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Produtores de leite preocupados com preço do leite acusam Governo de “inoperância”

A APROLEP — Associação dos Produtores de Leite de Portugal está preocupada com o futuro do sector. Diz que Portugal é o País da União Europeia com o menor preço pago ao produtor. Em Outubro o preço médio na Europa foi de 0,374€ por litro contra os 0,308€ verificados no nosso País.

Acrescenta a direcção da associação que há “falta de verbas no PDR 2020“, com “muitos projectos aprovados sem dotação orçamental” e que o sector leiteiro passou a ter “um contributo político residual para a economia nacional”, acusando o Governo de “inoperância”.

Questiona a APROLEP: “O que irá acontecer com a produção de leite no futuro? Numa Europa de 28 é aceitável que Portugal seja o País da União Europeia com o menor preço pago ao produtor, sendo inclusive ultrapassado pelos países de Leste? É justo vender 1 litro de leite a um preço inferior ao seu custo de produção?”.

Segundo aqueles produtores, em 2017 Portugal perdeu um produtor de leite a cada dia útil. “Aproxima-se o começo de um novo ano e os produtores sabem que a maior empresa transformadora de leite portuguesa prepara-se para descer um cêntimo a partir de 2018”, realça a direcção da associação em comunicado.

Os dados do Milk Market Observatory, diz o mesmo comunicado, revelam que os produtores portugueses são os mais mal pagos da Europa. Em Março de 2017, a média nacional era de 0,287€/litro de leite, comparativamente com 0,331€ da média europeia e Portugal era o terceiro país com preço mais baixo. Em Junho mantém-se como o terceiro país mais mal pago, cuja média nacional foi de 0,287€/L, contrastando com 0,332€ da média europeia. Em Outubro o preço médio na Europa foi de 0,374€ e em Portugal foi de 0,308€, o país com o leite mais mal pago da Europa.

Projectos PDR 2020 aprovados mas sem dotação

Aqueles responsáveis não se ficam por aquelas preocupações e dizem que nos últimos anos, multiplicaram-se as notícias que enaltecem a agricultura portuguesa e a instalação de jovens no sector. No entanto, dizem, “se trabalhar na agropecuária já é pouco convidativo pelos horários exigentes e pela necessidade de investimentos avultados, a falta de verbas no PDR 2020 está a bloquear a entrada e a permanência de jovens na agricultura e na produção de leite, pois existem muitos projectos aprovados sem dotação orçamental”.

“Isto é grave porque a produção de leite está envelhecida e pode desaparecer em poucos anos, mantendo-se o actual ritmo de perda de produtores”, diz a direcção da APROLEP.

Intervenção do Governo

“A nossa conclusão é clara: o sector leiteiro passou a ter um contributo político residual para a economia nacional. Só assim se explica a inoperância do Governo. É imperativo que o Governo ponha fim a esta situação e juntamente com a indústria e a distribuição encontrem soluções para pagar um preço justo ao produtor. Estudos nacionais evidenciam que o custo de produção é de 0,35€/litro, ficando muito aquém do preço pago ao produtor”, salienta o comunicado.

Em 2016, num ano difícil para os produtores de leite, que com “audácia e coragem reajustaram as suas produções às exigências contratuais, verificámos que foram importados em leite e derivados por empresas e pela distribuição o equivalente a 700 milhões de litros de leite”, acrescenta a APROLEP.

“Verificamos que o próprio Governo está de braços cruzados e não desenvolve acções que contribuam para a sustentabilidade desta actividade, o que nos leva a depreender que prefere cobrar impostos dos elevados rendimentos das empresas lácteas do que lutar pelo pagamento de um preço justo ao produtor”, queixa-se a direcção da associação.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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