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Dia Mundial Contra a Raiva celebra-se a 28 de Setembro. Como prevenir esta zoonose?

O Dia Mundial Contra a Raiva celebra-se a 28 de Setembro. Esta iniciativa, criada e coordenada pela Global Alliance for Rabies Control – GARC, em parceria com vários organismos públicos (OMS, OIE, FAO) e privados, bem como comunidades de voluntários em todo o Mundo, pretende alertar para o problema que a raiva representa, envolver todos e incentivar à participação activa para eliminar esta doença, através de uma rede de actuação, divulgação e partilha das acções realizadas, explica a DGAV — Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária.

Esta iniciativa tem como objectivos consciencializar para o grave impacto que a raiva representa na saúde pública e na saúde animal, divulgar boas práticas para prevenir esta zoonose e incentivar todos a colaborarem para erradicar esta doença no Mundo.

Em 2021, o tema escolhido para a Comemoração do Dia Mundial Contra a Raiva, pretende sensibilizar para a importância do conhecimento e divulgação dos factos promovendo o combate à desinformação.

A raiva é uma Zoonose grave. Portugal é um país indemne de raiva – o último caso de raiva autóctone registado em Portugal ocorreu em 1960. No entanto, a vacinação anti-rábica é obrigatória nos canídeos.

A Portaria n.º 264/2013 de 16 de Agosto, determina a obrigatoriedade de, a nível nacional, todos os cães com três ou mais meses de idade disporem de vacina anti-rábica válida.

A vacinação anti-rábica pode ser realizada recorrendo à campanha oficial através do Médico Veterinário Municipal, ou através de qualquer médico veterinário da escolha do detentor.

Factos sobre a raiva

A raiva é uma zoonose mortal. Todos os anos morrem cerca de 59.000 pessoas devido à raiva, na maioria crianças que vivem em meios rurais. A cada 9 minutos uma pessoa morre no mundo em consequência da raiva. Mais de 95% dos casos de raiva em humanos devem-se a mordeduras de cães infectados.

Praticamente 100% dos casos de raiva em humanos podem ser evitados. A solução é vacinar os cães: vacinando, pelo menos, 70% dos cães podemos eliminar quase todos os casos de raiva no homem.

Ao vacinar um cão estamos a contribuir para eliminar a raiva e tornamo-nos membros activos para o objectivo comum de erradicação da raiva, realça a DGAV.

Perguntas e respostas

Para saber tudo sobre esta zoonose, o agriculturaemar.com aqui transcreve uma série de “Perguntas frequentes sobre a Raiva“, elaborada pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária:

O que é a Raiva?

A Raiva é uma doença viral que afecta o sistema nervoso central dos mamíferos incluindo o homem. O vírus encontra-se na saliva dos animais infectados. A doença é normalmente transmitida através da mordedura de um animal infectado com raiva, na maior parte dos casos cães e outros carnívoros.

Qual é o agente da Raiva?

A Raiva é provocada por um vírus que pertence ao género Lyssavirus que causa encefalite. Há várias estirpes do vírus da raiva clássica, cada qual adaptada a determinadas espécies como reservatório: mais frequentemente cães domésticos, mais raramente gatos e, dependendo do continente, várias outras espécies de mamíferos da ordem dos carnívoros (raposas, cães mapache, etc.) ou dos quirópteros (morcegos).

Qual a importância da Raiva no Mundo?

A Raiva está presente em todos os continentes excepto na Antártica. Alguns países são indemnes de Raiva, noutros, particularmente na África e na Ásia, a doença mantem-se endémica, ocorrendo quer em cães quer em reservatórios silvestres, como por exemplo nos morcegos. Em média, no mundo, morre pelo menos uma pessoa a cada 10 minutos em consequência da Raiva: a Raiva mata cerca de 70.000 pessoas todos os anos, a maior parte dos casos crianças com menos de 15 anos, sobretudo como resultado da exposição a cães com a doença, segundo a OMS.
Por isto, a primeira prioridade para prevenir os casos mortais nos humanos, deve ser o controlo da doença nos cães, incluindo nos errantes.

Existe Raiva em Portugal?

Não, Portugal é um país oficialmente indemne de Raiva desde 1961. O último caso de raiva animal autóctone registado no nosso país ocorreu em 1960.

Como se transmite a Raiva?

A raiva transmite-se através da saliva de um animal infectado. A infecção ocorre sobretudo através de mordedura: em mais do que 95% dos casos nos humanos é provocada pela mordedura de cães infectados. Mais raramente pode ocorrer na sequência do contacto da saliva infectada com uma ferida aberta ou com membranas mucosas, por exemplo boca, nariz e olhos.

Como é que o vírus da Raiva se propaga no organismo?

O vírus geralmente mantem-se no ponto de entrada durante algum tempo antes de progredir ao longo dos nervos até ao cérebro. No cérebro, o vírus multiplica-se rapidamente dando origem aos primeiros sintomas, e daqui dissemina-se, através dos feixes nervosos até aos órgãos e glândulas salivares, de onde é excretado.

Qual é o período de incubação da Raiva?

O período de tempo até surgirem os primeiros sintomas num animal infectado é muito variável, podendo ir desde alguns dias até seis meses, ou até mais, o que depende da estirpe do vírus, da espécie do animal, do próprio individuo e do ponto de entrada no organismo – o período de incubação será tanto mais curto quanto mais próximo for o ponto de inoculação em relação ao Sistema Nervoso Central. Regra geral, a doença só se transmite aos outros animais e ao Homem, através da saliva do animal infectado, após a manifestação dos primeiros sintomas, mas por vezes, o animal infectado pode transmitir vírus antes ainda do aparecimento dos sinais clínicos. Quando surgem sintomas a doença é sempre fatal, quer no Homem quer nos animais.

Quais são os sinais clínicos da Raiva nos animais?

Não existem sinais clínicos específicos exclusivamente da raiva. Quase sempre os animais infectados com o vírus da raiva alteram os seus comportamentos, mas os sinais são muito variáveis em função do efeito do vírus no cérebro.

Na forma clássica da raiva as alterações de comportamento nos animais infectados podem fazer com que estes, especialmente os silvestres, percam o receio natural em relação aos outros animais e ao Homem, fazendo com que se aproximem e entrem em contacto com outros animais ou com as pessoas; nalguns casos, animais de temperamento dócil tornam-se agressivos e procuram morder de forma descontrolada pessoas, outros animais e objectos. À medida que a doença progride surge paralisia progressiva que resulta invariavelmente em morte. Pode mesmo acontecer que um animal morra subitamente sem manifestar quaisquer sinais clínicos significantes.

Como se previne a Raiva?

A principal medida de prevenção contra a Raiva é através da vacinação dos animais de companhia contra esta zoonose: em Portugal, a vacinação anti-rábica dos cães é obrigatória desde 1925. Apenas se um animal de companhia se encontrar devidamente vacinado contra a raiva poderá garantir-se que se encontra protegido caso venha a contactar com um animal infectado com raiva que entre clandestinamente vindo de um país onde existe raiva.

Qualquer episódio de agressão a pessoas ou a animais por parte de cães, gatos ou outros animais sensíveis à raiva deve ser reportado às autoridades. Como medida de salvaguarda, nunca levar para dentro de casa nem adoptar animais silvestres. Não introduzir em Portugal, ou noutros países, animais sem as devidas autorizações (ver aqui).

Como se diagnostica a Raiva?

Apenas a um médico veterinário compete a avaliação clínica de um animal suspeito de raiva. Pode suspeitar-se da ocorrência de raiva com base em sinais clínicos, mas são necessários testes laboratoriais para confirmar o diagnóstico: só através do exame laboratorial (realizado num laboratório autorizado) de material colhido após a morte do animal pode obter-se um diagnóstico inequívoco.

O que fazer caso um animal sensível à raiva seja agredido por outro animal também sensível à Raiva?

Qualquer situação em que tenha ocorrido mordedura ou arranhadura por um animal doméstico ou silvestre deve ser investigada: a ocorrência de agressão deve ser reportada à autoridade veterinária concelhia (médico veterinário municipal) para desenvolver as medidas apropriadas, sem prejuízo da avaliação dos critérios de risco decorrentes do inquérito epidemiológico.

A legislação nacional prevê que qualquer animal sensível à raiva que tenha agredido outro, e também o animal agredido, seja sujeito a um período de vigilância veterinária durante, pelo menos 15 dias, para descartar qualquer hipótese de ter havido infecção pelo vírus da raiva. Pese embora Portugal seja um país indemne de raiva, pode ocorrer a entrada clandestina de um animal que se tenha infectado com o vírus da raiva noutro país.

O incumprimento das determinações do médico veterinário municipal, ou das entidades policiais ou de segurança, nomeadamente em relação à apresentação do comprovativo da vacinação anti-rábica válida, ou para a apresentação do animal no Centro de Recolha Oficial para os necessários procedimentos previstos na legislação aplicável, constitui crime de desobediência, punível com pena de prisão ou com pena de multa, de acordo com o artigo 348º do Código Penal.

Saiba mais sobre a raiva aqui.

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