“E se o papel pudesse tornar-se sensível ao toque? E se pudesse comunicar electronicamente? E se pudesse, além disso, assumir características de outros materiais, como a impermeabilidade ou a capacidade de isolamento térmico? A verdade é que o papel já pode tudo isto e tem potencial para muito mais. Juntamente com a celulose, que está na sua origem, este bioproduto ancestral tem cada vez mais aplicações, tornando-se uma peça-chave na bioeconomia do futuro”.
A revelação é feita na última edição da revista My Planet, uma publicação da The Navigator Company. E adianta: “superfícies de papel sensíveis ao toque ou com biossensores que detectam a presença de determinadas substâncias. Embalagens rastreáveis a qualquer momento e que identificam se os alimentos no seu interior se encontram em bom estado de conservação. Um “acelerador” de arrefecimento de bebidas. Ou um meio de cultura inovador à base de celulose, numa caixa Petri de laboratório feita em papel. Tudo com recurso a matérias-primas renováveis e com um baixo custo de produção”.
“Parece ficção científica, mas é só ciência. Sem ficção – é o futuro a tornar-se presente e cada vez mais necessário, já que muitas destas novas soluções permitem a substituição de materiais de origem fóssil, essencial no combate às alterações climáticas. No Laboratório Colaborativo AlmaScience – Beyond Paper (Para Além do Papel), todos os dias se procuram novas respostas para esta substituição”, realça a publicação da Navigator.
“Inovação sustentável para um futuro inteligente” é o mote que norteia os 20 investigadores que desenvolvem projectos disruptivos nas áreas da electrónica de papel e das tecnologias sustentáveis de base celulósica.
O Laboratório Colaborativo AlmaScience tem como parceiros, na área científica, a Universidade Nova de Lisboa, a Associação para a Inovação e Desenvolvimento da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA.ID.FCT), o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel (Laboratório de R&D detido pela The Navigator Company, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade de Lisboa, através do Instituto Superior de Agronomia), e a Associação Fraunhofer Portugal Research. Mas também tem cinco parceiros industriais, entre os quais se encontra a The Navigator Company.
Invólucro de arrefecimento rápido
Quase a passar à fase de testes piloto em ambiente real com um parceiro industrial, o GELA é um dos primeiros produtos com potencial comercial a sair do AlmaScience. Trata-se de uma superfície de papel coberta com um gel à base de celulose que, depois de hidratado, permite um arrefecimento mais rápido dos produtos que envolve.
Poderá vir a ser comercializado como um produto em si mesmo, mas a primeira forma através da qual vai chegar ao consumidor final é como invólucro, substituindo o rótulo de garrafas de bebidas, revela a My Planet.
“O GELA permite arrefecer uma garrafa até à temperatura desejada em metade do tempo, o que se tornará especialmente útil em cafés e bares onde o espaço de armazenamento no frio não seja grande”, explica Yoni Engel, responsável de Desenvolvimento de Negócios do AlmaScience.
No congelador, será possível ter uma bebida a quatro ou cinco graus em apenas 15 minutos, em vez dos 30 que são habitualmente necessários.
Pode ler a 12ª edição da revista My Planet aqui.
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