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Ydreams, António Câmara: “Jovens startups nunca peçam crédito bancário”

António Câmara, professor na Universidade Nova de Lisboa (UNL), cientista com a atribuição de um Prémio Pessoa, fundou a Ydreams. A empresa tecnológica foi serviu a Portugal de bandeira da vanguarda, mas hoje está a passar por um Plano de Revitalização Especial (PER) para negociar com os credores uma via alternativa para o pagamento das dívidas.

Em entrevista à StartUp Magazine, António Câmara mostra que não baixou os braços. Autonomizou as várias unidades de negócio, reforçou a actividade no estrangeiro e está a iniciar um processo de entrada em Bolsa.

A Ydreams foi conhecida por ser uma das mais inovadoras no plano tecnológico e mesmo apresentada como uma empresa bandeira de Portugal. O que levou aos actuais problemas?

Houve vários problemas que nos afectaram em Portugal. Em primeiro lugar, é importante referir que a Ydreams não é uma empresa, mas um grupo de empresas, e há várias que nem sequer estão em Portugal. Os problemas apareceram sobretudo numa delas, a Ydreams Portugal. E esses problemas resultam de vários factores, primeiro de tudo é que nós estivemos sempre à frente do tempo. A melhor forma de verificar isso é ver o portal da Engadget e verificar que as áreas onde trabalhávamos ainda não chegaram à maturidade em termos de mercado. Estivemos sempre à frente do tempo e quando se está á frente do tempo tem de se ter os recursos financeiros para esperar enquanto nós estávamos a desenvolver as plataformas e as tecnologias de base. Desenvolver projectos não era o único modelo de negócio único da Ydreams , era o modelo de negócio que tínhamos para conseguir esperar que as tecnologias que tínhamos e as plataformas que estávamos a desenvolver chegassem à maturidade. Apesar de estarmos a consegui-lo, o maior drama foi a crise. Quando a crise chegou tínhamos 160 pessoas e uma carteira de encomendas que daria para a empresa sobreviver, que foi reduzida. Portanto, havia várias opções e nós optámos por não desistir e continuar e seguir um modelo diferente em que começámos de facto a autonomizar empresas. Sabíamos que muitas dessas empresas continuavam ainda com tecnologias longe do mercado, e apostámos no exterior, nomeadamente no Brasil, na Ydreams Brasil, e também nos Estados Unidos, onde temos uma participação na Audience Entertainment.

Mas, para que outros empreendedores não caiam na mesma situação, que erros foram cometidos?

Vários erros foram cometidos. Devíamos ter partido para uma segunda ronda de investimento, mas avançámos para o crédito bancário, por nos parecer um processo mais rápido. Foi o nosso erro. Para ultrapassar o problema decidimos autonomizar as áreas de negócio em várias empresas e avançar para Bolsas especializadas em empresas tecnológicas.

Que conselhos daria um jovem empreendedor para que não cair nos mesmos erros?

Nunca pedir crédito bancário. É o conselho que dou às novas startups. Nunca. Usem os aceleradores. As incubadoras, tudo o que têm disponível e que nós não tínhamos quando avançámos. Aproveitem tudo, mas não recorram ao crédito bancário. Hoje sabe-se muito melhor como é que se fazem startups, como é que se desenvolvem. E uma das componentes que pode ajudar – e tem ajudado algumas empresas portuguesas – é ir para aceleradores de topo, como a Y Combinator. Há inúmeros, há aceleradores especializados em hardware, por exemplo. Acho que o crowdfunding é importante, dá uma exposição brutal. Nós, nas duas operações que fizemos, tivemos uma exposição gigantesca. Por exemplo, o Printoo [plataforma de impressão de protótipos electrónicos] chegou a 6 milhões de contas no Twitter, só com o artigo do TechCrunch, a partir dai é tudo muito mais fácil, os investidores vêm ter connosco, os aceleradores vêm ter connosco, as lojas, etc. O mundo está diferente. Repare que nestes últimos anos o sistema do mundo tecnológico ficou muito parecido com o do futebol. Nós já temos cinco agentes, tal como se fossemos um jogador de futebol. E não fomos à procura de ninguém, são eles que vem ter connosco. Isto é incrível.

Pode continuar a ler a entrevista aqui.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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