O GPP — Gabinete de Planeamento Políticas e Administração Geral, do Ministério da Agricultura, considera que, a “médio prazo, pode ser antecipada a continuidade de redução de preços do trigo, mas no milho análise deve ser mais cautelosa face à revisão da produção mundial em baixa”, devido a quebras de produção na União Europeia e nos Estados Unidos.
Os dados da situação sobre os mercados agrícolas e conjuntura actual dos cereais foram avançados no IV Fórum da Pioneer, realizado a 16 de Novembro.
Segundo o GPP, “as actuais perspectivas para o futuro do sector dos cereais dependem, em grande parte, do conflito Rússia-Ucrânia que continua a agravar os sobrecustos de energia, fertilizantes, logística e transportes. Num cenário de incerteza, estima-se no entanto uma potencial estabilização, com a continuação da redução dos preços de trigo, existindo porém maior volatilidade e tendência de subida no milho”.
Subsiste no entanto “um quadro de incerteza, dependente nomeadamente da manutenção de vias de acesso às mercadorias, efeitos do acordo do Mar Negro e retoma dos fluxos comerciais condicionados pela inflação, com os sobrecustos ainda derivados do impacto da Covid. As perspectivas futuras dependem ainda do impacto e oportunidade das iniciativas que venham a ser adoptadas a nível europeu, da ameaça de recessão económica e da situação climática”, acrescenta.
Mercado nacional
Na apresentação do GPP, foi ainda transmitido que, no que respeita ao mercado nacional, “confirma-se que a campanha cerealífera 2021/2022 foi marcada pelo impacto da seca severa e extrema, que acompanhou grande parte do ciclo vegetativo dos cereais de Inverno, sendo uma das piores campanhas registadas. O impacto foi elevado nas culturas de Primavera mesmo com rega, prevendo-se uma redução de 5% da produtividade do milho, tendo o preço dos factores e a escassez hídrica limitado os efeitos potenciais da subida do preço. Registou-se também uma quebra de 20% da produção de arroz, acompanhada de diminuição de qualidade, resultado dos choques de calor de Julho e Agosto”.
Ainda segundo o GPP, nos últimos quatro anos cerca de 80% da quantidade de milho importada teve origem em países terceiros dos quais, a Ucrânia representa 46%, seguida pelo Brasil com 41% da média anual de importações de países terceiros. A nível global, a Ucrânia representou cerca de 38% das importações totais de milho nacionais de 2018 a 2021. No caso do trigo, as importações são predominantemente de origem na UE, com França em destaque.
Pode ler a apresentação do GPP aqui.
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