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Zero: futuro da Central do Pego “não deve passar por queimar biomassa” pondo em causa mitigação das alterações climáticas

Uma das soluções preconizadas para a central do Pego é o recurso à queima de biomassa. “Trata-se de uma solução ineficiente e contraditória com os objectivos de retenção do carbono na floresta e no solo e não se traduz numa significativa mais-valia face a outras soluções de mitigação climática”. Quem o diz é a direcção da Zero — Associação Sistema Terrestre Sustentável.

As declarações surgem depois de ontem, dia 20 de Novembro, ter sido o primeiro dia de produção de electricidade onde a queima de carvão deixou de fazer parte das opções na produção de electricidade em Portugal. Apesar de licenciada para funcionar até 30 de Novembro, a Central Termoeléctrica do Pego esgotou o stock de carvão que tinha na passada sexta-feira.

A Zero defende que a concessão do ponto de ligação da Central do Pego deverá ter em consideração “somente projectos que resultem da utilização de fontes de energia verdadeiramente renováveis e que de forma alguma se coloque a possibilidade de recurso a biomassa, tendo em consideração que esta não é, nem será de forma alguma renovável e face à escassez de biomassa residual florestal em território nacional”.

Em comunicado, a Zero duvida mesmo que “haja biomassa florestal residual suficiente para alimentar um eventual projecto de conversão da central do Pego considerando que num raio de intervenção de 80 km são já inúmeras as centrais de biomassa e indústrias florestais que competem pela matéria florestal residual”.

Mais ainda, “o espírito da proposta recente da Comissão Europeia de Julho de 2021 que faz parte do pacote “Preparados para os 55” é de que “a partir de 31 de Dezembro de 2026, (…) os Estados-membros não podem conceder apoio à produção de electricidade a partir de biomassa florestal em instalações exclusivamente eléctricas”, realça a direcção da Associação.

Planear antecipadamente uma transição energética justa

Apesar de licenciada para funcionar até 30 de Novembro, a Central Termoeléctrica do Pego esgotou o stock de carvão que tinha na passada sexta-feira. Para a Zero, esta data histórica em que se “deixa de utilizar em Portugal o combustível mais poluidor em termos de emissões de gases com efeito de estufa causadoras das alterações climáticas, antecipando um objectivo que estava inicialmente traçado para 2030, não deixa de ser um alerta para a necessidade de planear antecipadamente e assegurar uma transição energética justa para o País rumo à neutralidade carbónica em 2050 ou desejavelmente antes”.

Mas, realça ser “fundamental garantir o enquadramento dos trabalhadores directa e indirectamente afectados, para além da promoção de soluções que não ponham em causa os ganhos ambientais conseguidos”.

“Deixar de usar carvão na produção de electricidade é um elemento crucial da descarbonização que recebeu destaque e foi polémico na COP26 que terminou no passado fim-de-semana pela recusa de alguns países em terminar com o uso deste combustível” frisa a Zero.

Central a carvão de Pego

Segundo o mesmo comunicado, “durante muitos anos, a Central Termoeléctrica do Pego foi a segunda maior responsável pelas emissões de dióxido de carbono em Portugal a seguir à Central Termoeléctrica de Sines cujo encerramento ocorreu em Janeiro deste ano”.

“Entre 2008 e 2019, a Centro do Pego representou, em média, anualmente, 4% das emissões totais nacionais de gases com efeito de estufa (GEE), variando entre 1,6 e 5,3 em função da produção realizada (2019 é o último ano com emissões totais nacionais disponíveis). Em termos absolutos, a média anual foi de 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente”, diz a direcção da Zero.

Com a retirada agora consumada das duas centrais a carvão (Sines e Pego), “Portugal deverá registar uma enorme quebra de emissões de carbono, dado que o recurso a centrais de ciclo combinado a gás natural, caminho temporário para uma solução 100% baseada em fontes renováveis, se traduz em emissões de pouco mais de um terço por cada unidade de electricidade produzida em comparação com o carvão”.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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