O sector agro-alimentar nacional deve crescer 0,3% em 2016 e 1,8% em 2017, apesar do impacto negativo do Brasil e Angola sobre as exportações, indica um estudo da seguradora de crédito, Crédito y Caución.
Segundo o relatório da Crédito y Caución, a desaceleração da economia em mercados importantes como o Brasil e Angola implicou uma redução das exportações e dos níveis de investimento no sector agro-alimentar que foram também afectados negativamente pela moderação das previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 1% em 2016 e 1,2% em 2017.
A deflação de 2014 e 2015 teve igualmente um impacto negativo nas margens das empresas, “num ambiente de guerra de preços e forte concorrência”, salienta a seguradora.
O sector da carne, ainda a sofrer os efeitos do embargo russo, foi dos mais afectados. No entanto, os preços pagos ao produtor e pagos pelo consumidor voltaram a aumentar em 2016, o que deverá ter um efeito positivo nas margens das empresas.
Por sua vez, as notificações de não pagamento mantiveram-se estáveis em 2016 e não são esperados aumentos em 2017, demonstrando a resiliência do sector alimentar e um comportamento estável em termos de pagamentos.
Excesso de produção de carne
No entanto, a Crédito y Caución é cautelosa no que diz respeito ao sector da carne, ainda afectado pelo excesso de produção e descida das vendas nos mercados externos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2014, citados pela Crédito y Caución, o sector agro-alimentar é constituído por mais de 10.800 empresas, com um volume de negócios superior a 14.800 milhões de euros, que empregam mais de 104 mil trabalhadores.
O estudo, que inclui uma análise detalhada do sector em Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos, França, Hungria, Itália, Irlanda, Holanda e Polónia, salienta que, a nível global, a indústria agro-alimentar demonstrou ser mais resistente que outras actividades à instabilidade e mudanças de ciclo económico.
No entanto, a Crédito y Caución destaca que “muitas empresas de produção e transformação alimentar, principalmente as de menor dimensão, continuam sob pressão”, face a um ambiente concorrencial “feroz” onde o poder de negociação dos principais retalhistas e das cadeias de descontos tem crescido.
Neste âmbito, tendo em conta que “o aumento do poder negocial, parece alcançar-se melhor através da concentração” não surpreende que, em muitos mercados, “as actividades de fusão e aquisição e os processos de consolidação se tenham acelerado no sector alimentar”, destacam os analistas da seguradora, que dizem que as empresas alimentares continuam igualmente vulneráveis a determinados riscos súbitos, como a volatilidade dos preços dos produtos básicos e possíveis crises de saúde pública.
Pode consultar o estudo aqui.
Agricultura e Mar Actual