O CDS-PP apresentou hoje, 22 de Abril, na Assembleia da República um Projecto de Resolução no qual recomenda ao Governo, dentro de limites orçamentais a fixar a criação de uma linha de crédito com, pelo menos, um ano de carência, para fazer face aos encargos adicionais da exploração, aplicável aos sectores animal, vegetal e também à apicultura.
Mas, os centristas não se ficam por aqui e recomendam ainda a criação de uma subvenção a fundo perdido aos produtores pecuários de ruminantes para o apoio à alimentação animal e a isenção ao sector agrícola da taxa de recursos hídricos, relativa ao ano de 2019, garantindo a devolução das verbas aos agricultores que já tenham efectuado a liquidação da mesma.
Apoio às despesas de electricidade
O Projecto de Resolução recomenda também a criação de um apoio excepcional, relativo às despesas de electricidade incorridas pelos agricultores (a denominada electricidade verde), no valor de 40% da factura, incluindo o IVA e a dispensa temporária de pagamento à Segurança Social dos agricultores e diferimento do prazo de pagamento das contribuições das entidades empregadoras, no caso de explorações com perdas de rendimento comprovadas superiores a 30%.
IVA
Outra das recomendações passa pela aceleração do reembolso do IVA pelo Estado, nos casos em que seja solicitado pelo produtor. E os centristas pedem ainda a não aplicação de sanções por incumprimento das densidades previstas nos Planos de Gestão Florestal, por operações de florestação ou de reflorestação.
O CDS quer ainda a não aplicação de sanções por incumprimento dos encabeçamentos mínimos nas diversas ajudas directas e de desenvolvimento rural.
Período de seca
Para os centristas, o território nacional “está, uma vez mais, a atravessar um período de seca. Este fenómeno, que se vai tornando mais regra do que excepção, é recorrente, e afecta de forma muito séria toda a actividade pecuária, agrícola e florestal”.
No Projecto de Resolução, o CDS explica que “é impossível adivinhar na totalidade quais os danos que irão ser causados à agricultura nacional por mais este período de seca, dado que dependem da evolução da seca em termos de extensão territorial, intensidade e duração”.
No entanto, salientam: “não podemos, com base no histórico, deixar de preparar com a devida atenção e, sobretudo, atempadamente um conjunto de medidas que visem apoiar os agricultores”.
Alimentação animal
Os centristas garantem que “existem já prejuízos, nomeadamente na alimentação animal, sendo a região Sul a mais atingida, juntamente com Trás-os-Montes, começando os efeitos da seca a notar-se também na região do Ribatejo”.
E frisam que a “falta de água já está a reflectir-se no rendimento dos produtores, que, devido à redução do pasto, têm que adquirir rações e alimentos grosseiros, como complementos e outros substratos, uma vez que esgotaram mais cedo as reservas que tinham para a fase crítica”.
Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca
“A Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES) reuniu a 20 de Março, determinando várias medidas de prevenção e contingência, mitigação e apoio relativos à seca, o que devia ser um sinal claro ao Governo de que a situação é grave e que urge tomar medidas concretas”, referem os deputados do CDS.
Segundo o índice meteorológico de seca do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), até ao final de Março verificou-se um aumento da área do território em seca severa, situando-se nos 37,5% (quando em Fevereiro era 4,8%), sendo que 45,1% do território estava em seca moderada e 16,8% na classe de seca fraca.
Ainda segundo o resumo do Boletim Climatológico feito pelo IPMA, o mês de Março classificou-se como quente em relação à temperatura do ar e muito seco quanto à precipitação, a média da temperatura máxima do ar foi de 19,24 graus celsius, a terceira mais alta desde 2000.
Abril águas mil?
Acrescentam os centristas que Abril é habitualmente um mês que traz precipitação. No entanto, “estando já decorrido metade do mês, tal não se tem vindo a verificar com a quantidade desejada, sendo que a tendência é para agravar, uma vez que os meses de Maio e Junho são meses tradicionalmente de pouca precipitação e, mesmo que esta ocorra, já não será suficiente para colmatar a situação de seca”.
“Todos os dados indicam assim que, tal como em anos anteriores, se verificará um acréscimo acentuado dos custos de bombagem, pelo que se justifica um apoio excepcional à factura energética, durante o ano de 2019”, justifica o CDS.
Ano pode ficar “dramático”
Em resumo, dizem os centristas, “o ano está a ser muito mau e poderá ficar, rapidamente, dramático, cabendo ao Governo avançar desde já com medidas concretas que visem minorar os efeitos da seca”.
O CDS-PP já por diversas vezes, desde o Orçamento do Estado para 2018, recomendou ao Governo a criação de um Fundo de Emergência para fazer face, “de uma forma ágil e célere, a estas situações fruto das alterações climáticas, financiado pelo Fundo Ambiental, sem que tivesse tido o acolhimento dos partidos que suportam o Governo. De acordo com o PS seria uma redundância, porque o Fundo Ambiental já existe precisamente para estas situações”.
“Julgamos, por isso, que é chegada a hora de o Governo mobilizar verbas do Fundo Ambiental para estas medidas excepcionais que se impõem aplicar”, referem os deputados centristas.
Agricultura e Mar Actual