Artigo de opinião de Frederico Falcão, Presidente da ViniPortugal
Portugal é reconhecido a nível mundial pela qualidade dos seus vinhos, uma tradição enraizada que remonta a séculos. Contudo, o sector vitivinícola, assim como o sector agrícola enfrentam enormes desafios que pedem uma acção urgente e estratégias inovadoras para garantir o futuro dos produtores e das suas colheitas. Com o novo governo há a expectativa de uma abordagem renovada para a agricultura, incluindo o sector do vinho. Nesse sentido, o que podemos esperar para o sector vitivinícola português nos próximos anos e quais as prioridades que o novo governo deve considerar?
A adopção de tecnologias inovadoras é outro passo para melhorar a eficiência da produção, reduzir custos e aumentar a competitividade, pelo que é fundamental a criação de incentivos estatais ao investimento em investigação e desenvolvimento no sector vitivinícola
Apesar de os vinhos portugueses estarem a ganhar cada vez mais reconhecimento internacional, o sector vê-se a braços com uma competição cada vez maior nos mercados globais. A diferenciação e a inovação são essenciais para manter a competitividade. Depois, há também a pressão ambiental e as preocupações com a sustentabilidade por parte dos consumidores que valorizam práticas agrícolas amigas do ambiente e exigem que os produtores de vinho adoptem medidas ambientalmente responsáveis. Além disso, as alterações climáticas representam uma ameaça real à viticultura, afectando as condições de crescimento das uvas e a qualidade do vinho.
Para fazer face a estes desafios, o novo governo deve promover políticas e estratégias que enalteçam a qualidade e a diversidade dos vinhos portugueses, valorizando as características únicas das diferentes regiões vitivinícolas do país. É crucial reforçar a política de incentivos aos produtores que querem investir na melhoria da qualidade dos seus produtos e dos seus serviços.
A expansão dos mercados de exportação é outro aspecto a considerar para o crescimento sustentável do sector. O governo deve apoiar o sector, desbloqueando verbas que têm sido cativadas e desburocratizando a utilização dessas verbas. O Senhor Ministro da Agricultura ainda recentemente teceu críticas aos instrumentos europeus pelo excesso de burocracia, exigindo simplificação. Também por cá deveríamos fazer esse caminho, por forma a melhorar a nossa promoção internacional.
A adopção de tecnologias inovadoras é outro passo para melhorar a eficiência da produção, reduzir custos e aumentar a competitividade, pelo que é fundamental a criação de incentivos estatais ao investimento em investigação e desenvolvimento no sector vitivinícola.
O enoturismo tem-se revelado ao longo dos últimos anos uma oportunidade a explorar para os produtores de vinho, envolvendo os consumidores e promovendo os seus produtos. Nesse sentido, esta é uma área que deve ser fortemente apoiada com iniciativas que desenvolvam o turismo enológico, destacando a rica herança vinícola de Portugal. Ao apoiar pequenas empresas que exploram esta área de negócio e dando-lhes melhores condições será possível fazer deste um sector chave na economia do país.
Assim, apesar de o sector vitivinícola em Portugal enfrentar desafios significativos, também oferece oportunidades para o crescimento e inovação dos produtores e dos seus produtos e serviços. Com o apoio e incentivo adequados do governo, o sector do vinho e a agricultura em geral podem prosperar nos próximos anos, com o objetivo de tornar Portugal cada vez menos dependente dos produtos externos e com um consumo interno coeso com largos benefícios para quem trabalha nesta tão importante área de actividade.
Agricultura e Mar