Uma licenciatura em Engenharia Alimentar que inclui mobilidade é a nova aposta dos Politécnicos de Leiria, Bragança e Viana do Castelo. Trata-se de uma licenciatura pioneira no País, que decorre em simultâneo nos três Politécnicos, e que, além da formação científica e técnica de base e da interacção com o tecido empresarial e industrial de cada região, leva os estudantes em mobilidade para aquisição de competências nas áreas em que cada instituição é especialista – lacticínios e vinhos em Viana do Castelo, recursos alimentares marinhos, hortofrutícolas e cereais em Leiria (Peniche), e carnes e azeite em Bragança.
Rui Ganhão, coordenador da licenciatura em Engenharia Alimentar no Politécnico de Leiria, salienta que “a licenciatura responde às necessidades do mercado, que carece de oferta de mão-de-obra especializada em Portugal”. Terá uma duração de três anos, e envolve, no primeiro ano, preparação geral base na instituição de origem, e nos três semestres seguintes, mobilidade dos estudantes, para aquisição de competências nas áreas específicas de cada região/instituição. “Trata-se de uma licenciatura que tem como suporte a metodologia de project based learning, que pretende que haja uma participação activa na aprendizagem, e por isso, eminentemente prática”, explica o docente.
Com o modelo de mobilidade criado, pretende-se alargar e optimizar o processo de aprendizagem, beneficiando da excelência de cada instituição no que respeita às diferentes tecnologias sectoriais que a licenciatura abrange: tecnologias de lacticínios, dos vinhos e outras bebidas alcoólicas, leccionadas no terceiro semestre na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Viana do Castelo; tecnologias dos recursos alimentares marinhos, hortofrutícolas e cereais, leccionados no quarto semestre na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Politécnico de Leiria (em Peniche); e tecnologias de carnes e produtos cárneos, azeite, azeitona e óleos vegetais, leccionados no quinto semestre na Escola Superior Agrária do Politécnico de Bragança.
Último semestre é de regresso ao Politécnico de origem
Durante a mobilidade, o alojamento dos estudantes fica a cargo da instituição receptora. No sexto e último semestre da licenciatura os estudantes regressam à instituição de origem, por forma a interagirem, no âmbito de estágio ou projecto, com o tecido empresarial regional, no desenvolvimento de produtos ou processos adequados às necessidades do mercado.
Rui Ganhão, refere que a formação resulta da procura e necessidade do mercado e da indústria alimentar, “seja para desenvolvimento, implementação, melhoria e gestão de processos de transformação, conservação, controlo da qualidade, e distribuição de produtos alimentares, seja na implementação de sistemas de gestão da segurança alimentar, ou em termos de inovação e pesquisa de formas alternativas de aproveitar os produtos alimentares, materializada na já longa e profícua relação das Escolas com a indústria, e no seu contributo para a invenção de novos produtos alimentares”.
“Os estudantes só têm a ganhar em apostar nesta área emergente, que necessariamente crescerá nos próximos anos, além de ganharem uma formação solida em áreas da indústria alimentar típicas do nosso país in loco”, acrescenta o responsável. “Trata-se de uma formação cuidadosamente preparada por três instituições de ensino superior, com um know-how agregado absolutamente diferenciador, e que conta com o apoio da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) e da Associação do Cluster Agroindustrial do Centro (InocCluster)”.
A licenciatura tripartida em Engenharia Alimentar entra em funcionamento já em Setembro, sendo as provas de acesso um dos seguintes pares: Matemática/Física e Química ou Matemática/Biologia e Geologia (em aprovação).
O Politécnico de Leiria e o Politécnico de Viana do Castelo abrem também no próximo ano lectivo o mestrado em Engenharia Alimentar, que permitirá o prosseguimento de estudos na área.
Agricultura e Mar Actual