O projecto Alentejo Circular constitui uma parceria entre o Grupo ISQ e a Universidade de Évora (UE) e foi lançado oficialmente dia 14 de Dezembro, no Auditório do Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA), em Évora.
Este tem como objectivo sensibilizar e mobilizar os agentes económicos do Alentejo nas fileiras do azeite, vinho e suinicultura para a adopção do modelo da economia circular e seus benefícios. Este projecto insere-se no Sistema de Apoio a Acções Colectivas de Qualificação, no âmbito do PT 2020, teve início em Novembro de 2016 e culminará em Novembro de 2018.
O ISQ será o coordenador do projecto devendo, em parceria com a UE, caracterizar as fileiras em questão em matéria de boas práticas na utilização eficiente de recursos e reutilização de resíduos, identificar as melhores técnicas e tecnologias e disseminar amplamente esta informação para as empresas do sector, através da promoção de sessões de informação, sensibilização e networking entre empresas.
Com o Alentejo Circular pretende-se promover o interesse e a sensibilização dos agentes para esta temática, empreender uma primeira abordagem às barreiras e oportunidades identificadas e estabelecer as condições de base para a realização de futuros projectos de economia circular.
Aproveitar resíduos orgânicos
No Alentejo, esta temática tem sido aplicada de forma crescente ao nível do sector agro-alimentar, dado o seu potencial para a “circularidade” em função do elevado volume de resíduos (orgânicos) gerados e de alguma tradição no seu reaproveitamento. Contudo, na região, “a valorização dos resíduos, apesar de ter sofrido uma grande evolução ao longo dos anos, está ainda longe da situação ideal, resultado de algumas barreiras e constrangimentos para a adopção de práticas de economia circular”, diz fonte do ISQ. Por isso, o ISQ e a Universidade de Évora decidiram desenvolver este projecto, destinado a empreender uma primeira abordagem às barreiras identificadas – de cariz legal, económico, técnico ou social – e a promover o interesse e a sensibilização dos agentes económicos locais para esta temática de elevada importância e actualidade.
Neste sentido, o ISQ e a Universidade de Évora irão proceder a um diagnóstico actual da circularidade nas fileiras do azeite, vinho e suinicultura, como ponto de partida para o projecto e para a mobilização do tecido económico regional. Depois, seguir-se-á a identificação de boas práticas na área da economia circular – a nível nacional e internacional – para que se possam caracterizar e quantificar recursos e resíduos, com o intuito de completar o conhecimento quanto a ciclos de valorização, demonstrando os benefícios da adopção do modelo de Economia Circular.
Ao transferir conhecimento de tecnologias e metodologias associadas pretende-se facilitar a interacção entre as empresas e o sistema científico e tecnológico na área da Economia Circular, tendo em vista a troca de experiências sobre utilizações alternativas de recursos e a exploração de sinergias.
“Em suma, o objectivo é alertar a comunidade empresarial para as ineficiências do modelo económico linear e contribuir para suscitar o seu interesse pelo modelo económico circular”, refere a mesma fonte.
Economia Circular
O conceito de economia circular constitui uma resposta ao desejo de um crescimento sustentável no contexto da pressão crescente que a produção e o consumo exercem sobre o ambiente e os recursos mundiais. Até à data, a economia tem funcionado sobretudo com base num modelo linear de «recolha, produção e eliminação», segundo o qual todos os produtos alcançarão inevitavelmente o seu «fim de vida útil». A produção de alimentos, a construção de infra-estruturas e casas, o fabrico de bens de consumo ou o fornecimento de energia utilizam materiais valiosos. Quando estes produtos se esgotam ou deixam de ser necessários, são eliminados como resíduos.
No entanto, o crescimento demográfico e o aumento da riqueza tornam a procura de recursos escassos maior do que nunca, conduzindo à degradação ambiental. Os metais e minerais, os combustíveis fósseis, os géneros alimentícios e os alimentos para animais, bem como a água potável e os solos férteis tornaram se assim mais dispendiosos. Na UE, cada pessoa utiliza cerca de 15 toneladas de materiais por ano, enquanto cada cidadão da UE gera anualmente, em média, mais de 4,5 toneladas de resíduos, sendo quase metade destes depositada em aterros. A economia linear, que depende exclusivamente da extracção de recursos, deixou de ser uma opção viável. A transição para uma economia circular redirecciona o foco para a reutilização, reparação, renovação e reciclagem dos materiais e produtos existentes. O que era visto como «resíduo» pode ser transformado num recurso.
A economia circular pode assim criar novos mercados que respondam às mudanças nos padrões de consumo que se afastam do conceito de propriedade tradicional, evoluindo no sentido da utilização, reutilização e partilha de produtos, e contribuindo para a criação de mais e melhores empregos. A Europa já preparou o terreno para esta transição: «Uma Europa eficiente em termos de recursos» é uma das iniciativas emblemáticas no quadro da estratégia «Europa 2020» que coordena acções em muitas áreas políticas para garantir o crescimento sustentável e a criação de emprego através de uma melhor utilização dos recursos.
Refira-se que o Grupo ISQ é a maior organização privada tecnológica de prestação de serviços com sede em Portugal. Fundado em 1965, hoje actua em mais de 20 países espalhados por 4 continentes. Dedica-se à prestação de serviços de inspecção, ensaio, formação e consultoria técnica. Nos últimos 50 anos, contribuiu para a construção da maioria das unidades industriais portuguesas, em áreas tão variadas como a construção de centrais de energia térmica ou eólica, refinarias, petroquímicas, papeleiras, ou o alargamento da Ponte 25 de Abril.
Agricultura e Mar Actual