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UNAC: acácias são fortemente invasoras por regeneração natural, os eucaliptos não

A UNAC – União da Floresta Mediterrânica reage às várias notícias que têm surgido na comunicação social sobre o risco associado à regeneração natural de eucalipto em áreas ardidas. E garante que “as acácias são fortemente invasoras por regeneração natural e os eucaliptos não, conforme o demonstram os milhares de hectares de acacial disperso de Norte a Sul de Portugal enquanto, no eucalipto, os milhares de hectares existentes provêm exclusivamente de plantações“.

Mera demagogia, aproveitamento da desinformação existente e da boa-fé dos portugueses

Num comunicado de imprensa, intitulado “Regeneração natural de eucalipto. Problema ou desinformação?”, a direcção da UNAC diz que os eucaliptos e as acácias “apesar de terem por origem a mesma região geográfica (Oceânia), apresentam comportamentos distintos em termos de regeneração natural e crescimento”.

O eucalipto regenera naturalmente? A resposta é sim, claro que regenera naturalmente como todas as espécies florestais o fazem. Essa regeneração tem carácter invasor e elevada capacidade de sobrevivência? Aqui a resposta é NÃO!“, salientam os responsáveis daquela organização.

Eucalipto não faz colonização extensiva de territórios

As principais razões porque a propagação seminal do eucalipto não permite a colonização extensiva de territórios adjacentes a povoamentos de eucalipto, contrariamente a outras espécies, como por exemplo o pinheiro-bravo, são, segundo a UNAC:

  • a semente do eucalipto não tem mecanismos de dispersão eólica, pelo que o raio da sua dispersão relativamente à árvore progenitora é muito limitado — apenas em encostas de forte declive essa dispersão poderá ter alguma extensão;
  • o vigor vegetativo das plantas resultantes da propagação seminal não é elevado, sendo muito inferior ao das plantas obtidas por propagação vegetativa em viveiro, o que as torna bastante mais susceptíveis às eventuais adversidades ecológicas da estação;
  • as jovens plantas resultantes da propagação seminal entram muito rapidamente em forte competição e, dado o carácter extremamente intolerante da espécie, os indivíduos dominados são eliminados muito precocemente — os que sobrevivem são eles próprios dominados pela vegetação arbórea existente, seja ela da mesma espécie ou de outra.

Aproveitar o valor económico do eucalipto

Por outro lado, considerando o valor económico da espécie, “caso existissem situações de regeneração natural bem conseguida do eucalipto, faria sentido para os proprietários florestais o seu aproveitamento e a condução e exploração desses povoamentos – como se faz com outras espécies, como o pinheiro bravo, o pinheiro manso ou o sobreiro“, refere a organização que representa os interesses dos produtores florestais do espaço mediterrânico português junto das instituições nacionais e europeias.

“Áreas ardidas em localizações propícias a este fenómeno não faltam anualmente em Portugal, infelizmente. Nunca isto no entanto aconteceu no passado de forma generalizada, porque essa regeneração natural ocorre em áreas limitadas, com características muito particulares e baixo potencial de crescimento”, frisa a UNAC.

Preocupação dogmática e incorrecta

Para a direcção daquela organização, a “preocupação não é realmente sobre a regeneração natural e a gestão futura dessas áreas é apenas uma preocupação dogmática e incorrecta sobre a espécie florestal que pretendem que seja proscrita que é o eucalipto”.

Diz ainda a UNAC que o ordenamento e a compartimentação do espaço florestal “diminuindo a continuidade de espécies florestais de elevada inflamabilidade são soluções propostas por todos os peritos em incêndios florestais desde há muitos anos”.

Por isso, dizem, “afirmar que a regeneração natural de eucaliptos tem expressão na sua contribuição para esta continuidade é mera demagogia, aproveitamento da desinformação existente e da boa-fé dos portugueses”.

O eucalipto (…) é importante (…) enquanto espécie melífera, devido à floração no Inverno quando há escassez de flores para as abelhas.

Os esclarecimentos da UNAC:

Explica a direcção da UNAC que o eucalipto foi introduzido em Portugal entre os anos 1850-70, com maior utilização nas plantações a partir da década de 50 do século passado e sustenta uma fileira relevante a nível nacional quer para o sector primário, como para o secundário e terciário.

Por outro lado, diz, o eucalipto glóbulo, é uma espécie folhosa que tem como principal produto a madeira, para produção de pasta para papel, “mas também é importante nomeadamente enquanto espécie melífera, devido à floração no Inverno quando há escassez de flores para as abelhas”.

“A regeneração natural corresponde à capacidade das plantas se disseminarem naturalmente e pode ocorrer através das sementes, dos rebentos de raiz e/ou do cepo”, diz ainda a UNAC.

União definir posições comuns

A UNAC – União da Floresta Mediterrânica representa os interesses dos produtores florestais do espaço mediterrânico português junto das instituições nacionais e europeias, através de uma estratégia de intervenção de cariz técnico-político.

Acompanha e analisa todos os processos e iniciativas com relevância e interesse para os seus associados, como é o caso das políticas rurais, florestais, ambientais e fiscais.

Através da UNAC, as organizações de produtores florestais do espaço mediterrânico definem posições comuns sobre temas estratégicos e transversais, desenvolvendo contributos e participações válidas, construtivas e tecnicamente fundamentadas. Tem uma área territorial de influência de dois milhões de hectares.

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7 comentários

  1. Estão a falar a sério? Penso que estão mal informados. Observem as zonas onde existem eucaliptais, na região centro, que foram alvo de incêndio. Quando voltar aos sítios trago fotos para partilhar.

  2. Com todo o respeito, mas este artigo foi escrito por alguém que nem sequer tem noção do que fala. Como é que alguém que escreve isto pode fazer parte da UNAC ? Este país está mesmo entregue aos bichos.

  3. UNAC? Mais parece um comunicado pela mão da Navigator…

  4. Obrigado UNAC, passem aqui para levantar o cheque
    Ass: Navigator

  5. DA ZONA DE ONDE SOU E EXISTE ESSA PRAGA DE ACACIAS E EM 2003 EXISTIU LÁ UM GRANDE INCENDIO NOS CONSELHOS DE NISA ,GAVIÃO E NÃO HOUVE INVASÃO DE EUCALIPTOS MAS SIM PRAGA E PRAGA DE ACACIAS, HÁ POR AQUI MUITAS OPINIÕES DETORPADAS.

  6. João Eduardo Nunes de Oliveira Santos

    Uma opinião séria de quem sabe do que fala!
    É importante desmistificar este asunto e falar verdade.
    Obrigado UNAC

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