O presidente da Câmara Municipal, o socialista Walter Chicharro, e o presidente da Associação de Armadores e Pescadores da Nazaré, Joaquim Zarro, deslocaram-se, hoje, ao Ministério do Mar, em Lisboa, para entregar as últimas sardinhas pescadas no mar da Nazaré à ministra da Agricultura e do Mar Assunção Cristas, num protesto simbólico, que visou sensibilizar o Governo para negociar melhores quotas de captura para 2016. Os pescadores da Nazaré estão impedidos de capturar sardinha desde o passado sábado.
Em declarações aos órgãos de comunicação que acompanharam a acção, o autarca relembrou as afirmações do secretário de Estado do Mar sobre a sardinha: “mesmo que Portugal capturasse 30 mil toneladas de sardinha num ano, o stock seria recuperado em 2%”, para apelar ao aumento da quota, pois a concretizar-se a recomendação do Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES, na sigla inglesa), para que os totais admissíveis de capturas (TAC) da sardinha em águas ibéricas se limitem às 1.587 toneladas no próximo ano, verificar-se-á uma redução de 90% face a 2015 e um estrangulamento da actividade”.
“Serão atiradas para a miséria cerca de 100 famílias, na Nazaré, que vivem da pesca da sardinha, e verificar-se-á a morte de um conjunto de sectores da economia, ligados à pesca”, afirmou Walter Chicharro, que não compreende os “esforços assegurados por armadores e pescadores decorrentes da implementação do Plano de Acção da Pesca da Sardinha (2012-2015), com o objectivo de assegurar a sustentabilidade do recurso”, para se chegar a uma situação de nova redução das capturas.
Por sua vez, Joaquim Zarro garante que há muita sardinha no mar e que enganaram a ministra Assunção Cristas. “Tenho 50 anos. Posso garantir que há anos que não se vê tanta quantidade de sardinha júnior, ou seja, petinga. Acredito que a sardinha está imensa no mar, mas imensa mesmo. Quem deu essa informação à nossa ministra, enganou a nossa ministra”, disse aos jornalistas o presidente da Associação de Pescadores e Armadores.
A reavaliação do estudo divulgado pelo Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES, na sigla inglesa), em que se recomenda que os totais admissíveis de capturas (TAC) da sardinha em águas ibéricas se limitem às 1.587 toneladas no próximo ano, já tinha sido solicitada pela Câmara Municipal, que alerta para as “dificuldades que se prevêem para todos os pescadores, se o Governo aceitar esta redução”, diz Walter Chicharro.
A confirmarem-se as 15.87 toneladas para 2016 “será a ruína”, afirmou, por seu lado, Joaquim Zarro, que garante “nunca ter existido tanta sardinha, como agora, no mar nacional”.
“A sardinha faz um percurso de Sul para Norte, e se nós não a apanharmos, Espanha e França fá-lo-ão”, disse o armador do cerco, que terminou com um apelo ao Ministério “temos os recursos e os meios, por isso deixem-nos trabalhar mais meses, ao ano”.
Agricultura e Mar Actual