A Plataforma Transgénicos Fora (PTF) está a criar um sistema de certificação nacional, em que os produtos certificados irão poder usar o rótulo oficial para identificar que não recorreram a Organismos Geneticamente Modificados (OGM) na sua produção. Um processo semelhante ao da certificação biológica.
Uma iniciativa para a qual a PTF pede ajuda financeira aos consumidores em geral, no valor total de 10.000 euros, através de crowdfunding. A contribuição pode ser feita aqui, a partir de 5 euros.
“Ovos, carne, peixe, lacticínios são muito frequentemente produzidos com soja e milho transgénico mas essa informação não está disponível para o consumidor. A Plataforma Transgénicos Fora já lutou para que esses produtos fossem devidamente rotulados no que diz respeito aos OGM mas não teve sucesso. Assim, vai avançar com uma rotulagem voluntária” com a qual pretende alertar para a “existência de transgénicos na nossa alimentação; ajudar o consumidor a escolher produtos sem transgénicos; pressionar os produtores e comerciantes a rejeitar os OGM; e promover uma alimentação livre de transgénicos”.
Explica a Plataforma que os OGM “só continuam a entrar na nossa alimentação porque há muitos produtos, como a maioria dos produtos pecuários, que não são rotulados. Este rótulo irá consciencializar os consumidores e causar uma grande pressão sobre produtores e comerciantes”.
“Os transgénicos são seres vivos criados artificialmente em laboratório que vêm trazer muitos perigos desnecessários. Perigos de saúde para as pessoas, desequilíbrios para a Natureza, impactos para a agricultura convencional e biológica devido à contaminação e aparecimento de novas pragas, além de prejuízos para a economia pelo aumento do controlo corporativo sobre a alimentação – entre outros”, acrescenta a PTF.
A Plataforma Transgénicos Fora conta já com mais de 16 anos e é composta por 11 associações e inúmeros voluntários.
Recompensas pelas contribuições
Quanto às ajudas a esta iniciativa, são brindadas com recompensas. Por exemplo, uma contribuição de 5 euros dá direito a um postal digital de agradecimento enviado por email e ainda um muito obrigado na página de Internet e de Facebook do Projecto. Um apoio de de 15 euros dá direito a um saco de compras de alças, em juta biológica e de comércio justo, com portes de envio incluídos. Já com uma contribuição de 25 euros consegue um almoço com alimentos biológicos confeccionados por uma apaixonada e pioneira da culinária eco-alternativa. O almoço será a um domingo, no início de Julho e em Lisboa.
Por 30 euros, o apoiante desta iniciativa pode levar para casa uma T-shirt de algodão biológico e de comércio justo, com várias cores, modelos e estampagens à escolha.
Para os mais abonados, que contribuam com 160 euros ou mais, têm direito a escapadinhas rurais e urbanas, tais como 2 noites para duas pessoas na Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo, na Casa das Virtudes, no Porto, ou na Tapada da Tojeira, em Vila Velha de Ródão. Ou, se preferir, pode escolher uma tarde com um apicultor em Tomar, com visita a uma melaria, às colmeias e degustação de vários produtos.
Agricultura e Mar Actual
“Os transgénicos são seres vivos criados artificialmente em laboratório que vêm trazer muitos perigos desnecessários. Perigos de saúde para as pessoas, desequilíbrios para a Natureza, impactos para a agricultura convencional e biológica devido à contaminação e aparecimento de novas pragas, além de prejuízos para a economia pelo aumento do controlo corporativo sobre a alimentação”.
Todas estas afirmações são falsas. Este grupo apenas pretende continuar a utilizar a confiança das pessoas em geral para angariar fundos para continuar a mentir acerca de uma tecnologia que é utilizada para a produção de produtos seguros e menos prejudiciais ao ambiente, tal como se pode verificar pelas declarações de Academias das Ciências da Europa, dos Estados Unidos e de diversos países, da EFSA e da FAO e mesmo do Vaticano.
É ainda curioso que este grupo continue nesta campanha mentirosa, quando nada diz, por exemplo acerca das roupas de algodão, que são maioritariamente produzidas com algodão de variedades melhoradas com esta tecnologia, ou que nada se refira por exemplo à insulina utilizada atualmente, que é toda produzida por bactérias geneticamente modificadas com o gene humano da insulina, ou à utilização de enzimas produzidas por fungos geneticamente modificados e utilizadas na produção de pão (e são apenas alguns dos exemplos do uso da tecnologia no nosso dia-a-dia).
A carne, os ovos e o leite de animais alimentados com rações provenientes de variedades melhoradas com recurso à Engenharia Genética não são, por isso, transgénicos! Não existe qualquer transmissão de genes das rações para os animais que as consomem! E está verificado que estes animais são tão saudáveis como os restantes, não apresentando qualquer risco adicional para a saúde de quem os consome.
Acresce que é impossível fazer qualquer prova sobre um “rótulo para identificar que não recorreram a Organismos Geneticamente Modificados (OGM) na sua produção”.
A afirmação de que o rótulo será “oficial” é obviamente falsa e só tem como finalidade atrair atenção e financiamento, pois nunca será possível fazer uma rotulagem de produtos dsobre algo que não possa ser fiscalizável.
Pedro Fevereiro – Centro de Informação de Biotecnologia