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Novos fundos podem ajudar burro mirandês

O burro mirandês, que se encontra  em risco de extinção nos próximos 50 anos, pode vir a ser uma das espécies que vão beneficiar dos fundos europeus para a conservação e melhoramento de recursos genéticos animais. As regras do novo regime de apoio no âmbito do Fundo Europeu Agrícola e de Desenvolvimento Rural foram publicadas hoje, em Diário da República.

A portaria do Ministério da Agricultura e do Mar estabelece o regime de aplicação dos apoios para promover a conservação de raças autóctones de bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equídeos e galináceos. Além disso, prevê a recolha e preservação de material genético no banco português de germoplasma animal.

Os apoios destinam-se a pessoas colectivas, públicas e privadas, mas os critérios de candidatura a estes fundos europeus ainda estão por definir. Esta informação será publicada no portal do PDR2020 e no portal do IFAP   Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, segundo a portaria.

O apoio será concedido em forma de subvenção não reembolsável, condicionada aos custos, a partir dos quais se calcula uma taxa de apoio.

Segundo o Ministério, “na pecuária, as raças autóctones contribuem para a melhoria da viabilidade das explorações em zonas rurais com poucas alternativas, para a melhoria do ambiente e da paisagem rural, tendo em conta os sistemas extensivos a que estão associados, sendo um exemplo de multi-funcionalidade na actividade agrícola e constituem um contributo indispensável para os sistemas de produção em equilíbrio com o meio ambiente”.

Um burro dócil em extinção

O burro mirandês possui características únicas, entre as quais a pelagem de cor castanha escura com gradações mais claras nos costados e face inferior do tronco, um pêlo comprido e grosso e orelhas grandes, largas na base e arredondadas na ponta, e com pêlo abundante.

Com uma cabeça volumosa, o burro mirandês tem um focinho curto com a extremidade branca, lábios grossos. olhos rodeados por uma mancha branca, pescoço curto e grosso e peito largo. É de estatura elevada, mais do que 1,20 metros de altura chegando aos 1,35 m, sendo fisicamente robusto, com patas grossas e temperamento dócil. E está em perigo.

A raça Asinina de Miranda ou a raça Burro Mirandês pode extinguir-se nos próximos 50 anos. Esta é uma das conclusões do trabalho de investigação de Miguel Quaresma, Médico Veterinário na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) que, na sua tese de doutoramento, se debruçou sobre a análise da demografia e reprodução da população da raça Asinina de Miranda.

“Quisemos prever a progressão da raça sob as actuais condições de maneio e identificar as variáveis vitais à sua sobrevivência. Concluímos que a raça está actualmente em risco de extinção”, afirma Miguel Quaresma. O estudo aponta como factores críticos de extinção a baixa percentagem anual de fêmeas em reprodução, “devida principalmente ao abandono progressivo da criação destes animais”.

“Estima-se em 600 indivíduos a população reprodutiva, que está envelhecida, onde menos de metade das fêmeas de raça pura registadas pariram e algumas pariram uma única vez” esclarece o investigador.

Elevada mortalidade das crias

Mas, outros factores põem em causa a preservação da espécie. A taxa de mortalidade em burrancos (crias) no primeiro mês de vida é um deles, tendo-se verificado que é “que é mais alta nos machos e mais baixa nas fêmeas”. Igualmente, em idade avançada, as fêmeas tem um menor sucesso reprodutivo (a partir dos 15 anos de idade), o que contribui para os riscos de extinção.

“A proporção de partos/animais vivos é baixa, não sendo suficiente para a manutenção da raça”. Alerta o especialista. Mas, acrescenta, caso aumente o número de crias, “uma pequena percentagem de fêmeas a reproduzir será suficiente para manter a população”.

Outro dos factores de risco para a conservação da raça do Burro Mirandês é o aumento da consanguinidade. Esta deve-se, segundo o estudo, a factores como à baixa taxa de reprodução, ao reduzido número de machos, à desigual contribuição para a genética populacional e ainda à contribuição desigual dos diferentes criadores para a genética da população. A solução passa mais uma vez pelo aumento do número de animais utilizados na reprodução.

“Um número maior de machos deve ser introduzido na reprodução em busca de uma contribuição igual de sua genética para a raça, especialmente dos menos representados. O mesmo se aplica para as burras em idade reprodutiva”, sustenta Miguel Quaresma.

Neste estudo foi também a analisada a fisiologia reprodutiva das fêmeas da raça mirandesa. As principais conclusões indicam que a “perda de condição corporal no Inverno pode afectar a capacidade de reprodução e a elevada taxa de gestações gemelares”, mas também que a altura do ano em que as crias nascem pode ser “importante para a sua sobrevivência”.

Conhecido o “papel fundamental” no equilíbrio ecológico das zonas rurais, urge a procura de programas de melhoramento da raça. Mas, factores como a idade dos agricultores, a localização na região de origem, e o tamanho da fazenda “podem contribuir negativamente” para estes programas, alerta o médico veterinário.

“Havendo interesse na conservação e caracterização da raça, devem ser criados incentivos adicionais para a procriação”. Por isso o responsável acredita que políticas de estímulo para criadores e proprietários mais jovens e o apoio a proprietários mais velhos podem fazer parte da solução.

“Novas estratégias para o uso sustentável do Burro Mirandês devem ser fomentadas para combater a variação negativa em práticas agrícolas que deixaram os rebanhos tradicionais com nenhum incentivo para se reproduzir”, salienta.

Pelo que, o turismo, a asinoterapia, a produção de leite de forma sustentável, respeitando o bem-estar animal, ou ainda a utilização do Burro Mirandês como animal de estimação, apresentam-se como “possíveis soluções para sustentabilidade da raça”, conclui o investigador.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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6 comentários

  1. Boa noite,
    200 € por cada burro anualmente? em 5 anos são 1000 €
    É isso?

  2. ola bom dia
    gostava de obter um contanto com alguém que me pudessem ajudar,gostava de comprar uma fêmea mirandesa [burra] mas gostava de trocar algumas duvidas .
    pois tenho boas condições em árias de terreno
    sem mais assunto
    estou na zona de Guimarães
    muito obrigado

  3. Fernando Alberto Matos Simão Leal

    Não tenho comentários a fazer.
    Tenho exploração pecuária na área de ovinos, no concelho de Pinhel.

    Gostaria de me dedicar a criar burras Mirandeses.
    Para tal necessitava de obter algumas noções e ao mesmo tempo adquirir alguns animais.
    Exploração com 20 hectares com bons lameiros e terras altas centeeiras, boas instalações
    e boas cotas de água.
    A referida área está toda vedada com rede ovelheira e em parques, alguns com uma fiada
    de arame farpado à altura de 1,20 mts.

  4. Boa noite. Tenho um burro anão, macho com cerca de ano e meio. pretendo mantê-lo com animal de companhia e inseri-lo na minha quinta pedagógica. Preciso de mais algum esclarecimento sobre este animal e que tipo de apoios posso requerer ao estado. De momento o animal esta numa propriedade com 4ht. Alimenta-se de pasto natural e legumes crus. Tem abundancia de água mas ainda não tem abrigo para inverno. Estou situada no Alentejo central, mais propriamente no distrito de Évora. Obrigada

  5. tenho tres buras mirandesas um parida de 3 meses não sei a que apois tenho direito tenho procurado e nada mas ha mais gente na mesma situação sera que o subcidio é a parte ou vem incluido no PU? se alguem me souber informar agradeço . Obrigado

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