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Magos Irrigation Systems: “Uma empresa de rega tem que estar perto dos seus clientes”

A Agricultura e Mar Actual falou com os administradores da Magos Irrigation Systems, António Gastão e Miguel Empis. Estes especialistas em sistemas de rega contam-nos que a grande aposta não é a exportação, porque “uma empresa de rega tem que estar perto dos seus clientes”. Ainda assim, é uma área a não esquecer e a empresa de Salvaterra de Magos está presente na região de Badajoz/Mérida, que é hoje responsável por 5% da facturação. Por outro lado, teve recentemente dois colaboradores em Moçambique, onde instalaou 100 hectares de rega numa cultura de moringa.

E é próximo dos clientes que a Magos tem instalado sistemas nas mais variadas culturas em Portugal. “Na verdade, não me recordo de termos feito qualquer sistema de rega para bananeiras nem para trigo mas, das aromáticas ao castanheiro, do tomate fresco ou para a industria ao abacate, das amendoeiras e do olival à vinha, das próteas aos pequenos frutos, nos últimos dois anos passámos por tudo”, referem aqueles responsáveis.

E ainda pela pela proximidade ao cliente, a Magos abriu uma estrutura própria e autónoma em Beja. “Os clientes precisam de proximidade no seu parceiro de rega. Esta filial nos últimos dois anos duplicou a facturação e continua a ter margem para manter crescimentos muito acima da média”, acrescentam os administradores da especialista de rega.

Quando, como e com quem surgiu a Magos?

A Magos surge no seguimento da fusão de quatro empresas: a Hubel Comercial, a Turborrega, a Neorrega e a Gaspar Suíssas, esta ultima fundada em 1956. Inicialmente integrada no Grupo Hubel e designada por Hubel Irrigation Systems, em 31 de Dezembro de 2012 a Magos assumiu-se como uma empresa independente. Nessa altura alterámos a administração, em resultado da nova estrutura societária, e mudámos a designação, mas mantivemos a mesma estrutura humana e os mesmos parceiros de negócio. Como vê já não somos novos no negócio, tivemos a nossa origem em meados do século passado.

Sede da Magos, em Salvaterra de Magos

Qual o percurso até aos dias de hoje?

Como alguém disse, penso que um poeta espanhol, o caminho faz-se caminhando. Não tem sido fácil… É verdade que trazíamos balanço, mas agarrar o leme do barco na tempestade que se vivia em Portugal no ano de 2012 foi uma prova de fogo. A este cenário, juntam-se todas as desconfianças que sempre resultam de uma mudança de administração. Foram dias complicados e noites mal dormidas. Mas com muito trabalho e dedicação, cedo ganhámos a segurança dos nossos parceiros, da banca, dos fornecedores nacionais e internacionais e dos próprios colaboradores, que estiveram sempre connosco, comprometidos e empenhados, embora também, na fase inicial, sentissem algum receio, que rapidamente foi ultrapassado. Mas acima de tudo, foi muito importante a confiança do mercado, isto é, dos nossos clientes.

O regresso do País à agricultura e a sua profissionalização contribuiu de forma muito positiva para os nossos resultados e no final de 2013 apresentámos um crescimento no volume de negócios de 19%, ultrapassando a fasquia dos 10 milhões de euros. A partir daí nunca mais parámos de crescer, sendo a Magos hoje, segundo um estudo recente sobre o segmento económico português, a empresa de rega com mais facturação e a única que consta entre as 1.000 principais PME do País.

O regresso do País à agricultura e a sua profissionalização contribuiu de forma muito positiva para os nossos resultados e no final de 2013 apresentámos um crescimento no volume de negócios de 19%, ultrapassando a fasquia dos 10 milhões de euros.

Quais os principais produtos e serviços disponibilizados pela Magos?

A Magos faz o circuito completo em sistemas de rega: projectamos (temos na nossa equipa três engenheiros com formação em ciências agrárias, um engenheiro com formação na área do ambiente e mais três com formação em engenharia electrotécnica e telecomunicações); comercializamos (a nossa equipa comercial de 9 elementos abrange a totalidade do território nacional e as faixas fronteiriças espanholas); instalamos; e prestamos assistência técnica. No âmbito desta última vertente, dispomos no terreno de equipas multi-disciplinares que, ao todo, contam hoje com 24 pessoas no terreno mas, no período Primavera-Verão, chegam a ser mais de 40 elementos, que asseguram a instalação e manutenção dos sistemas de rega e equipamentos que instalamos.

Têm produtos próprios?

Temos três parceiros estratégicos com quem mantemos uma relação de exclusividade. No mercado da gota-a-gota, a Rivulis, empresa israelita com quem mantemos uma parceria há mais de 25 anos , a Genap, empresa holandesa produtora de silos e soluções para armazenamento de água e a Aisco, fabricante dos pivots Western, nossa parceira desde 2015, e que veio preencher uma lacuna no nosso portefólio. Marcas como o T-tape ou Hydro-pc, que hoje são comuns e conhecidas no mundo agrícola, são também por nós representadas.

Apenas recorremos à sub-contratação para movimentação de terras, trabalhos de construção civil e serviços de topografia.

A nossa oferta e a nossa diferença na instalação de sistema de rega passa em muito pela produção própria e por medida das centrais de filtragem e fertirrega, de colectores de bombagem e pela concepção e construção de quadros eléctricos. Apenas recorremos à sub-contratação para movimentação de terras, trabalhos de construção civil e serviços de topografia.

A casa vinícola Symington é uma das clientes

Quem são os principais clientes da Magos?

Empresários e empresas do sector agrícola, sem distinção.

Para que culturas tem vendido mais material?

Seria mais fácil responder à questão: para que culturas não vendemos material? Na verdade, não me recordo de termos feito qualquer sistema de rega para bananeiras nem para trigo mas, das aromáticas ao castanheiro, do tomate fresco ou para a industria ao abacate, das amendoeiras e do olival à vinha, das próteas aos pequenos frutos, nos últimos dois anos passámos por tudo. Em termos de distribuição geográfica na instalação de sistemas de rega, estivemos de Vila Nova de Cerveira a Vila Nova de Cacela, da fronteira do Caia à ilha do Faial, nos Açores…

Estamos presentes na região de Badajoz/Mérida, que é hoje responsável por 5% da nossa facturação.

Vende muito para o estrangeiro?

O nosso objectivo principal não é o mercado da exportação. Uma empresa de rega tem que estar perto dos seus clientes porque o serviço de pós-venda é muito importante. Não descuramos, no entanto, o mercado estrangeiro e estamos presentes na região de Badajoz/Mérida, que é hoje responsável por 5% da nossa facturação. E agora, por exemplo, dois colaboradores nossos estiveram em Moçambique, onde instalámos 100 hectares de rega numa cultura de moringa (mais conhecida por acácia branca).

Mas quer reforçar a exportação?

Não temos esse objectivo no horizonte, mas não descartamos à priori uma oportunidade de negócio que possa surgir. Mas de momento estamos principalmente focados no mercado nacional e na fronteira mais próxima e, pelo menos nos tempos mais próximos, não faremos nada para reforçar a exportação. Estamos sim concentrados em fazer o possível para impedir que as empresas espanholas continuem a aumentar a penetração no mercado português.

2016 foi um ano de travagem, muito por responsabilidade da incerteza ao nível dos apoios estatais. Agora parece-nos que o travão de mão já começou a ser desactivado, talvez por força de investimentos com capital próprio ou pela expectativa de reabertura do financiamento estatal no quadro do Programa de Desenvolvimento Rural 2020.

Como especialistas em sistemas de rega a Magos é um bom barómetro da actividade agrícola nacional. Os agricultores estão a investir mais em sistemas de rega?

Sim, sem dúvida. Se fizermos uma retrospectiva dos últimos quatro anos, 2013 a 2016, houve, nos primeiros 3 anos, um manifesto investimento na agricultura nacional, com entrada de novos operadores sustentada por apoios estatais ao investimento em novos projectos. 2016 foi um ano de travagem, muito por responsabilidade da incerteza ao nível dos apoios estatais. Agora parece-nos que o travão de mão já começou a ser desactivado, talvez por força de investimentos com capital próprio ou pela expectativa de reabertura do financiamento estatal no quadro do Programa de Desenvolvimento Rural 2020. Esperemos que sim, nós e o País agradecemos.

Sala do Gabinete de Projectos da Magos

O Alqueva trouxe algum crescimento nas vendas da Magos? Em que culturas?

Sim, claro que sim. A Magos até chegou tarde ao Alqueva. Inicialmente pensávamos poder fazê-lo a partir de Salvaterra, mas verificámos que tal era impossível e por isso optámos por criar uma estrutura própria e autónoma em Beja. Os clientes precisam de proximidade no seu parceiro de rega. Esta filial nos últimos dois anos duplicou a facturação e continua a ter margem para manter crescimentos muito acima da média.

Quanto às culturas, é verdade que a vinha, o olival e o amendoal são as mais visíveis, ou aquelas que mais se fala, mas o melão continua a ser importante para nós. Começam também a surgir, de forma mais profissional culturas hortícolas, aromáticas e outras culturas que há 10 anos atrás seriam de todo improváveis. A título de exemplo posso dizer-lhe que no final de Outubro do ano passado, instalámos um sistema de rega para uma área apreciável de Bambu, e temos outro em projecto em vista, que aguarda decisão do cliente.

Qual o sistema de rega que considera como “óptimo” para a generalidade das culturas?

Essa é pergunta de um milhão de dólares. Não há receitas instantâneas, mas hoje não passa pela cabeça de ninguém regar um olival com um pivot, nem um prado com gota-a-gota. A opção depende sempre da cultura, mas também de factores como o solo, o clima, a disponibilidade de água, etc., etc.

Tem investimentos, em curso ou em preparação?

Depois do investimento em Beja, em 2014 e do recente investimento em novas instalações em Mirandela vamos respirar fundo e centrar-nos na melhoria contínua da nossa equipa, na sua formação, actualização e eventual expansão, bem como na melhoria dos meios para o desempenho da nossa actividade.

Quais considera as mais-valias da Magos em relação à concorrência?

As que já referi: um serviço chave-na-mão, pelo qual damos a cara, sem recurso a sub-contratações; uma ligação a parceiros de renome mundial; uma equipa de assistência técnica experiente e profissional, assessorada por parceiros internacionais; uma presença física de Norte a Sul do País: Mirandela, Salvaterra e Beja; uma exigência constante na melhoria e rigor no que respeita à prestação dos nossos serviços.

Qual o volume de negócios de 2015 e esperado para 2016?

De 2012 a 2015 crescemos em média 12% ao ano, de 2015 a 2016, ano que agora terminou tivemos um crescimento de 3%. Tal como no salto em altura, quando a fasquia está mais alta torna-se mais difícil ultrapassá-la, mas perspectivamos crescimento para 2017, de contrário os investimentos na expansão terão sido ineficazes.

Quantos trabalhadores têm?

Entre Salvaterra, Beja e Mirandela, somos 70 e no pico da campanha, entre Abril e Maio aumentamos o exército, mas somos todos soldados, o que não significa pagar mal, significa sim, estarmos todos na linha da frente.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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