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Montenegro: “Portugal tem de inverter situação de envelhecimento no sector agrícola”

“A agricultura e as pescas, todo o nosso sector primário, são estratégicas para o futuro de Portugal. Geram-nos capacidade de autonomia alimentar, capacidade de independência do exterior e criam postos de trabalho. Sem uma agricultura forte, não temos capacidade de garantir a coesão territorial”, afirmou o primeiro-ministro Luís Montenegro que visitou uma empresa agroalimentar, uma feira (Castelo de Paiva) e uma empresa industrial.

Intervindo nas comemorações dos 75 anos da Agros, União de Cooperativas de Produtores de Leite, na Póvoa de Varzim, Luís Montenegro afirmou que “Portugal tem de inverter a situação de envelhecimento no sector agrícola”, que é uma “ameaça para a autonomia alimentar nacional”.

“É um problema transversal a todo o sector primário. Precisamos de inverter esta trajectória que, do ponto de vista geracional, coloca em causa a sustentabilidade e a rentabilidade do sector agrícola”, disse. 60% dos produtores têm mais de 55 anos e só 11% têm menos de 34.

De realçar que o sector do leite representa 9% de todo o valor agrícola, envolve 1.999 milhões de euros de volume de negócios e gera mais de 648 mil empregos directos e indirectos.

“Como primeiro-ministro tenho colaborado para enaltecer e enobrecer a agricultura portuguesa e os agricultores. Não devemos olhar com desdém para os agricultores e seus descendentes, devemos olhar para eles com gratidão e sentido patriótico. Fico chocado por saber que há hostilidade do ponto de vista social sobre os que desenvolvem a sua actividade na agricultura”, afirmou.

Aumentar das exportações

Luís Montenegro afirmou ainda que Portugal “conseguiu aumentar as suas exportações” agroalimentares, apesar do “afastamento entre a administração central e os agricultores” e dos “impactos negativos das regras europeias”.

“As orientações que têm sido dadas e que têm sido cumpridas é que o Ministério da Agricultura e Pescas e o Ministério do Ambiente e Energia estejam de mãos dadas. Se conseguirmos tirar os obstáculos de burocracia, regulamentação e exigências, temos a capacidade de aumentar o valor deste sector”, disse.

Por outro lado, o primeiro-ministro mostrou “satisfação por ver que a Europa percebeu que não pode ser ‘mais papista que o Papa’ no conjunto de regras a aplicar aos agricultores”.

“Não podemos ter um conjunto de regras e obrigações tão restritivas, e que encarecem tanto o produto, que gera o absurdo de tirarmos rentabilidade aos nossos agricultores e, ao mesmo tempo, enchermos as prateleiras dos supermercados de produtos de outras geografias que não aplicam as mesmas exigências que cá temos na Europa”, disse.

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