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Agricultores franceses destroem banca de Hollande

Em protesto, algumas dezenas de agricultores franceses inauguraram ontem a exposição agrícola nacional anual, em Paris, destruindo a banca promocional do Governo de François Hollande. Cinco agricultores, membros do sindicato FNSEA, foram presos depois de fazerem voar cadeiras e mobiliério e de vaiar o primeiro-ministro francês e o ministro da Agricultura Stephane Le Foll.

Os agricultores manifestaram-se “para dizer bem alto e claramente, junto a esta banca, que os produtores agrícolas deste país não se sentem como cidadãos”, declarou o secretário-geral do FNSEA Dominique Barreau à rádio francesa RFI.

Hollande, por seu lado, reconheceu que a crise que está a afectar os agricultores tem sido “excepcionalmente dura, excepcionalmente longa e excepcionalmente generalizada”, de acordo com a agência noticiosa AFP. O primeiro-ministro acrescentou que participar e manifestar-se neste contexto de grandes dificuldades é um acto de patriotismo. O Governo francês pondera alterar a lei que define as relações entre produtores e retalhistas, que, segundo François Hollande, favorece os últimos.

Estima-se que mais de 5.000 produtores estão a deixar o sector, por ano. Os ramos mais afectados são os da produção pecuária, especialmente no que toca à carne de porco e de bovinos e ao leite. A crise agravou-se com a queda das exportações para a China e com o embargo da da Rússia aos produtos da União Europeia, mas os agricultores queixam-se também dos preços junto aos produtores dos supermercados, que preferem importar carne mais barata da Espanha ou da Alemanha.

Mais de 600 agricultores suicidaram-se em 2015

Face à queda dos preços, muitos agricultores franceses dizem ser obrigados a trabalhar 70 ou 80 horas por semana, para ganhar cerca de 200 euros por mês. Mais de 10% dos agricultores estão à beira da falência, segundo o Governo, e a situação tornou-se tão difícil que os suicídios entre produtores agrícolas aumentaram. No ano passado, cerca de 600 agricultores morreram desta forma, dizem fontes do sector, citadas pelo site The Local. Laurent Pinatel, porta-voz da organização agrícola Confederation Paysanne, comenta que “eles sentem que não têm futuro”.

Desde 2015, os agricultores franceses têm organizado acções de protesto destinadas a chamar a atenção para as suas dificuldades, incluindo soltar porcos em supermercados, bloquear auto-estradas e estradas com tractores.

“Estou atento a estas chamadas de atenção”, disse Hollande à RFI. “Estou aqui hoje para mostrar que a solidariedade é nacional”, afirmou o chefe do Governo, que pretende a reeleição dentro de 15 meses. As sondagens, no entanto, mostram que a sua popularidade está em queda, assim como a do ministro da Agricultura. Le Foll é “no geral, um mau ministro” para 53% dos franceses questionados pelo jornal Le Parisienne, numa sondagem publicada no sábado.

O Salon de l’Agriculture espera atrair cerca de 700.000 visitantes ao centro Porte de Versailles, ao longo dos nove dias da exposição.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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