (-2,4%).
Nos ovinos e caprinos, esta evolução negativa foi consistente e sustentada ao longo de todo o período analisado, devido à perda de competitividade das explorações, dificuldades de mão-de-obra e aumento dos encargos com o controlo (sanitário e de identificação animal) dos rebanhos.
Nos suínos, a evolução anual ao longo do período reflectiu o esforço de capacitação das suiniculturas para fazer face aos requisitos da UE em termos das normas mínimas de protecção dos suínos alojados para efeitos de criação e engorda. Desde 2008 que produtores e técnicos têm vindo a adaptar as suiniculturas, no caso particular na reconversão das instalações para porcas reprodutoras, às exigências da UE no domínio do bem-estar animal.
O período de implementação destas medidas coincidiu com o pico da crise económica e financeira que, entre outras condicionantes, levou a um processo de contracção da economia nacional, limitações da intervenção do sector financeiro na oferta de liquidez, reduções da produção e do emprego e quebra de confiança dos agentes económicos, com repercussões na diminuição da procura interna. Esta situação levou ao encerramento de um grande número de explorações suinícolas de menor dimensão.
Decorrido o prazo para implementação dos requisitos de bem-estar animal nas suiniculturas (1 Janeiro de 2013), o aumento do efectivo reprodutor em 2014, justificado pela necessidade de rentabilizar o investimento efectuado nos anos anteriores, parece indiciar um novo ciclo no sector.
O efectivo avícola reprodutor mostrou uma orientação positiva (+0,9%) nos cinco anos em análise. Apesar do decréscimo entre 2010 e 2012, os dois anos seguintes acabaram por mais que compensar a perda do efectivo nos anos iniciais, acrescenta o INE.
No período 2010-2014, Portugal produziu em média 853 mil toneladas de carne. As espécies mais representativas (bovinos, suínos, ovinos e caprinos e aves de capoeira) cobriram cerca de 97% da produção total, sendo a produção das outras carnes (inclui carne de coelho, codorniz, caça, pombo, avestruz) responsável por 2,3% e a carne de equídeos meramente residual (0,05%).
Agricultura e Mar Actual