Na Europa, usam-se mais antibióticos em animais saudáveis do que em pessoas doentes. A conclusão consta de um relatório elaborado a pedido do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. O uso excessivo de antibióticos na agricultura está a criar micróbios resistentes aos medicamentos, avisa o Review on Antimicrobial Resistance.
O relatório reconhece que o uso de antibióticos é essencial para tratar doenças nos animais, tal como acontece com os seres humanos. No entanto, como os antibióticos estão também a ser usados para aumentar a produção alimentar, a sua administração a animais saudáveis, que assim ganham mais peso, põe em perigo a saúde pública. O relatório avisa que até antibióticos de último recurso (medicamentos que, quando falham, não podem ser substituídos) estão a ser usado extensivamente em animais nas explorações agrícolas.
Como salienta Jim O’Neill, o economista que coordena o relatório, ouvido pelo jornal britânico The Guardian, “Isto cria um grande risco de resistências dos micróbios aos antibióticos para toda a gente, como se pode ver na recente descoberta na China da resistência à colistina, um importante antibiótico de último recurso que tem sido usado extensivamente em animais”.
“A maior parte da investigação científica fornece conclusões que apoiam a redução do uso de antibióticos na agricultura. É tempo de os responsáveis políticos agirem. Temos de reduzir drasticamente o uso de antibióticos a nível global, o que significa que os líderes mundiais têm de acordar uma meta ambiciosa para baixar estes níveis e para restringir o uso de certos antibióticos a humanos”, disse O’Neill.
O painel de especialistas analisou 139 estudos científicos, dos quais 100 provavam a existência de uma relação entre a administração de antibióticos a animais e a resistência dos micróbios nos humanos. Nicholas Stern, presidente da The British Academy, acrescenta: “A administração rotineira e regular de antibióticos a animais é extremamente perigosa, criando resistências a medicamentos que são essenciais na medicina moderna e nas nossas vidas quotidianas. É um exemplo clássico de conflito entre os interesses privados de curto prazo e os interesses públicos de médio prazo.”
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