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Doenças na vinha: escoriose da videira

Artigo de opinião do site A Cientista Agrícola

Autora do artigo: Mafalda Reis Pereira, Engenheira Agrónoma

Escoriose da videira: uma das principais doenças na vinha

A escoriose é uma doença da vinha provocada pelos fungos Phomopsis viticola (escoriose americana) e Macrophoma flaccida (escoriose europeia) capaz de provocar importantes quebras de produção, principalmente pela quebra de sarmentos e pâmpanos, que causa dificuldades na poda dos anos que se seguem, e pela destruição de tecidos do lenho de sarmentos e ramos, que conduz à morte progressiva destes.

Podem também, embora raramente, afectar as inflorescências ou pequenos cachos e bagos nas proximidades da maturação, o que resulta na sua inutilização. Pode afectar a cultura desde a fase inicial do ciclo vegetativo. Saiba mais sobre uma das principais doenças que aparecem na vinha com este artigo.

Fonte: Syngenta

Escoriose na vinha: saiba mais sobre esta doença

Encontra-se em quase todas as regiões vitícolas do mundo, e ocasiona graves prejuízos nas zonas com primaveras pluviosas e temperaturas amenas.

Na Primavera, o fungo pode instalar-se em todos os órgãos herbáceos da vinha.

Esta doença é facilmente identificável, pelo aparecimento de pequenas manchas pretas, arredondadas ou lineares, mais ou menos profundas nos entrenós da base dos pâmpanos (ramos tenros, isto é, com menos de um ano, ou rebentos de parra).

Os cachos, pedúnculos de frutos, nervuras principais e pecíolos das folhas podem apresentar sintomas semelhantes.

Nas folhas observam-se manchas negras com auréola amarela que podem ser confundidas com os sintomas da acariose (portanto, ataque por ácaros). Podem aparecer enrugadas, com empolas e deformadas, devido às dificuldades de crescimento nas zonas necróticas (zonas de morte celular).

Nos ataques mais fortes, as folhas secam prematuramente, ficando os pecíolos presos às varas. Nesta época, os gomos da base das varas afectadas poderão não abrolhar ou originar crescimentos mais lentos.

Fonte: Syngenta

No Verão, nos sarmentos, surgem necroses (manchas resultantes da morte celular) acastanhadas, estriadas e em forma de fuso com crostas escuras superficiais bem individualizadas e lesões extensas com estrias perpendiculares, com aspecto encortiçado. Portanto, depois de inicialmente isoladas podem unir-se formando placas de cor castanhas fáceis de observar pelo contraste com a cor verde do pâmpano.

Existe a possibilidade de surgirem golpes mais ou menos profundos.

A formação de um estrangulamento na base das varas afectadas, conduz a um enfraquecimento nesse ponto de inserção com a madeira mais antiga. Pela acção do vento e de práticas culturais, as varas bem desenvolvidas partem (uma das mais graves consequências da doença).

Os bagos podem apresentar manchas castanho claras que vão escurecendo, e se cobrem de pontuações pretas dispostas em círculos concêntricos (frutificações), que acabam por secar, sendo muito rara a manifestação deste sintoma em certas regiões.

No Outono e na época da poda é possível observar, além destes fendilhamentos, varas esbranquiçadas a partir da base e a presença, nessa zona, de numerosas manchas de cor preta (picnídios).

Fonte da imagem: Marketing Agrícola

A conservação do fungo durante o Inverno, faz-se sob a forma de micélio, nos gomos, e picnídios, nos sarmentos, e também nos troncos e ramos. Quando estamos perante uma humidade elevada os picnídios emitem cirros brancos gelatinosos de esporos que podem penetrar nos órgãos herbáceos.

Os esporos necessitam de água para germinar, sendo que a humidade relativa ideal é superior a 95%. Estes sofrem uma disseminação limitada, a curtas distâncias, promovida pelo vento e pela água das chuvas, ficando assim a doença bem localizada em torno da infecção. A disseminação para grandes distâncias só se faz por transporte de material vegetal, material de poda e garfos para enxertia que estejam infectados.

Na Primavera, pela acção da chuva, os esporos podem ser libertados dos picnídios contaminando os rebentos jovens.

As infecções só ocorrem nos estados fenológicos em que ocorre a saída das folhas (até 2-3 folhas livres), com temperaturas entre os 8ºC e os 10ºC e com chuva com duração de pelo menos 12 horas.

No entanto, para um óptimo desenvolvimento da escoriose são ideais temperaturas compreendidas entre os 15ºC e os 18ºC e um período de humedecimento de 7 a 10 horas consecutivas.

Fonte: ADVID

A Cientista Agrícola

 
       
   
 

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