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Europeus gastam 9,3 mil milhões de euros em cannabis por ano

A cannabis é a droga mais consumida na Europa e, segundo as estimativas, corresponde a cerca de 38 % do mercado retalhista de drogas ilícitas, no valor de mais de 9,3 mil milhões de euros por ano (entre 8,4 e 12,9 mil milhões de euros). Na União Europeia, cerca de 22 milhões de adultos consumiram‑na no último ano e aproximadamente 1% dos adultos europeus consomem‑na quase diariamente, aumentando o risco de problemas de saúde e sociais. Estas são algumas das conclusões relatório de 2016 sobre os mercados da droga da União Europeia (UE), publicado hoje, 5 de Abril, pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) e pela Europol.

O relatório estima que os cidadãos europeus gastam, no mínimo, 24 mil milhões de euros por ano em drogas ilícitas, cujo comércio constitui “uma das principais actividades lucrativas para a criminalidade organizada na Europa”. O relatório apresenta uma análise da situação do mercado das drogas ilícitas na UE, abrangendo a evolução ao longo da cadeia de abastecimento, desde a produção e tráfico, à comercialização, distribuição e consumo. Analisa igualmente os custos consideráveis que esses mercados acarretam para a sociedade, nomeadamente o seu impacto nas empresas, instituições governamentais, vizinhança, famílias, indivíduos e ambiente.

droga estimativa UECannabis europeia domina

Embora o mercado seja dominado pela cannabis herbácea cultivada no interior da UE, a “potência da resina de cannabis proveniente de Marrocos tem vindo a aumentar, podendo ser traficada para a União Europeia juntamente com outras mercadorias ilícitas e também com seres humanos,uma tendência que poderá agravar‑se devido à instabilidade reinante no Norte de África e no Médio Oriente”, adianta o relatório.

Relembre-se que segundo um artigo da Agricultura e Mar Actual, a Produção de cannabis pode gerar ganhos de 725 milhões por ano.

Inovação na produção de cannabis

Embora haja poucos dados sobre outras formas de cannabis disponíveis no mercado europeu, os dados de outras regiões, sobretudo dos Estados Unidos, sugerem que há “muitas possibilidades de inovação futura, especialmente no que respeita a produtos comestíveis, óleos ou cannabis para usar em vaporizadores”, salienta o relatório.

Historicamente, no mercado da UE, o óleo de cannabis só tem surgido em pequenas quantidades e de forma esporádica, mas as recentes notícias sobre a sua produção nos Estados Unidos “com utilização de gás butano são preocupantes, tanto do ponto de vista da saúde pública como de segurança pública”, diz o documento.

De um modo mais geral, “é provável que a existência de um grande mercado comercial lícito de cannabis nos Estados Unidos suscite uma maior inovação dos produtos, com possíveis repercussões na União Europeia”, adianta.

A produção interna da UE já é, todavia, sustentada por lojas em linha ou tradicionais que vendem artigos como equipamento de iluminação, sementes de variedades muito potentes e kits de produção de resina.

“Recentemente, foram detectadas resinas de cannabis muito potentes produzidas a nível interno, sendo muito possível que, no futuro, essas resinas comecem a ser objeto de produção comercial na UE. Uma ligação entre algumas ‘lojas de cultivo’ de cannabis e grupos criminosos envolvidos no tráfico e venda dessa substância motivou a adopção de medidas recentes na República Checa e nos Países Baixos contra este tipo de negócio. No entanto, tais medidas podem levar à deslocação das actividades para países vizinhos ou para o mercado em linha”, diz o relatório europeu.

Heroína em segundo lugar

O mercado de heroína é o segundo maior mercado de drogas ilícitas na UE, estimando‑se que ascenda a 6,8 mil milhões de euros por ano (entre 6 e 7,8 mil milhões). “É responsável por uma percentagem significativa de mortes relacionadas com a droga e tem elevados custos sociais”, pode ler-se no mesmo relatório. Após um período de declínio, “os recentes sinais de uma disponibilidade crescente podem prefigurar maiores perigos. A produção de ópio mantém‑se geralmente elevada no Afeganistão. As técnicas de produção, as localizações, as rotas de tráfico e os modi operandi são cada vez mais flexíveis e dinâmicos, como mostra o aumento nas grandes quantidades de heroína apreendida, indicando uma mudança para o tráfico em contentores marítimos, e estão a surgir novas rotas que envolvem a África, o Cáucaso Meridional, a Síria e o Iraque”, acrescenta o documento.

No entanto, a rota dos Balcãs continua a ser um corredor fundamental para a entrada de heroína na UE. O mercado também dá indícios de diversificação, com um consumo abusivo crescente de medicamentos sujeitos a receita médica e opiáceos sintéticos.

Cocaína vale5,7 mil milhões

A cocaína é o estimulante ilícito mais consumido na Europa, estimando‑se que o mercado retalhista desta droga ascenda a 5,7 mil milhões de euros por ano (entre 4,5 e 7 mil milhões de euros). A maior parte do consumo tem lugar na Europa Ocidental e do Sul e tem‑se mantido bastante estável nos últimos anos, apesar de haver indícios de uma maior disponibilidade desta droga. O cultivo de coca parece estar a aumentar, após um período de declínio, mas não se sabe ao certo quanta cocaína é produzida, nem onde a sua produção tem lugar.

O tráfico de cocaína para a Europa utiliza o transporte marítimo e aéreo, sobretudo a partir da Colômbia, do Brasil e da Venezuela. As Caraíbas e a África Ocidental continuam a ser importantes zonas de trânsito, a que vem agora juntar‑se a América Central. A utilização de contentores marítimos expedidos através de grandes portos europeus continua a ser um problema. Os múltiplos métodos de dissimulação desta droga têm vindo a evoluir, incluindo a sua incorporação em “materiais transportadores” (por exemplo, plástico), de onde é extraída por meios químicos quando chega à Europa.

Colômbia e Itália dominam fornecimento

“Os grupos colombianos e italianos continuam a dominar o fornecimento grossista de cocaína à Europa, em cooperação com outros grupos (por exemplo, holandeses, britânicos e espanhóis)”, diz o relatório. Há também grupos da África Ocidental, sobretudo nigerianos, que transportam cocaína de África para a Europa e os grupos de criminalidade organizada (GCO) balcânicos começam a intervir neste tráfico.

O relatório europeu estima‑se que o mercado dos principais estimulantes sintéticos, anfetamina, metanfetamina e MDMA, ascenda, no mínimo, a 1,8 mil milhões de euros por ano (entre 1,2 e 2,5 mil milhões de euros) no caso das anfetaminas (incluindo metanfetamina) e a 0,67 mil milhões de euros (entre 0,61 e 0,72 mil milhões de euros) no do MDMA/ecstasy. As anfetaminas tanto atraem os consumidores de droga recreativos como os mais marginalizados e o seu mercado interage com os da cocaína e de algumas novas substâncias psicoativas.

Recentemente, a disponibilidade de produtos de MDMA de dosagem elevada e o maior consumo de metanfetamina têm suscitado preocupação. Na União Europeia, os Países Baixos e a Bélgica são importantes para a produção de MDMA e anfetamina, enquanto a maior parte da metanfetamina parece ser produzida na República Checa. “A produção está a tornar‑se mais sofisticada e diversificada, e a utilização de novas substâncias químicas precursoras e pré‑precursoras pode aumentar os riscos para a saúde. A descarga de resíduos tóxicos também envolve riscos para a saúde e causa danos ambientais”, adianta o documento.

No mercado do ecstasy, o recurso a técnicas de comercialização mais agressivas está a tornar‑se mais visível, o que sugere concorrência entre fornecedores e uma orientação mais activa para grupos de consumidores específicos.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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