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Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia lançam Manifesto em defesa da pecuária extensiva

Dez projectos europeus de Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia, ligados à adaptação às alterações climáticas e à protecção da biodiversidade, lançam hoje, 5 de Setembro, um Manifesto em defesa da pecuária extensiva. Esta iniciativa, parte da celebração dos 30 anos do programa LIFE da União Europeia, chama-se “Mais pecuária extensiva, mais biodiversidade para a Europa”.

O Manifesto desenvolve as cinco principais razões para promover a pecuária extensiva na Europa e propõe dez medidas de apoio a este sistema de produção para que continue a proporcionar benefícios à biodiversidade, à resiliência dos territórios e às comunidades locais que dele dependem.

Esta iniciativa foi promovida pela ADPM — Associação de Defesa do Património de Mértola, no âmbito do projeto LIFE LiveAdapt, na celebração dos 30 anos do Programa LIFE. Sob a denominação de #UnitedLIFEpeople, contou com a participação dos projetos: Life Montado Adapt, Life Cañadas, Life Desert Adapt, Life Regenerate, Life AgriAdapt, Life Scrubsnet, Life Landscape Fire Project, Life Maronesa e Life IP NAdapta-CC.

Dizem os subscritores do manifesto que “a prevenção de incêndios, o combate às alterações climáticas, o reforço da soberania alimentar, a preservação da biodiversidade e a sustentação da população nas zonas rurais são algumas das contribuições essenciais desta actividade agrícola”.

E acrescentam que o abandono da pecuária tradicional e a sua industrialização progressiva, juntamente com os efeitos adversos das alterações climáticas, “tornam urgente a implementação de um Plano de Acção Estratégico para a Adaptação da Pecuária Extensiva às Alterações Climáticas, que permitam manter ecossistemas funcionais e biodiversos, bem como um mundo rural vivo”.

“A gestão do pastoreio melhora a fertilidade do solo, previne a erosão e contribui para o sequestro e fixação de carbono no solo, permitindo ainda reduzir a dependência de fertilizantes minerais e mantendo a capacidade produtiva dos nossos solos”, salientam.

Por outro lado, “a presença de gado ajuda na dispersão de sementes, promove o ciclo de nutrientes à escala de paisagem e reduz a acumulação de biomassa vegetal combustível, ajudando assim a reduzir a frequência e intensidade dos incêndios rurais”.

Apesar dos apoios comunitários, dizem os signatários que “a falta de rentabilidade em explorações extensivas — devido ao aumento dos custos de produção e aos baixos preços que os agricultores recebem pelos seus produtos — está na raiz da diminuição do número de pastores”. Por isso, “a diferenciação dos produtos de pecuária extensiva por oposição a sistemas de produção mais industrializados, favorecer um tipo de gestão recompensado com preços mais justos e pagamentos pelos serviços de ecossistema prestados”, são algumas das medidas enunciadas neste manifesto.

Centro de Competências do Pastoreio Extensivo

Refira-se que em Portugal, em Novembro de 2021, foi criado o Centro de Competências do Pastoreio Extensivo, com o intuito de promover uma rede de partilha e investigação para a pecuária extensiva em Portugal. Reúne mais de 30 organizações – entre as quais instituições do Ensino Superior, centros de investigação, cooperativas de produtores, ONGs e entidades governamentais – com o objectivo de definir e implementar conjuntamente uma agenda de investigação para a promoção e valorização da pecuária extensiva, através do trabalho em rede e da aplicação prática.

O Manifesto

Após uma reflexão dos cenários futuros, os dez projectos LIFE signatários deste Manifesto identificaram um conjunto ordenado de acções prioritárias para que a pecuária extensiva continue a contribuir para a biodiversidade:

  • Reconhecimento e valorização dos serviços de ecossistema gerados pela pecuária extensiva
  • Aplicação de políticas públicas específicas de apoio à pastorícia
  • Apoio técnico aos produtores
  • Reconhecimento da profissão de pastor
  • Valorização dos sistemas de produção extensivos e melhoria da cadeia de valor
  • Educação e sensibilização para o consumo de produtos extensivos
  • Apoio à transumância
  • Aumentar a investigação, a partilha de conhecimento e a capacitação
  • Participação multi-actor
  • Gestão territorial.

Pode ler o Manifesto aqui.

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