As previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 31 de Maio, apontam para uma campanha das prunóideas muito produtiva, com rendimentos unitários (3,2 toneladas por hectare para a cereja e 12,5 toneladas por hectare para o pêssego) ao nível dos melhores das últimas décadas.
Em contrapartida, nos cereais de Inverno, o tempo quente e seco em Março foi determinante para a redução das produtividades face às da última campanha, variando entre os -10% no trigo mole e cevada e os -15% no trigo duro, triticale e aveia.
Culturas de Primavera/Verão
Quanto às culturas de Primavera/Verão, os técnicos do INE salientam a diminuição em 5% da superfície de arroz, sobretudo devido à redução da área instalada nos campos da bacia hidrográfica do Sado (aproximadamente menos 900 hectares, face a 2018), consequência dos baixos níveis das reservas hídricas das albufeiras da região.
Também a área de milho deverá diminuir 5% e a de girassol 15%. Pelo contrário, prevê-se um aumento de 4% na área plantada de batata, essencialmente como resposta ao aumento do preço pago ao produtor, e de 2% na área de tomate para a indústria, praticamente já toda instalada.
Maio muito quente e extremamente seco
O mês de Maio caracterizou-se, em termos meteorológicos, como muito quente e extremamente seco. Foi o sétimo mais quente desde 1931, com uma temperatura média do ar de 18,1ºC, o que corresponde a um desvio de +2,4ºC face à média (1971-2000).
Também as temperaturas máximas foram muito elevadas, em particular no final da primeira quinzena e a partir do dia 21, com um registo de uma onda de calor entre o dia 22 e o final do mês, em praticamente todo o território.
Precipitação
Quanto à precipitação, o valor médio de 13,3mm posiciona este maio como o sexto mais seco dos últimos oitenta e oito anos, tendo chovido apenas 19% do valor normal mensal.
No final de Maio, e de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI, verificou-se um aumento da área e da intensidade da seca meteorológica face ao mês anterior: cerca de 98% do território encontra-se em seca meteorológica (58% em abril), sendo que nas classes mais intensas (extrema e severa) encontra-se 30,4% do território (3,7% em abril).
Estas condições meteorológicas permitiram a realização dos trabalhos agrícolas sem constrangimentos. Foram benéficas para o corte e secagem das forragens destinadas a fenos e, de um modo geral, para os trabalhos de preparação da instalação das culturas de Primavera.
Necessário antecipar o início das regas
No entanto, e em especial nas regiões a Sul do Tejo, devido às elevadas temperaturas e aos ventos fortes e secos, foi necessário antecipar o início das regas e/ou reforçar as suas dotações, quer nas culturas temporárias quer nas permanentes, com implicações nos custos de produção.
Quanto às reservas hídricas no final de Maio, o volume de água armazenado nas albufeiras de Portugal continental encontrava-se nos 71% da capacidade total, próximo do valor registado no final do mês anterior, mas mantendo-se ainda abaixo do valor médio de 77% (1990/91-2017/18).
Agricultura e Mar Actual