Portugal vai gerir um programa da União Europeia (UE) dirigido à agricultura em Angola, no valor de 48 milhões de euros, que incidirá sobre as três províncias do Sul mais expostas às alterações climáticas: Huíla, Namibe e Cunene.
Paralelamente, Capoulas Santos estimula os agricultores e as empresas angolanas e portuguesas a constituírem a Câmara Luso-Angolana de Agricultura.
Em Luanda, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, afirmou que o objectivo é “mitigar as consequências das alterações climáticas e proporcionar garantias de subsistência no sector da agricultura familiar”.
“Trata-se de um programa que terá um apoio da UE de 60 milhões de euros, 48 milhões dos quais são destinados à agricultura”, disse Luís Capoulas dos Santos, e que “visa apoiar a agricultura familiar, criar condições de vida e sustentabilidade agrícola e, ao mesmo tempo, concorrer para o combate às alterações climáticas, porque, no território angolano, estas três províncias são as zonas mais expostas”.
Criar condições de vida aos agricultores e à pequena agricultura
Para o ministro, “este programa poderá dar um contributo decisivo” para os objectivos do governo angolano: “por um lado, criar condições de vida aos seus agricultores e à pequena agricultura e, por outro lado, aumentar a produção nacional por forma a reduzir as importações e até a gerar excedentes para exportação de alguns produtos para os quais tem capacidade de produção mais do que suficiente“, referiu.
Durante a visita, Capoulas Santos esteve reunido com o seu homólogo angolano, Marcos Nhunga, para identificar as prioridades do Plano de Acção 2019/2022, assinado há um ano.
Câmara Luso-Angolana de Agricultura
“Estamos a incidir na área da formação e da investigação agrária, veterinária e fitossanitária, através da formação de técnicos angolanos, além da importante área da irrigação”, disse ainda o ministro português.
“Paralelamente, estamos a desenvolver esforços para estimular os agricultores e as empresas angolanas e portuguesas a constituírem a Câmara Luso-Angolana de Agricultura, que permitirá um contacto permanente e regular entre os agricultores dos dois países para facilitar também as exportações” referiu o governante.
O Capoulas Santos disse também que Portugal tem sido, até agora, um “grande exportador” para Angola na área da agricultura, e destacou o facto de, recentemente, Angola ter começado a exportar produtos agrícolas para Portugal: “Angola começou há muito pouco tempo a exportar para Portugal, tendo, ao fim de 40 anos, exportado as primeiras bananas para Portugal”.
Produções complementares
Capoulas Santos acrescentou que “a agricultura portuguesa e angolana não são concorrentes, são complementares: não tencionamos produzir em Portugal café, amendoim ou frutos tropicais, assim como não estou a ver Angola com vocação para plantar oliveiras ou a dedicar-se à produção de vinho”, explicou.
Para Capoulas dos Santos, “a cooperação é boa quando funciona nas duas direcções, quer no investimento quer nas trocas comerciais, Angola tem um enorme potencial agrícola e Portugal está disponível para receber produtos de Angola que, neste momento, importamos de outras partes do mundo, com quem temos afinidades muito menores”.
Agricultura e Mar Actual