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PAN quer moratória para travar mineração em mar profundo até 2050

A deputada única do PAN – Pessoas-Animais-Natureza, Inês de Sousa Real deu hoje, 19 de Julho, entrada de duas iniciativas, um projecto de lei e um projecto de resolução, em que defende a criação de uma moratória até 2050 que inviabilize quaisquer actividades de prospecção, pesquisa e exploração de minérios em mar profundo em todas as zonas marítimas, que estejam ou venham a estar, sob soberania e/ou jurisdição portuguesa.

Uma moratória que deverá manter a sua vigência enquanto os efeitos da extracção mineira marítima no meio marinho, na biodiversidade e nas actividades humanas “não tenham sido suficientemente investigados, os riscos não sejam totalmente compreendidos e não esteja demonstrado que as tecnologias e práticas operacionais existentes não constituem danos graves para o ambiente”.

“A exploração de recursos naturais e o crescente interesse da indústria mundial na prospecção e exploração dos fundos oceânicos, nomeadamente de metais e minerais como cobalto, lítio e níquel, teria um impacto destrutivo nos ecossistemas e biodiversidade no fundo do mar, comprometendo os ciclos de carbono e nutrientes dos oceanos. O potencial impacto da mineração em mar profundo assume maior gravidade numa altura em que deveríamos sim estar verdadeiramente a apostar no restauro ecológico ou na promoção da economia circular, ao invés de estarmos a procurar novas áreas para depredar”, afirma a porta-voz e deputada do PAN, Inês de Sousa Real.

Para o PAN, é assim fundamental que o Governo proceda igualmente à regulamentação da Lei de Bases do Clima, aprovada em Dezembro de 2021, em termos que garantam o pleno respeito pelo princípio da precaução, ao mesmo tempo que deve garantir o adequado financiamento da investigação, nomeadamente por via de instrumentos financeiros como o Fundo Ambiental, sobre o impacte das actividades mineiras marítimas e sobre tecnologias respeitadoras do ambiente.

“Portugal deve estar entre os primeiros que, globalmente, se posicionam de forma inequívoca contra a oposição à mineração em mar profundo, a favor da protecção do nosso território marítimo deste tipo de pretensões e apostar claramente em soluções inovadoras e alternativas numa óptica que se prime pela primazia da economia circular”, sublinha Inês de Sousa Real.

Segundo o partido, “o número de interessados em reclamar vastas extensões de fundos marinhos e em obter direitos exclusivos de exploração subiu de apenas oito entre 1970 e 2010 para 25 entre 2011 e 2015. O aumento do nível de interesse pelo mar profundo registou-se também em matéria de Investigação e Desenvolvimento referentes ao desenvolvimento de tecnologia para prospecção e exploração mineiras, assim como quanto ao processamento deste tipo de recursos”.

E acrescenta que, do mesmo modo, aumentou também a emissão de licenças a empresários privados para acesso a depósitos dentro de Zonas Económicas Exclusivas de alguns países.

De acordo com dados da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês), actualmente são 22 as empresas/entidades com contratos activos de exploração em todo o mundo, dos quais 19 são para exploração de nódulos polimetálicos – 17 na Zona de Fratura de Clarion-Clipperton no Oceano Índico; um na Bacia Central do Oceano Índico e um outro no Oceano Pacífico Ocidental. Existem sete contratos para a exploração de sulfuretos polimetálicos na Aresta Sudoeste do Oceano Índico, na Aresta Central do Oceano Índico e na Aresta Centro-Atlântica e, por fim, cinco contratos para a exploração de crostas ricas em cobalto no Oceano Pacífico Ocidental. Ou seja, num total de 31 locais em exploração a nível global.

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