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Criadores de Porco Alentejano investem 1,1 M€ na melhoria genética da raça

O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos anunciou que aprovou um projecto de 1,1 milhões de euros de apoio, no âmbito do PDR 2020, para melhoramento genético do Porco Alentejano. A candidatura é do ACEPA – Agrupamento Complementar de Empresas do Porco Alentejano, de que a ANCPA – Associação Nacional dos Criadores de Porco Alentejano é membro.

“Preparar o futuro é gerir bem o presente”, disse o governante. O anúncio foi feito no passado dia 2 de Setembro no Dia do Porco Alentejano, comemorado na Expomor, em Montemor-o- Novo.

O ministro anunciou ainda que irá atribuir à ANCPA uma Medalha de Ouro, pelo trabalho relevante desenvolvido por aquela  associação em prol da agricultura portuguesa ao longo de 25 anos.

Durante a conferência comemorativa dos 25 anos da ANCPA, a que assistiram várias dezenas de pessoas, o seu secretário-geral, Pedro Bento, recordou alguns dos marcos históricos da actividade da associação, e apontou o caminho do futuro: “A aposta no conhecimento, através de investigação aplicada sobre maneio de reprodutoras, melhoria genética da raça e optimização da alimentação são desafios fundamentais, a par com a assistência técnica focada na eficiência e na sustentabilidade das explorações e na orientação para o mercado”, afirmou.

Por sua vez, Luís Bulhão Martins, presidente da ANCPA desde 2008,  lembrou ainda a importância da “cooperação bilateral excepcional entre criadores e indústria (portuguesa e espanhola), ao longo destes 25 anos, fundamental para a valorização do Porco Alentejano”.

Estratégia de promoção

E, num mercado concorrencial como o que se vive nos dias de hoje, a questão da marca esteve também em debate. Raquel Lucas, investigadora da Universidade de Évora, desafiou os criadores a implementar uma estratégia de promoção de longo prazo, assente numa marca que posicione a carne e os produtos derivados do Porco Alentejano num “patamar de excelência, como produto exclusivo, uma jóia da gastronomia”.

Segundo esta especialista em marketing, é preciso encontrar o consumidor que está disposto a pagar um preço extra por produtos excepcionais e  apresentar-lhe uma proposta de valor, através da mensagem adequada. “Há que destacar a qualidade da raça, o seu maneio, a alimentação que valoriza os recursos endógenos de um ecossistema único – o montado -, um modo de produção sustentável e baixo em carbono e todo o património cultural a ele associado”.

A presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, Hortênsia Menino, associou-se a esta ideia, declarando a intenção de “afirmar Montemor como um pólo produtor de produtos alimentares de qualidade” e louvou a intenção de elevar a vila a “Capital Nacional da Pecuária Extensiva”, proposta apresentada por Joaquim Capoulas, presidente da APOMOR- Associação de Produtores de Bovinos, Ovinos e Caprinos da Região de Montemor-o-Novo, anfitriã do evento.

ANCPA, uma luta de 25 anos

Relembre-se que os primeiros 25 anos da ANCPA fizeram-se de lutas e conquistas pela conservação da raça, melhoria da produção e promoção do Porco Alentejano. Nos anos 90, a ANCPA passa a gerir o registo de nascimentos da raça (Livro Genealógico) e desenvolve o caderno de especificações para as Denominações de Origem Protegida (DOP) Carne de Porco Alentejano e Presunto de Barrancos, sendo a entidade responsável pelo seu controlo e certificação.

Na primeira década dos anos 2000, inicia a prestação de serviços de aconselhamento técnico aos associados, desenvolve rações próprias para complemento à montanheira e introduz um Gabinete Veterinário, ao mesmo tempo que aposta na concentração da oferta da produção do porco alentejano.

Em 2008, com o advento da crise, marcada por preços baixos e excesso de produção, a ANCPA juntamente com o sector investe na melhoria da competitividade das explorações e consegue, através da diferenciação da produção, assegurando preços acima da média do mercado aos seus associados. Ocorre uma redução do efectivo da raça (-60%), mas a maioria dos produtores mantêm-se na actividade.

Em 2012 inicia-se um novo ciclo de recuperação dos preços e do efectivo da raça. Desde então, a ANCPA cria a “Norma do Porco Preto”, constitui a Alporc- Agrupamento dos Lavradores Criadores de Porco Alentejano em 2014, e reforça o trabalho de promoção da raça na vertente gastronómica.

O Porco Alentejano é criado de forma extensiva, em sistemas “de grande respeito pela natureza, em que o pastoreio dos montados sobre azinho, na época da bolota, é a base da alimentação e condição obrigatória à genuinidade dos produtos”, garantem os responsáveis pela ANCPA. Do ponto de vista nutricional a grande diferença da carne de Porco Alentejano é a qualidade da gordura. Ao contrário de outras gorduras de origem animal, esta é bastante insaturada com perfis de mono-insaturação bastante elevados, o que favorece e/ou previne as doenças cardiovasculares.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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