“A agricultura de precisão é hoje uma realidade nos sistemas mais produtivos. Mas poderá também ter um papel importante na agricultura de sequeiro, ao identificar as quantidades certas de fertilizantes e outros agroquímicos necessários nas culturas de sequeiro e, dessa forma, optimizar as produtividades obtidas e reduzindo custos”, considera o Professor Paulo Canaveira, investigador no Maretec (Instituto Superior Técnico) e no Leaf (Instituto Superior de Agronomia), onde trabalha em opções de mitigação e quantificação de emissões e sumidouros no sector agrícola.
Contudo, “o custo destas tecnologias e serviços é ainda incomportável para a generalidade dos sistemas de sequeiro. Importa, portanto, apoiar os agricultores que pretendam aderir a estes serviços de apoio para melhorar o seu desempenho agronómico”, refere aquele Professor no seu artigo publicado na edição nº 31 da publicação Cultivar – Cadernos de Análise e Prospectiva, dedicada ao sequeiro, intitulado “Desafios e soluções para a agricultura de sequeiro no contexto das alterações climáticas”.
“Os desafios já existentes para a agricultura de sequeiro tenderão a ser reforçados com as alterações climáticas. Tal é evidenciado pelas projecções de produtividade agrícola do recente Roteiro Nacional para a Adaptação 2100 que apontam para perdas de produtividade média para a generalidade das culturas. Mas significa isto o fim da agricultura de sequeiro em Portugal? Boa parte da resposta estará em fazer ou não ‘tudo igual’. Que podemos então fazer de diferente?”, questiona Paulo Canaveira.
Para aquele Professor, “poderão existir locais no País onde a conversão para regadio “pleno” é ainda uma solução económica e ambientalmente viável, mas será impossível ser esta a solução para a totalidade das áreas de sequeiro existentes em Portugal”.
Aquele investigador salienta ainda que “a pecuária pode ser também, por mérito próprio, uma opção de adaptação, se estas áreas forem convertidas para pastagens melhoradas biodiversas, com benefícios também na recuperação de solos”, referindo que “o apoio ao emparcelamento e à constituição de áreas de maior dimensão (…) será fundamental para uma estratégia agrícola que valorize a presença de espaços agricultados (e não regados) nestas regiões”.
Pode consultar a edição nº 31 da publicação Cultivar – Cadernos de Análise e Prospectiva aqui.
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