O Grupo The Navigator Company receia a nova legislação de limitação e mesmo redução da área plantada de eucalipto. Por isso, está “também a olhar para oportunidades de desenvolver bases florestais fora de Portugal, em Espanha, América Latina e África, que possam mitigar parcialmente o impacto da nova legislação e reduzir o risco do nosso abastecimento”, garante o administrador executivo da empresa, Nuno Santos.
Em entrevista à comunicação da 6ª edição da AgroGlobal – Feira das Grandes Culturas que se realiza de 5 a 7 de Setembro de 2018, em Valada do Ribatejo, Nuno Santos afirma ser “verdade que existe em Portugal muito eucaliptal mal gerido (isto é, com excesso de carga combustível, excesso de biomassa, ou sem cumprir a legislação sobre faixas de segurança), mas a solução não passa por estancar ou mesmo reduzir a floresta de eucalipto em Portugal”.
Para aquele responsável “passa por fazer cumprir a legislação. A solução para a segurança rodoviária não passa por proibir a condução de viaturas na estrada”. “Portugal é o único país da União Europeia que tem vindo a reduzir a sua área nacional de floresta. Esta lei vem contribuir de forma importante para o agravar desta tendência”, acrescenta.
Menos eucalipto, mais área de matos
“Mais grave: ao fomentar a redução de área de eucalipto, ir-se-á promover o aumento da área de matos, que é responsável por 50% da área ardida em Portugal e que não é objectivamente gerida (i.e., não é limpa, etc.)”, realça Nuno Santos.
O administrador executivo do Grupo acredita “firmemente que este novo contexto legislativo irá, mais tarde ou mais cedo, ser corrigido. É uma questão da mais elementar justiça, seja ela social, económica e ambiental”.
Mas diz que, até lá, “não nos resta mais remédio do que acelerar as diferentes iniciativas para, por um lado, fomentar o aumento da produtividade do eucaliptal em Portugal (isto é, conseguir mais volume de madeira por unidade de área plantada) e, por outro lado, fomentar práticas e soluções que reduzam o risco de incêndio em Portugal”.
Moçambique
Entretanto, o Grupo The Navigator Company está já no estrangeiro. Em Moçambique, o Grupo decidiu adoptar uma abordagem mais conservadora e moderar o ritmo de investimento, desenvolvendo o seu projecto de forma faseada, reflexo sobretudo da actual situação económica, social e política em Moçambique.
“Neste momento, estamos essencialmente a desenvolver um projecto de cariz florestal, com uma opção a prazo de desenvolvimento industrial, envolvendo a construção de uma fábrica de pasta de grande escala. Caso venham a estar reunidas as condições essenciais para prosseguir com o projecto (condições essas que estão a ser discutidas actualmente com o Governo de Moçambique), a primeira fase deverá incluir o desenvolvimento de uma operação de produção e exportação de estilha de madeira de eucalipto, orientada sobretudo para o mercado asiático, que deverá ocorrer até 2023, prevendo-se que a eventual segunda fase o investimento numa fábrica de pasta de grande escala ocorra até 2030”, diz Nuno Santos à comunicação da AgroGlobal.
Agricultura e Mar Actual