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Jovens Agricultores: “Vacas, sim! Alarmes, não!”

O Reitor da Universidade de Coimbra decidiu acabar com a carne de vaca nas ementas das cantinas dos seus estudantes. Os agricultores e produtores agropecuários não poupam o Reitor.

Depois da CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal, da Aprolep — Associação dos Produtores de Leite de Portugal, da Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal, da CNA — Confederação Nacional da Agricultura e da Federação Agrícola dos Açores, junta-se agora nos protestos a AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal.

“Prezado reitor, ainda está em tempo de alterar a decisão que tomou, pois perguntamos o que pensam os seus colegas reitores de universidades e institutos que leccionam cursos de agronomia, agropecuária, zootecnia e medicina veterinária, acerca da sua decisão”

Na perspectiva da AJAP, “é lamentável que o reitor de uma Universidade conceituada como a Universidade de Coimbra, venha tomar uma medida desta natureza e dimensão, telegraficamente “abolição da carne de vaca nas 14 cantinas daquela instituição”.

Políticos vs Reitores

“Que os políticos menos bem informados sigam caminhos fáceis de populismos infundados, só porque está na moda falar nestes temas é uma coisa, agora um reitor de um importante estabelecimento de ensino superior implementar esta medida, vem causar alarmismo a um sector crucial como é a agricultura e a pecuária”, diz a direcção da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal.

Para os Jovens Agricultores, se por um lado “ainda não sabe muito bem qual vai ser a dieta a facultar nas cantinas da UC, seguramente que ao jantar muitos desses alunos vão ingerir carne, seja ela de vaca, porco, frango, peru, coelho ou outras”.

Notícia alarmante e extremamente prejudicial aos nossos agricultores

Ou seja, “estamos perante uma notícia alarmante e extremamente prejudicial aos nossos agricultores. Pelo andar da carruagem, os agricultores portugueses temem que venha agora um outro responsável (seja lá do que for), proibir o consumo de leite de vaca, outro o consumo de pão, outro o uso de camisolas de lã das nossas ovelhas, ou até os sapatos de pele, cujas alternativas são as fibras derivadas do petróleo”, diz a AJAP em comunicado.

“Será que alguém já se preocupou, verdadeiramente neste País, com os gases poluentes que libertam os automóveis de alunos, professores, reitores e de todos os cidadãos em geral? Será que transportes públicos e automóveis eléctricos não deveriam ser uma excelente alternativa para atingirmos os objectivos do País relativamente à descarbonização?”, questiona a direcção da Associação.

Causas sem sentido

Diz o mesmo comunicado que Portugal é um importador de carne de vaca, o que quer dizer que essa carne, “para além de poluir (como dizem) onde foi produzida, ainda mais polui no transporte até chegar a Portugal. Estamos em período de campanha eleitoral, e parece que muita gente anda em bicos de pés para defender causas sem sentido e causar alarme na população”.

Dizem os Jovens Agricultores de Portugal que as universidades e escolas “devem fazer estudos e recomendações, devem colocar à disposição dos seus estudantes nas cantinas mais do que uma opção nas suas ementas, devem preferencialmente adquirir produtos locais frescos, inclusive os diferentes tipos de carne, mesmo alertando para o consumo exagerado deste ou daquele produto, mas é nosso entendimento que não devem tomar medidas radicais desta natureza, pois todos deveríamos ter oportunidade de escolher o que gostaríamos ou não de comer”.

Incêndios e desertificação

Para a AJAP, os agricultores são “os verdadeiros guardiões da natureza, Portugal arde todos os anos porque a desertificação e ausência de pessoas e agricultores no espaço rural é uma realidade extremamente difícil de combater, até surgiu o conceito de cabras sapadoras e inclusive muitas raças autóctones de vacas também têm esse efeito nos campos, vamos lá chamar-lhe vacas sapadoras ou ovelhas sapadoras e por aí fora”.

Diz ainda a associação, que tem como director-geral Firmino Cordeiro que a agricultura, nomeadamente na Europa, tem “regras cada vez mais apertadas para a produção (e ainda bem), quer para produtos vegetais, quer para o sector dos animais, o que transmite ao consumidor uma enorme garantia de segurança e rastreabilidade dos produtos”.

Um erro?

“Muito sinceramente, esperamos que esta notícia seja um erro ou algum lapso, caso contrário a Universidade de Coimbra está a ir por caminhos muito delicados, atendendo à biodiversidade de que as nossas vacas se alimentam no pastoreio natural ou semeado com pastagens permanentes, que seguramente fixam muito mais CO2 do que aquele que é emitido pelos animais”, realça o comunicado da AJAP.

Hoje existem em Portugal cada vez mais explorações pecuárias em agricultura biológica e em modo de produção integrada, nomeadamente para a produção de carne, e a AJAP tem “promovido esses modelos de produção, ainda com mais reflexos positivos no balanço de CO2, do que em modelos mais convencionais, apesar de nestes o balanço também ser positivo”.

“Prezado reitor, ainda está em tempo de alterar a decisão que tomou, pois perguntamos o que pensam os seus colegas reitores de universidades e institutos que leccionam cursos de agronomia, agropecuária, zootecnia e medicina veterinária, acerca da sua decisão”, diz a direcção da AJAP.

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