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Produtores europeus querem controlo do volume de leite em tempo de crise

Os produtores de leite da Europa reiteram a sua exigência na procura de um mecanismo de controlo do volume de leite, capaz de lidar de forma efectiva com situações de crise. E garantem que “ainda não recebem o preço por litro de leite capaz de cobrir os custos de produção” e que os consumidores estão pagar “preços inflacionados pela manteiga”.

O presidente da Aprolep, Jorge Oliveira, participou na assembleia geral do European Milk Board (EMB) realizada a 22 e 23 de Novembro em Hoznayo (Espanha), onde produtores de leite de 14 associações europeias manifestaram o desejo de encontrar um “instrumento” legal dentro da PAC capaz de prevenir futuras crises no sector, através da redução de volume produção em momentos de crise.

Para aqueles produtores, só desta forma é “possível garantir um mercado de lacticínios equilibrado a longo prazo – tal instrumento é uma obrigação”, refere um comunicado da Aprolep.

O programa de redução de volume de leite lançado pela UE no Verão de 2016 teve “um inegável efeito positivo” sobre os rendimentos dos produtores. “O Programa de Responsabilidade de Mercado proposto pelo EMB, que prevê cortes voluntários de produção em tempos de crise, aliado aos limites de volume, deve ser um instrumento permanente e ancorado na Política Agrícola Comum”, afirma Romuald Schaber, presidente da EMB.

Preço do leite não cobre custos de produção

Diz ainda aquele comunicado que, enquanto a imagem da recuperação dos preços do leite é difundida ao nível da comunicação social, “a realidade das explorações leiteiras é bem diferente”.

Os produtores de leite da Europa “ainda não recebem o preço por litro de leite capaz de cobrir os custos de produção. Os maiores lucros realizados pelos produtos lácteos com a gordura do leite são anulados pelos preços extremamente baixos para a proteína do leite”, diz o comunicado.

Os retalhistas “são os que mais beneficiam com a situação de escassez de gorduras lácteas no mercado”, garantem os produtores, acrescentando que os consumidores estão pagar “preços inflacionados pela manteiga e, como já acontece em França, são confrontados com prateleiras vazias. Os produtores, por outro lado, não estão a ver nenhum dos ganhos”.

Para a associação espanhola de produtores de lacticínios OPL, este ano anfitriã da Assembleia Geral do EMB, a situação dos produtores locais de leite é crítica. “Os preços do leite de 31 cêntimos por litro, simplesmente não cobrem os custos de produção. Por dia, cerca de duas explorações leiteiras fecham as portas”, afirma a vice-presidente da OPL, Marta Fernández Nicolás.

Aquela responsável acrescenta que “Espanha é actualmente um dos cinco Estados-membros da UE com os preços mais baixos por exploração, apesar de termos reduzido a produção em quase 40%”. Os produtores de leite europeus concordam que estas crises recorrentes impedem o desenvolvimento das explorações leiteiras a longo prazo.

Leite em pó armazenado

De acordo com Romuald Schaber, o leite em pó, acumulado em armazenamento público, é um aspecto muito problemático no mercado dos lacticínios. A Assembleia Geral do EMB exige de forma inequívoca uma redução nos volumes de intervenção, actualmente de 109.000 toneladas por ano e, simultaneamente, um aumento do preço de intervenção para um mínimo de 30 cêntimos/kg.

A Comissão Europeia “não pode continuar a usar um instrumento que custa dinheiro, mas que quase não traz nenhum resultado e, eventualmente, pode voltar a assombrar os produtores de leite”, refere o mesmo documento salientando que maiores quantidades de leite devem ser intervencionadas apenas “se a procura por produtos lácteos diminuir de forma inesperada, como aconteceu aquando do embargo russo”. “O normal é a produção ser acomodada ao seu potencial de venda, através de um programa de redução de volume, assim que a quantidade fixa tiver sido alcançada”, acrescenta.

Nesta assembleia geral da EMB os presentes também se manifestaram contra a venda de leite em pó desnatado a preços predatórios (dumping) e pediu possíveis usos alternativos para o leite em pó.

“Dada a urgência da situação no sector do leite, pedimos aos decisores políticos que implementem estas medidas o mais rapidamente possível. Caso contrário, os produtores de leite a nível europeu já preparam algumas manifestações para exigirem as suas reivindicações”, refere o comunicado da Aprolep.

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