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Mondego Agrícola. Agricultores de Montemor-o-Velho combatem nanismo do milho com melhoramento genético das sementes

A Feira das Culturas Mondego Agrícola 2024, evento bienal de destaque no sector agrícola, organizado pela Escola Profissional e de Desenvolvimento Rural do Baixo Mondego, realiza-se nos próximos dias 5 e 6 de Setembro em Sabico das Areias, Montemor-o-Velho, tendo em destaque o combate ao nanismo do milho com melhoramento genético das sementes.

O melhoramento genético das sementes tem sido o principal recurso dos agricultores do Baixo Mondego. Num cenário em que também existe resistência aos herbicidas, o desenvolvimento de variedades adequadas às condições climatéricas e com resistência a vírus, fungos ou bactérias específicas constitui a maior protecção contra as pragas agrícolas, refere uma nota de imprensa da organização do evento.

E realça que o Mondego Agrícola 2024 “proporciona aos visitantes um ensaio de variedades de milho de elevado potencial genético, permitindo aos agricultores escolherem as variedades com as características que melhor se adaptem às condições edafoclimáticas do solo”.

Realizado em contexto de campo, o Mondego Agrícola exibe ensaios das variedades de plantas disponíveis para os agricultores, incluindo ainda demonstrações dos equipamentos e técnicas mais adequadas de cultivo e colheita, viradas para uma agricultura de precisão

O recurso a sementes geneticamente melhoradas é uma prática cada vez mais consolidada entre os agricultores do Baixo Mondego. O objectivo é reduzir o impacto das infecções por vírus, fungos e bactérias que afectam as culturas de milho e arroz, tornando-as cada vez mais resistentes a doenças e intempéries, acrescenta a mesma nota.

O exemplo mais recente está no vírus do nanismo do milho, praga agrícola detectada nesta campanha no Baixo Mondego, afirma Francisco Dias, engenheiro agrícola, técnico da Cooperativa Agrícola do Concelho de Montemor-o-Velho (CACMV) e formador da Escola Profissional e de Desenvolvimento Rural do Baixo Mondego (EPDRBM).

“O vírus do nanismo do milho leva à formação de plantas anãs e improdutivas, o que pode causar prejuízos elevados. Este vírus é transmitido por um insecto (cicadelídio) portador do vírus, que o transmite de planta em planta. Neste momento estão a ser avaliados os prejuízos e está a ser elaborada uma lista de variedades tolerantes a esta virose, para tentarmos perceber o que fazer nos próximos anos. As perdas serão avaliadas agora, na colheita, com maior precisão”, afirma Francisco Dias.

Danos estão controlados

Mas, os agricultores “estão confiantes e acreditam que os danos estão controlados, graças ao esforço gradual e concertado de várias instituições locais”. Parte desse trabalho culmina com a realização do evento Mondego Agrícola — Feira das Culturas, que decorre hoje e amanhã, 6 de Setembro, em Sabico das Areias, Montemor-o-Velho, onde os agricultores têm a oportunidade de adquirir plantas melhoradas geneticamente para a região.

“No caso desta virose, sabemos que existem variedades de plantas mais resistentes do que outras. As plantas desenvolvidas em conjunto com a investigação científica criam variedades resistentes às pragas e adaptadas, por exemplo, às novas condições climáticas: mais resistentes à falta de água e com maior tolerância a temperaturas mais elevadas e ventos fortes”, diz Francisco Dias.

Infestantes no arroz

Em linha com o resto do país e do Mundo, avança a mesma nota, a gestão das plantas infestantes na cultura do arroz tem sido outro desafio enfrentado pelos orizicultores do Baixo Mondego. “A investigação não está a conseguir encontrar novos herbicidas capazes de controlar as plantas infestantes no arroz”, explica o engenheiro agrícola, problema que decorre da criação de resistência aos produtos fitofarmacêuticos.

No Mondego Agrícola os orizicultores podem visitar ensaios de variedades de arroz, fertilizantes, novos herbicidas e uma vitrine de variedades do sistema Provisia.

A doença mais grave da região na cultura do arroz é a piriculariose, causada por um fungo que se instala nas folhas, caules e panículas, causando lesões que afectam a produção do arroz. Das três zonas orizícolas nacionais, a zona do Baixo Mondego é a mais afectada, devido ao facto de as condições climatéricas serem propícias ao desenvolvimento da doença, com humidades relativas elevadas.

O evento Mondego Agrícola tem início hoje e a organização dá conta de um interesse crescente dos profissionais do sector, estando a tornar-se um evento nacional. Está prevista a presença de produtores provenientes de outras regiões do Norte e Sul do País, que poderão visitar a feira agrícola e assistir, a partir de hoje à tarde, a palestras sobre estes temas.

Realizado em contexto de campo, o Mondego Agrícola exibe ensaios das variedades de plantas disponíveis para os agricultores, incluindo ainda demonstrações dos equipamentos e técnicas mais adequadas de cultivo e colheita, viradas para uma agricultura de precisão. “Precisamos de equipamentos modernos e adequados porque, se a agricultura não for uma actividade atractiva, não há quem queira trabalhar no sector”, afirma Francisco Dias.

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