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Estudo: Pesca ameaça tubarões do Atlântico

Por ano, estima-se que cerca de 10 milhões de tubarões são capturados por embarcações pesqueiras e pescadores. Uma equipa internacional de investigadores, na qual participou o CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto / InBIO Laboratório Associado, divulgou recentemente um estudo onde alerta para a elevada sobreposição entre as principais áreas de pesca e as zonas ocupadas por tubarões oceânicos, colocando-os em elevado risco de sobrepesca, noticia o CIBIO na sua página.

A equipa de cientistas do Reino Unido, Portugal, Espanha e E.U.A., e que inclui os investigadores do CIBIO-InBIO, Nuno Queiroz, Fernando P. Lima, Lara Sousa e Rui Seabra, chama a atenção para a criação urgente de quotas ou imposição de limites de pesca a fim de proteger os tubarões, actualmente recursos de extrema importância a nível mundial, num trabalho publicado na prestigiada revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Apesar das capturas terem diminuído significativamente para outras espécies, a regulamentação da pesca de tubarões permanece escassa. Em larga medida, esta situação, bem como a eventual falha dos esforços de conservação destas espécies, decorrem da falta de informação sobre os locais onde a sobreposição entre os tubarões e os navios de pesca é maior, diz o CIBIO.

Tubarões acompanhados por GPS

Para quantificar a sobreposição geográfica e temporal entre as zonas de actividade de tubarões (‘hotspots’) e de pesca comercial, a equipa de investigação acompanhou por satélite mais de 100 tubarões de seis espécies diferentes no Atlântico Norte, uma região conhecida pela intensa actividade pesqueira. Foram também acompanhados 186 barcos das frotas portuguesa e espanhola, com recurso a tecnologia GPS.

Assim, a equipa conseguiu verificar que os animais tendem a concentrar-se em zonas oceânicas caracterizadas por gradientes térmicos (frentes) de elevada produtividade, os mesmos locais onde se concentram também as frotas pesqueiras. No entanto, o grau de sobreposição entre ambos é o facto mais surpreendente revelado por esta investigação. Para as duas espécies de tubarões mais capturadas, azul e anequim, a sobreposição espacial com a frota pesqueira é de cerca de 80%, sendo que alguns dos tubarões permanem em zonas de pesca mais de 60% do seu tempo.

Apesar de conhecerem o fenómeno, estes números foram uma surpresa para os cientistas. “A esta escala, a sobreposição torna os tubarões mais suscetíveis à captura, o que terá consequências imensuráveis para as suas populações”, explica Nuno Queiroz, investigador do CIBIO-InBIO, Universidade do Porto, primeiro autor do estudo, na página do centro de investigação.

A equipa observou que as áreas de maior sobreposição incluem a corrente do golfo, a zona de convergência entre a corrente Norte-Atlântica/Corrente Labrador, assim como outras regiões da dorsal Atlântica a sudoeste dos Açores. Adicionalmente, observaram que a variação anual das zonas de sobreposição é bastante reduzida.

Tendo por base os dados recolhidos, a equipa de investigação envolvida neste estudo apela à delineação de medidas de conservação eficazes que visem diminuir o impacto da intensa actividade pesqueira nas zonas ‘hotspot’ de actividade de tubarões. Entre as potenciais soluções para a proteção destes animais, que assumem atualmente um papel importante para as frotas pesqueiras mundiais, incluem-se a introdução de quotas de pesca, assim como a definição de diretrizes relativas do tamanho limite dos animais capturados.

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