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Opinião SGS: “A certificação para conquistar novos mercados”

Artigo de opinião de Isabel Berger, Diretora de Certificação – Certification and Business Enhancement – da SGS Portugal

Constituído pelas fileiras agrícolas, das pescas, das agroindústrias alimentares e das bebidas, o setor agroalimentar tem sido um dos que assumiu maior peso no aumento das exportações nacionais. Assim, em 2014, foram transacionados mais de 5 mil millhões de euros, o que teve um impacto muito positivo no crescimento/recuperação da economia portuguesa.

A qualidade dos produtos nacionais é um trunfo e não é por acaso que, produtos para os quais temos particular aptidão e experiência, como os vinhos, o azeite ou as conservas de pescado, assumem um papel preponderante. Contudo, num mercado cada vez mais global, no qual a segurança e a ética das cadeias de fornecimento é frequentemente colocada em causa, exportar também significa evidenciar que os produtos são obtidos em boas condições, prevenindo riscos para o importador.

A certificação é a melhor solução para demonstrar, de forma fundamentada e independente, que as condições de produção e o controlo do processo produtivo seguem as melhores práticas e asseguram a diligência devida.

Tratando-se de produtos que fazem parte da cadeia alimentar, o primeiro enfoque é certamente a segurança alimentar, domínio em que a necessidade e a falta de consenso deram origem a diversas normas. Para além da norma ISO 22000 para Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar, que tem o peso da aprovação pelo organismo normalizador internacional, os esquemas de certificação que, convém reter, foram aprovados no processo de benchmarking do GFSI (Global Food Safety Initiative). Esta iniciativa congrega representantes de peso das partes interessadas na cadeia alimentar e valida as normas que asseguram os critérios mínimos que consideram que devem ser assegurados.

Abrir portas à exportação

Entre essas normas com aceitação internacional e que permitem abrir portas à exportação, importa referir as que têm sido adotadas pelos mercados para os quais Portugal mais exporta, nomeadamente BRC Food, IFS Food e FSSC 22000 para as agroindústrias, e GlobalGAP para a produção primária.

Nestes esquemas de certificação para agroindústrias, o sistema HACCP, de acordo com o Codex Alimentarius, é sempre a espinha dorsal, sendo complementada com a organização e melhoria, obtidas através de um sistema de gestão. Contudo, os pré-requisitos são especificados de uma forma pormenorizada e compilando as melhores práticas. Como exemplo de requisitos muito específicos que visam questões relevantes nos países importadores, podem-se salientar exigências como:

– Metodologia de identificação dos requisitos legais aplicáveis aos nossos produtos, incluindo de rotulagem no país de destino;
– Preparação da empresa para controlar riscos de fraude em matéria prima e ingredientes que utiliza, aspeto particularmente desenvolvido na última atualização do BRC Food e que é, hoje em dia, um dos principais receios dos importadores;
– Sistema de Food Defense ou de defesa face a sabotagem intencional do produto, exigido pelo IFS Food e com algumas componentes de limitação de acesso ao produto nas outras normas referidas, que, face às ameaças terroristas atuais, é obrigatório para quem quer exportar para os EUA, sendo também a preocupação de outros países.

Na produção primária, a norma por excelência é o GlobalGAP. Com a sua estrutura por módulos que permite a adaptação a diferentes áreas (produção de frutas e legumes, arvenses, pecuária ou aquacultura),esta norma, aprovada pelo GFSI, conjuga a segurança alimentar, a proteção do ambiente, a ética e responsabilidade social. Estes são, de facto, os aspetos que um importador não quer correr o risco de ver aligeirados pelos fornecedores aos quais se associa.

Os esquemas de certificação, com a sua capacidade de adaptação às questões basilares e emergentes, preparam as empresas para a exportação, evidenciando esta capacidade através de uma avaliação qualificada e isenta.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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