O 9º Fórum para o Futuro da Agricultura (FFA), realizado em Bruxelas, a 22 de Março, apelou à fileira agro-alimentar, aos decisores políticos mundiais e às ONGs para que se unam de forma pro-activa e urgente em torno dos desafios da segurança alimentar e ambiental elencados pela ONU, no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
O Fórum para o Futuro da Agricultura (FFA) é uma iniciativa da ELO (European Landowners’ Organization) e da Syngenta, onde anualmente se reúnem entidades de vários quadrantes da sociedade para discutir o rumo que a Agricultura Europeia deve seguir para responder aos desafios da segurança alimentar e ambiental.
Nesta edição, onde participaram cerca de 1.500 pessoas, os temas dominantes da Conferência foram a necessidade de reformar o modelo agrícola dominante; de mudar comportamentos sociais, caminhando para um consumo mais responsável e de repensar e transformar o modelo de inovação, com vista a cumprir os 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, fixados na cimeira da ONU, em Setembro de 2015 (Agenda 2030). Esta agenda é fruto do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um novo modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas.
Como acabar com a fome no mundo
O FFA foi inaugurado com um vídeo do secretário-geral da ONU, onde este afirmou que “só poderemos acabar com a fome no mundo se mudarmos a forma como produzimos, transformamos, distribuímos e consumimos os alimentos”. Ban Ki-moon apelou à “gestão mais cuidadosa dos recursos naturais – solo e água – e à preservação da biodiversidade” e disse que “os novos sistemas agro-alimentares, devem estar focados na saúde, na protecção do ambiente, na promoção da justiça social, no empoderamento das mulheres e devem dar mais oportunidades aos jovens e mais apoio aos pequenos agricultores”.
O sub-secretário geral da ONU reforçou a ideia de Ban Ki-moon, dizendo que “repensar a agricultura é fulcral num mundo de 9 biliões de consumidores, onde as alterações climáticas e a escassez de recursos são uma ameaça. A Agricultura deve ser uma parte integral das soluções para a Agenda 2030”. Achim Steiner lembrou que 1/3 da terra arável a nível mundial está perdida ou comprometida, o que condiciona a nossa capacidade de alimentar a população mundial. Por outro lado, 1/3 dos alimentos que produzimos no mundo Ocidental acabam no lixo, o que não é aceitável, atendendo a que milhões de pessoas ainda morrem de fome. “Todo o sistema está orientado para aumentar a produtividade, no entanto, o futuro da agricultura terá de ser radicalmente diferente (…) é necessário redefinir o caminho da Agricultura pela via da sustentabilidade e a Europa tem um papel fundamental, o que ocorrer na Europa influenciará o resto do Mundo”, acrescentou.
O Comissário Europeu da Agricultura, Phil Hogan, sublinhou o papel de liderança da União Europeia no que respeita ao desenvolvimento sustentável e disse que este é transversal a toda a PAC e está presente no esforço de investigação e inovação agrícola da UE e na política comunitária de comércio agro-alimentar: “A PAC assume a liderança no que respeita à implementação da Agenda 2030 e esta liderança deverá evoluir e ser aprofundada nos próximos anos, tanto internamente como em colaboração como outras políticas internacionais”.
Na opinião do director-geral da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, “a Agenda 2030 apresenta uma visão global e reformadora do Desenvolvimento que reflecte as mais profundas aspirações da Humanidade para um mundo mais justo, mais seguro, mais inclusivo e mais pacífico”.
Jeffrey Sachs, diretor do The Earth Institute, da Universidade de Colombia, nos EUA, deu algumas sugestões do que deve ser feito para concretizar os objectivos da Agenda 2030: “os objectivos da Agenda 2030 são difíceis, mas tecnicamente exequíveis, o desafio consiste na ligação entre os técnicos e os decisores políticos. É preciso uma visão holística do problema, os Governos não podem actuar de forma estanque”. Na perspectiva deste investigador, “educação de qualidade generalizada a nível mundial é a base para a resolução dos problemas” e é sobretudo através da educação das mulheres africanas, com vista à diminuição da taxa de fertilidade, que poderemos evitar o aumento exponencial da população: “não podemos deixar que a população mundial atinja os 11,2 mil milhões em 2100”, exortou.
Colaboração mais estreita entre governos
Os oradores da Conferência concordaram que é necessária uma colaboração mais estreita e efectiva entre todas as partes – governos, investigação, empresas e ONGs – por forma a pôr em prática a Agenda 2030, traduzindo-a em políticas e práticas ajustadas às diferentes realidades regionais.
A este propósito John Parr, Chief Operation Officer da Syngenta e co-fundador do FFA, disse que “ninguém tem todas as respostas. Se os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável são para ser de facto atingidos, então o modelo actual não serve. Isto aplica-se à Syngenta e a toda a Fileira agro-alimentar, aos governos e às ONGs. Significa que temos de pôr de lado os preconceitos e as velhas formas de trabalhar e de inovar – não só no que respeita à tecnologia, mas também às práticas agrícolas e à partilha de conhecimento -, colaborando de forma intensa para atingir os objectivos”.
A Syngenta é uma das empresas líderes no seu ramo de actividade. O grupo emprega mais de 27.000 pessoas em mais de 90 países, com um único objectivo comum: trazer para a vida o potencial das plantas.
Agricultura e Mar Actual