Os agricultores estão à espera que se cumpra o velho ditado “em Abril águas mil”. Até lá a preocupação com a seca aumenta e a polémica também. Hoje, 27 de Março, em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Alcácer do Sal, Vítor Proença (CDU), criticou o Governo pela “falta de respostas” para enfrentar a seca na bacia hidrográfica do Sado, afirmando que o grupo de trabalho, criado em 2018, não produziu efeito.
O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos não tardou a responder: “autarca de Alcácer do Sal desconhece que o seu concelho já é abastecido por água de Alqueva”.
Níveis da albufeira de Pego do Altar abaixo dos 50%
Com os níveis da albufeira de Pego do Altar, em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, abaixo dos 50% e perante esta “dura realidade”, o autarca comunista reclama “medidas e acções”, porque, segundo diz, “se não chover, não há resposta” para enfrentar os efeitos da seca.
“As barragens são alimentadas pela água da chuva e se não chove não há água para os agricultores. O arroz de Alcácer do Sal representa 30% da produção nacional, o que significa que o país perderá, assim como os agricultores, a economia local, tudo aquilo que o arroz movimenta, mas também as pastagens, o gado e outras culturas”, alertou Vítor Proença.
O autarca queixa-se de que “tem havido uma desvalorização muito grande em relação a esta matéria, designadamente a ligação de Alqueva a estas duas barragens [Pego do Altar e Vale do Gaio], que não é nada de extraordinário e que tem de ser feito”.
Resposta de Capoulas
Em nota de imprensa, o Gabinete de Capoulas Santos afirma que “o Governo lamenta as declarações do presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal relativamente à inexistência de respostas à escassez de água. São declarações infundadas que revelam um desconhecimento que seria fácil de colmatar com reduzido esforço”.
Para o Ministério da Agricultura, “o autarca critica a falta de ligação de Alqueva às barragens de Vale do Gaio e de Pego do Altar, revelando desconhecer que a Barragem de Vale do Gaio está já não só ligada a Alqueva, mas a receber água desta origem desde a passada sexta-feira“.
Polémicas à parte, o Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado (Aparroz), de Alcácer do Sal, já estimou “uma quebra entre 20 e 25%” da área de cultivo de arroz, devido à seca.
Agricultura e Mar Actual