“As vinhas europeias utilizam 1,8% da superfície agrícola utilizada [SAU] total, mas representam 20% do consumo total de produtos fitofarmacêuticos” na União Europeia (UE). O alerta é de João Onofre, chefe da Unidade dos Vinhos, Bebidas Espirituosas e Hortícolas da Comissão Europeia.
Aquele responsável, em artigo publicado na edição 24 da revista Cultivar, do GPP — Gabinete de Planeamento Políticas e Administração Geral, acrescenta que a “União Europeia é o principal produtor mundial de vinho, representando 45% das zonas vitícolas mundiais, 65% da produção, 57% do consumo mundial e 70% das exportações mundiais. O sector vitivinícola é responsável por 3 milhões de postos de trabalho directos na UE”.
E diz que, “uma vez ganho o desafio da competitividade, a sustentabilidade e a resposta às preocupações dos cidadãos em matéria de ambiente, alimentos e saúde constituem os principais desafios para o sector vitivinícola europeu nos próximos vinte anos”.
Cobre, o fungicida
“Desde o último trimestre do século XIX, o cobre tem sido o principal fungicida. Há mais de 150 anos que as vinhas europeias estão poluídas pela utilização ilimitada de produtos de cobre, em alguns anos até níveis de 70-80 kg/ha. O cobre é um metal altamente tóxico, que pode ter impactos na poluição das águas subterrâneas, na biodiversidade e na saúde humana”, escreve ainda João Onofre.
E refere que, na sequência de um relatório de 2018 da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), “foram impostas, desde 1 de Janeiro de 2019, fortes limitações à utilização do cobre na agricultura, igualmente aplicáveis à agricultura biológica (aplicação total de um máximo de 28 kg de cobre por hectare num período de 7 anos)”.
Actualmente, acrescenta o chefe da Unidade dos Vinhos, Bebidas Espirituosas e Hortícolas da Comissão Europeia, “o cobre continua a ser um dos instrumentos essenciais para controlar doenças importantes na viticultura biológica, mas deixou de ser um dos principais princípios activos na viticultura convencional, uma vez que a indústria agroquímica desenvolveu outros princípios activos mais eficazes”.
Pode ler a edição Nº 24 da Cultivar aqui. E a separata “Panorama da vinha e do vinho” aqui.
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