A CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal manifesta surpresa e oposição relativamente às intenções do ministro do Ambiente, no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica, a propósito de uma redução da produção nacional de bovinos entre 25% e 50%.
Para a CAP, esta posição “demonstra falta de conhecimento da realidade da agricultura portuguesa e só pode constituir uma intenção isolada do Ministério do Ambiente no conjunto do Governo”.
Com efeito, dizem os responsáveis pela Confederação, a produção de bovinos em Portugal é sobretudo efectuada em regime extensivo, com uma contribuição para os gases com efeito de estufa “substancialmente inferior à dos sistemas de produção intensivos praticados em outros países”.
“Inclusivamente as pastagens biodiversas existentes no nosso País contribuem precisamente para a fixação do carbono da atmosfera”, garante a CAP.
Política europeia de preservação das raças autóctones
Por outro lado, diz ainda um comunicado da CAP, existe há mais de 30 anos uma política europeia de preservação das raças autóctones, as quais correspondem a um importante património genético da produção de bovinos em Portugal.
Acresce que uma redução da produção de bovinos “teria um impacto muito significativo na produção de derivados de leite, queijo, iogurtes, entre outros produtos, os quais iriam também aumentar as importações nacionais e comprometer o nosso crescimento económico”, realçam os representantes dos agricultores.
Deixar de produzir para importar?
Para além de tudo isto, acrescenta o comunicado, “é naturalmente questionável, do ponto de vista ambiental, que cada país deixe de produzir o que em seguida irá importar de outros países, com uma pegada ecológica provavelmente superior”.
No caso da carne em concreto, os grandes produtores mundiais são o Brasil e a Argentina, o que implica um custo e uma pegada ecológica muito considerável só no que concerne ao transporte, frisa a CAP.
Esta posição do Ministério do Ambiente “constitui uma posição desenquadrada quer da Política Agrícola Comum quer do que têm sido os objectivos gerais do governo em relação à agricultura e à economia de uma forma geral, contribuindo ainda para agravar a situação de despovoamento do interior do País”, considera a CAP.
Para a Confederação, as intenções agora manifestadas pelo ministro do Ambiente relativamente à produção de bovinos “em nada contribuem para a redução da pegada ecológica global e muito pouco para a nacional, além de terem impactos económicos negativos muito relevantes quer para a agricultura quer para o próprio País”.
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