O 11º Fórum para o Futuro da Agricultura (FFA), juntou em Bruxelas, a 27 de Março, 1.200 participantes que apelaram à acção conjunta da sociedade para encontrar soluções concretas a nível mundial para um futuro saudável, através de práticas agrícolas sustentáveis e de produção alimentar saudável.
O FFA é a maior conferência europeia sobre agricultura e é uma iniciativa conjunta da Syngenta, da European Landowners’ Organization (ELO) e da Fundação RISE.
O FFA 2018 reuniu líderes políticos, empresas e representantes da sociedade civil para um debate alargado sobre os grandes desafios actuais da agricultura e da alimentação, num momento em que é necessário agir para pôr em prática os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e em que se inicia um novo ciclo de reforma da Política Agrícola Comum (PAC).
Rainha da Jordânia presente
A Rainha da Jordânia, Nor Al Hussein, conhecida pelo seu trabalho internacional de activista dos Direitos Humanos, proferiu a conferência de abertura do FFA 2018, sublinhando que o Mundo não deve esquecer que a equidade no acesso à tecnologia para produção de alimentos é fundamental para evitar conflitos sociais e combater o fenómeno da subnutrição, que afecta 1 em cada 9 pessoas a nível mundial.
“Devemos transitar para um sistema de produção de alimentos mais eficaz, mais equitativo e mais sustentável, dando mais oportunidades às mulheres e aos jovens”, apelou a monarca.
A este propósito Hilal Elver, representante da ONU para o Direito à Alimentação, afirmou que a insegurança alimentar aumentou 11% a nível mundial, afectando 815 milhões de pessoas, de acordo com o último relatório da ONU, relativo a 2017.
“Os objectivos de desenvolvimento sustentável da ONU — Agenda 2030 — não estão a ser atingidos, porque são demasiado ambiciosos”, afirmou Hilal Elver, defendendo que “precisamos de transitar para sistemas de produção alimentar alternativos, baseados na agroecologia e em soluções climate smart”.
Alterações climáticas
As consequências das alterações climáticas na economia global e na produção de alimentos foram abordadas por vários dos conferencistas. Prevê-se que em 2050 existam 1,4 biliões de refugiados do clima, uma situação que pode e deve ser revertida através de compromissos internacionais envolvendo governos, ONG, investigadores e empresas.
Por sua vez, a presidente da Universidade de Wageningen, Louise Fresco, sugeriu a criação de um Painel Inter-governamental para a Agricultura e Alimentação, com a bênção da ONU e validado pela comunidade científica, que crie consenso político, à semelhança do que já acontece com o IPCC-Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.
“Temos que avançar neste sentido para que no final do século a cadeia de valor alimentar na Europa seja um exemplo para o Mundo”, apelou aquela responsável.
Já Alexandra Brand, responsável global de sustentabilidade da Syngenta, lembrou que o FFA é um palco de troca de ideias sobre estes temas e demonstra como o sector privado está a avançar para a resolução dos problemas, dando o exemplo do The Good Growth Plan da Syngenta.
“O acesso a informação científica aberta e transparente sobre agricultura e alimentação é vital para que todos os cidadãos tenham acesso a alimentos seguros e a preços acessíveis”, disse Alexandra Brand.
A agricultura europeia pode sobreviver sem a PAC?
Na última sessão do dia, os oradores foram convidados a responder à questão: “A agricultura europeia pode sobreviver sem a Política Agrícola Comum?”. Phil Hogan, comissário europeu para a agricultura e desenvolvimento rural, respondeu que a PAC é necessária para que os cidadãos europeus continuem a ter alimentos de elevada qualidade e acessíveis, mas requer uma abordagem mais ambiciosa nos benefícios ambientais que proporciona, tal como maior simplificação e integração das medidas.
“Reduzir o nível de produção agrícola não é o caminho certo para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a solução passa por um novo modelo de Greening, mais adaptado às condições locais de cada Estado-membro, que fixe objectivos e meça os benefícios ambientais alcançados”, afirmou Phil Hogan.
Quanto ao presidente do FFA2018, Janez Potočnik, resume o propósito desta conferência afirmando que “temos o dever de inspirar os líderes mundiais a alcançar um futuro saudável, transformando os nossos modelos agrícolas e económicos e criando uma verdadeira mudança para atingirmos os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”.
Contribuições de todos
Acrescenta aquele responsável que “todos nós, dos agricultores aos consumidores, dos políticos aos empresários, devemos contribuir para uma mudança de paradigma na forma como pensamos e agimos, que nos conduza à segurança alimentar e ambiental”.
Já Thierry de l’Escaille, secretário-geral da European Landowners’ Organization (ELO), disse que “os agricultores europeus estão na linha da frente do que respeita a produzir comida saudável em explorações agrícolas amigas do ambiente. Os nossos associados estão mais do que disponíveis para fazer parte da solução, mas devem ser devidamente recompensados pelo seu esforço. Se a Europa pretende ser mais amiga do Ambiente, deve garantir uma actividade económica próspera no mundo rural”.
Agricultura e Mar Actual