Início / Featured / Indústrias do mar desaceleram em Portugal com evolução abaixo do PIB

Indústrias do mar desaceleram em Portugal com evolução abaixo do PIB

As indústrias do mar estão em desaceleração em Portugal: depois de terem crescido acima do Produto Interno Bruto (PIB) durante os anos da Troika, os indicadores de 2018 e 2019 apontam para uma quebra notória nos “Portos e Transportes Marítimos” e em componentes do “Turismo Azul”.

Nas indústrias marítimas com maior peso na economia portuguesa, só a “fileira alimentar do mar” mantém uma trajectória virtuosa. Estes são os dados mais relevantes do estudo LEME – Barómetro PwC da Economia do Mar que será apresentado no dia 9 de Janeiro, em Lisboa, no Pavilhão do Conhecimento, durante a conferência “LEME Uma Década”, organizada pelo Centro de Excelência Global da PwC para a Economia Azul, com sede em Portugal.

10.º edição do LEME

Será a 10.º edição do LEME, na qual intervirão como convidados especialistas em economia do mar da Europa, das Américas, da África, da Ásia e da Oceania. O novo ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos e o chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante António Mendes Calado, são alguns dos oradores. Todo o dia será dedicado a analisar e a debater o rumo da economia do mar em Portugal e no Mundo, tendo por base informação e indicadores recolhidos pela PwC International.

“Ao contrário do período 2012-2017, em que todos os indicadores apresentam a economia do mar em Portugal a crescer acima do PIB, os sinais quantitativos de 2018 e 2019 invertem essa tendência”, afirma Miguel Marques, sócio da PwC e responsável pelo LEME – Barómetro PwC da Economia do Mar.

Atraso nos investimentos no sector portuário

“O atraso nos investimentos no sector portuário, a instabilidade social nos portos, a volatilidade internacional, e as demoras no alinhamento de estratégias multi-sectoriais – de que é exemplo a ausência de reuniões da Comissão Inter-ministerial dos Assuntos do Mar – são as razões apontadas por líderes das indústrias do mar para esta desaceleração”, considera Miguel Marques.

Em Portugal, em 2017, as indústrias do mar geraram cerca de 4 mil milhões de euros de valor acrescentado bruto (de acordo com os relatórios da União Europeia). “Os constrangimentos financeiros e regulamentares em termos de investimento nas frotas de pesca, comercial e de guerra, têm sido um obstáculo sério ao crescimento do sector”, afirma Miguel Marques.

Portos e componentes do turismo desaceleram em 2018-19

Segundo o LEME – Barómetro PwC da Economia do Mar, a carga contentorizada nos portos nacionais teve, em 2018, uma taxa de crescimento de 0,9%, muito inferior à taxa média anual de 10,6% registada entre 2012 e 2017.

No movimento de mercadorias a taxa em 2018 foi negativa, de -3,1% – quando entre 2012 e 2017 tinha registado uma taxa média anual de 6,9%. Em 2018 o movimento de mercadorias decresceu 3 milhões de toneladas, quando vinha a crescer em média mais 5 milhões de toneladas por ano entre 2012 e 2017. O estudo sinaliza também que em 2019 se deverá registar novo decréscimo da carga movimentada pelos portos nacionais.

No caso do turismo, os destinos de praia e de mar Algarve, Madeira e Açores baixaram 0,9% o número de hóspedes em 2018 (menos 56.000 hóspedes). Este número compara com a taxa média anual de 7,2% (crescimento médio acima de 300 mil hóspedes por ano) registada entre 2012 e 2017.

O movimento de passageiros de cruzeiros nos portos nacionais cresceu 8,6% (100.000 passageiros ano) em 2018, apesar de no Rio Douro esse crescimento se ter ficado pelos 1,1%: entre 2012 e 2017 a taxa média de crescimento anual foi de 22,9% (mais 165.000 passageiros por ano).

Fileira alimentar do mar

Só a fileira alimentar do mar conseguiu manter positivo o seu crescimento das exportações, atingindo em 2018 a taxa de crescimento de 2,8% (cerca de mais de 40 milhões de euros), a qual compara com a taxa média anual de 5,3% (acima dos 50 milhões de euros ano) registada entre 2012 e 2017.

No contexto de desaceleração das maiores indústrias do mar, a fileira alimentar foi, ainda assim, a que conseguiu melhor performance, com um crescimento das exportações de 2,8%, acima do crescimento de 2,1% do PIB.

Três prioridades para a indústria

“Para inverter esta desaceleração do sector do Mar e regressar a um ciclo virtuoso de crescimento, são reclamadas por indústrias do mar três prioridades: concretizar os investimentos previstos para o sector portuário; estabilizar regras e fiscalidade tornando-as mais incentivadoras de investimento sustentável e da criação de postos de trabalho (incluindo mais cedo a experiência em embarcações na formação dos profissionais do mar); e alinhamento de estratégias multi-sectoriais – efectuando reuniões da Comissão Inter-ministerial dos Assuntos do Mar”, resume Miguel Marques.

Para além destas reivindicações, os grupos industriais pedem ao Governo – um esforço acrescido para continuar a promover a concertação social nos portos nacionais. “Um país com tanto potencial como Portugal tem na economia do Mar não pode deixar de ter uma estratégia eficaz para o aumento do investimento nas indústrias do mar, sob pena de o mar ser um proclamado desígnio, sem real prioridade de investimento”, afirma Miguel Marques.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

Verifique também

Luís Simões adere ao projecto Lean&Green da GS1 Portugal para reduzir pegada carbónica

Partilhar              A Luís Simões, líder no mercado de fluxos rodoviários entre os dois países ibéricos, é …

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.