Fenareg: regadio é a chave para inverter o défice da balança agroalimentar portuguesa

A Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal realiza no dia 6 de Novembro, no LNEC (Lisboa), as XVI Jornadas do Regadio, sob o tema “Regadio: um olhar para o futuro”, e com o Alto Patrocínio do Presidente da República. O evento assinala o 20.º aniversário da Federação e lança um alerta estratégico sobre a “necessidade de executar, com urgência, a Estratégia Nacional Água que Une — considerada essencial para reforçar a produtividade, sustentabilidade e competitividade da agricultura portuguesa”.

“Portugal vive um momento decisivo que pode inverter a actual dependência agroalimentar superior a 60%. A Fenareg defende que modernizar as infra-estruturas existentes e aumentar a área de regadio são condições indispensáveis para reduzir este défice e consolidar uma agricultura mais produtiva e sustentável”, avança uma nota de imprensa da Federação.

Actualmente, o regadio representa 30% do Valor de Produção Padrão Total Agrícola (VPPT), mais de €2 mil milhões 1, e cobre 633 mil hectares 2, cerca de 17% da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) 3. Nos últimos anos, a modernização do sector permitiu melhorar em mais de 80% a eficiência no uso da água, assegurando maior sustentabilidade e rentabilidade, acrescenta.

Segundo a Fenareg, aumentar a área de regadio de 17% para 20,2% do SAU (Superfície Agrícola Utilizada), conforme previsto na Água que Une, é “a chave para reduzir o défice agroalimentar anual (superior a €5 mil milhões em 2024 – fonte INE) e gerar superavit, criando mais emprego num sector que já tem cerca de 147 mil postos de trabalho directos 4, reforçando a coesão territorial e aumentando o peso da agricultura na economia nacional – um sector que, em 2024, contribuiu com €5,8 mil milhões para o PIB, com as exportações do agroalimentar a totalizarem os €10 mil milhões e a crescerem 8,5% (dados PortugalFoods)”.

Cada ano sem investir em regadio custa mais de 500 M€

“O regadio é uma infra-estrutura económica essencial, ao nível da energia ou dos transportes, e deve ser tratado com a mesma prioridade estratégica. Sem investimento rápido e contínuo, Portugal arrisca-se a perder capacidade produtiva, a aumentar a dependência das importações e a afastar-se de uma balança agroalimentar com saldo positivo – um objectivo hoje plenamente alcançável se avançarmos de forma imediata e com determinação na execução da Estratégia Água que Une,” afirma José Núncio, Presidente da Fenareg.

“O custo da inacção é enorme: o país perde cerca de €4.500 por hectare, todos os anos, por não investir em regadio. Em dez anos, isso representa mais de €5,4 mil milhões, um valor superior ao investimento total previsto até 2030,” conclui.

Jornadas 2025: debate estratégico sobre futuro do regadio

As XVI Jornadas do Regadio reúnem decisores, especialistas e representantes do sector num debate de alto nível sobre o futuro da água e do regadio em Portugal e na Europa, num contexto de reforma da PAC e forte pressão sobre a produção agrícola europeia. Durante o evento será ainda lançado o Observatório do Regadio, uma nova ferramenta de monitorização e análise de dados para apoiar políticas públicas e decisões de investimento.

Portugal tem previstos mais de €10 mil milhões em investimento hídrico até 2040 – dos quais mais de €5 mil milhões a serem aplicados até 2030, que não permitem desvios ou atrasos significativos na execução da Estratégia Água que Une, essencial para modernizar sistemas, digitalizar operações e reforçar a eficiência hídrica. A nível europeu, a Estratégia de Resiliência Hídrica prevê €15 mil milhões até 2027 e um aumento de 10% na eficiência hídrica até 2030.

“A água é o elo que une economia, ambiente e território. O futuro da agricultura e da segurança alimentar depende da forma como gerimos este recurso estratégico. O momento é agora: se perdermos esta oportunidade, comprometemos a competitividade e a sustentabilidade dos territórios rurais,” alerta José Núncio, reforçando: “Sem regadio, não há agricultura moderna nem segurança alimentar”.

Participam nas XVI Jornadas: José Núncio, presidente da Fenareg; António Carmona Rodrigues, coordenador do Projecto Água que Une; Álvaro Mendonça e Moura (CAP); Francisco Gomes da Silva (AGROGES); Pedro Parias (FERAGUA – Asociación de Comunidades de Regantes de Andalucía); Gonçalo Morais Tristão (FENAREG); Paulo do Nascimento Cabral, Eurodeputado e Membro da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural; Nuno Russo e Gonçalo Rodrigues, ex-Secretários de Estado da Agricultura e Rui Veríssimo Batista (FENAREG).

Programa aqui.

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