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Stakeholders do Atlântico. Aquicultura na Madeira. Sim ou não? Bluegrowth defende mais informação e articulação com o turismo

O Business2Sea 2019, que se realizou de 11 a 13 de Novembro no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, contou com a 6.ª Conferência de Stakeholders do Atlântico, na qual o desenvolvimento da aquicultura na Região Autónoma da Madeira foi tema em destaque, pela mão do director-geral da Bluegrowth, Hugo Metelo Diogo.

Aquele empresário defendeu uma articulação entre a aquicultura e o turismo madeirense, de modo a diversificar os sectores de actividade da Região. “A indústria do turismo está a perder oportunidades, o desenvolvimento da aquicultura está a perder terreno. Só o populismo e a desinformação é que estão a ganhar”, realçou Hugo Metelo Diogo.

A Bluegrowth, consultora tecnológica portuguesa especializada na Economia do Mar, arrancou já com a primeira instalação piloto do projecto Ground Zero na produção de douradas da Marismar, situada no Concelho da Calheta na Ilha da Madeira. Um projecto de digitalização do sector aquícola para um desenvolvimento sustentável da aquacultura.

Trata-se de um sistema de avaliação de impactos, suportado por análises multi-dimensionais referente ao conhecimento situacional de um determinado ecossistema, preparado para mitigar os riscos e reduzir os impactos de uma actividade que, “pese embora seja vital para a Humanidade, continua a estar fortemente pressionada pelos holofotes da contestação”.

A polémica aquicultura

Relembre-se que o desenvolvimento da aquicultura na Região Autónoma da Madeira tem sido um processo envolto em polémica. Em Maio, a Cosmos – Associação de Defesa do Ambiente e Qualidade de Vida disse ser “totalmente contra a instalação de infra-estruturas de aquacultura em determinadas zonas marítimas da costa Sul da ilha da Madeira, pela simples razão, que essas infra-estruturas provocam um grande impacte negativo na paisagem”.

Uma polémica que foi aproveitada nas últimas eleições regionais na Madeira, com partidos a ameaçarem bloquear um processo de diversificação económica, suportado por duas décadas de investimento em conhecimento científico.

Durante a campanha, o cabeça de lista pelo Partido Socialista, Paulo Cafôfo, em visita ao projecto de aquicultura no Arco da Calheta, disse que “o mar é um recurso natural que pode e deve ser potenciado na óptica de diversificação da economia, mas não a qualquer custo”, acrescentando que “não podemos colocar em causa os interesses das pessoas, não podemos ter estruturas que afectem o ecossistema marinho, não podemos colidir com o turismo, a principal área de actividade da Madeira”.

E o Partido Trabalhista Português (PTP) apelidou de “gaiolas” as estruturas colocadas no mar na zona da Calheta para a prática de aquacultura e defendeu a sua remoção.

Produção de dourada duplica

Nos últimos anos, a região tem vindo a atrair investimento, tem duplicado a sua produção de dourada e, no momento em que a exportação de peixe produzido começa a estar prestes a ultrapassar a exportação de Vinho Madeira, surgem sinais de contestação que ameaçam travar uma nova Era de desenvolvimento económico insular.

A actualidade mediática insular esteve em destaque, na apresentação de Hugo Metelo Diogo, director-geral da Bluegrowth, na conferência de Stakeholders do Atlântico, organizada pela Comissão Europeia, esta semana, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

O empresário português, Embaixador do Plano de Investimento para Portugal, defendeu a importância do “desenvolvimento de estratégias de integração de cadeias de valor e de um plano de acção para a consciencialização social”, para estimular envolvimento da sociedade e travar os impactos da desinformação sobre a aquicultura. “As pessoas não podem ser marginalizadas nas decisões. Mas isso implica que tenham de ser preparadas para poder decidir. A educação, a formação e a sensibilização são, por isso, acções que devem ser remetidas para um plano imediato. É importante que se perceba que são as famílias madeirenses que estão a perder, ficando mais vulneráveis perante as volatilidades de uma economia mono sectorial, dependente do sector do turismo”.

“Só o populismo e a desinformação é que estão a ganhar”

“A indústria do turismo está a perder oportunidades, o desenvolvimento da aquicultura está a perder terreno. Só o populismo e a desinformação é que estão a ganhar”, realçou Hugo Metelo Diogo.

Quando questionado acerca dos impactos das actividades económicas emergentes sobre as actividades económicas estabelecidas – como é o caso da articulação entre aquicultura e o turismo – Hugo Metelo Diogo defendeu que “existem mais oportunidades do que ameaças”.

Articulação com o turismo

Defendeu os modelos de desenvolvimento integrados, como um ambiente favorável à renovação da oferta turística, permitindo a construção de produtos turísticos com maior valor acrescentado. “Os novos paradigmas do turismo científico, do turismo de experiência e do turismo gastronómico estão a ser negligenciados na guerra aberta contra a aquicultura. Festivais gastronómicos, experiências de mergulho ou de pesca, observação de vida selvagem estão entre muitos dos produtos turísticos diferenciadores que emergem nos territórios onde o sector aquícola convive com o sector do turismo”.

Inovação tecnológica

Num painel subordinado à inovação tecnológica na Economia do Mar, Hugo Metelo Diogo encerrou com uma mensagem de grande preocupação perante as dificuldades que estão a ser sentidas no desenvolvimento de sectores de actividade nucleares ligados ao mar. “Estamos a colocar a inovação tecnológica à frente de acções básicas que não estamos a conseguir implementar. Sem uma afirmação das indústrias core do mar, não haverá capacidade de gerar valor com as oportunidades que o mar cria para outras dinâmicas empresariais, como é o caso das tecnologias de informação”.

Hugo Metelo Diogo encerrou a sua apresentação destacando “a incapacidade de diversificação económica do território insular, condenará, a médio e longo prazo o desenvolvimento económico da Região, e poderá ter um efeito contaminador para o resto do território nacional”.

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Um comentário

  1. Um negócio criminoso, predatório e destruidor do ambiente, obviamente não queremos aquacultura na Madeira. A Comissão Europeia, pelos vistos, também não, a julgar pelo procedimento de infração movido em janeiro de 2022 contra esta negociata miserável.

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