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ICES recomenda paragem total da pesca da sardinha em 2018

O Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (CIEM, em inglês, ICES) divulgou hoje, 20 de Outubro, o parecer científico sobre a pesca da sardinha ibérica para 2018, onde recomenda uma paragem total desta actividade. A PONG-Pesca lamenta o impacto na actividade de pescadores e indústria, mas considera ser uma medida necessária, pois “pois os pareceres científicos e as informações vindas do mar já há muito tempo nos dizem que a sardinha está à beira do colapso, diz o coordenador daquela plataforma, Gonçalo Carvalho.

A Plataforma de Organizações Não Governamentais sobre a Pesca (PONG-Pesca) salienta que esta recomendação “evidencia a má situação do stock da sardinha ibérica e deve ser seguida para dar as melhores hipóteses possíveis de recuperação, juntamente com a adopção de outras medidas de gestão e protecção da sardinha e dos habitats que lhe são essenciais”.

Em comunicado, a PONG-Pesca “lamenta os impactos negativos que esta medida terá no sector da pesca, transformação e comercialização de pescado, mas considera que estes devem ser menorizados através do redireccionamento para outros stocks e de medidas de valorização da actividade”.

O CIEM divulgou hoje o seu parecer para as possibilidades de pesca de sardinha ibérica para o ano de 2018, recomendando uma paragem total da pesca a esta espécie. O documento – para o qual contribuem os investigadores do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) – faz uma descrição detalhada da situação dramática em que este stock tem estado nos últimos anos.

Perante este quadro, e como vem indicando há vários anos, a PONG-Pesca apela ao Governo que “siga as recomendações científicas, articulando as medidas de recuperação e gestão com Espanha. A plataforma alerta para a necessidade de se fazer “um esforço na gestão da pescaria da sardinha ibérica com recurso a um plano de recuperação nos próximos anos e esperar assim que haja sinais claros de recuperação do stock para se voltar a ter uma pescaria revitalizada e sustentável”.

O Ministério do Mar, liderado por Ana Paula Vitorino, já fez saber que não é possível “manter o actual nível de capturas” de sardinha e disse que vai avançar com várias medidas (ver aqui).

Sardinha está à beira do colapso

Segundo Gonçalo Carvalho, coordenador da PONG-Pesca, “a situação é lamentável, mas não é de todo inesperada, pois os pareceres científicos e as informações vindas do mar já há muito tempo nos dizem que a sardinha está à beira do colapso. É tempo de parar a pesca à sardinha e tomar todas as medidas para esta poder recuperar”.

A PONG-Pesca reforça a importância do trabalho do IPMA e todo o seu esforço para assegurar a credibilidade dos dados que forneceram ao CIEM para a elaboração deste aconselhamento. Na situação actual é ainda “imperativo intensificar o esforço no desenvolvimento de estudos científicos que permitam encontrar respostas e soluções” pelo que a PONG-Pesca apela ao reforço na capacitação (recursos humanos, financeiros e institucionais) das entidades nacionais que fazem investigação em biologia pesqueira e avaliação de stocks, “não só para a recuperação da sardinha, mas também para podermos com confiança pescar outras espécies, como a cavala e o biqueirão, sem correr os riscos de os esgotar”, acrescenta Gonçalo Carvalho.

A PONG-Pesca mantém a sua “disponibilidade e empenho em colaborar na procura de soluções para a frota do cerco”. Como tal, chama a atenção para a necessidade premente de encontrar alternativas que podem passar, por exemplo, por redireccionar o esforço de pesca da frota para outras espécies. Outras soluções podem passar pela valorização de outras espécies e pela diversificação da actividade das embarcações e dos profissionais da pesca, como o turismo ou outras pescarias.

“Permitir a continuação da pesca da sardinha nesta altura não só põe em risco o stock, como todas as pessoas que dependem da pesca do cerco. É tempo desta pescaria existir para além da sardinha, introduzindo medidas essenciais para a sua continuidade a curto, médio e longo prazo”, acrescenta o mesmo responsável.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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