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Congresso Ibérico Agropecuário: Portugal e Espanha devem concertar posições na UE para defender características específicas da agricultura ibérica

O IV Congresso Ibérico Agropecuário, uma organização conjunta da CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal e da ASAJA – Associação Espanhola de Jovens Agricultores, juntou esta quarta e quinta-feira as principais personalidades do mundo rural português e espanhol, em Cáceres, Espanha. E juntaram mais de 300 agricultores para debater o mundo rural e alertar para “necessidade de os dois países concertarem posições na Europa. Em nome de uma agricultura ibérica mais forte”.

A necessidade de gerir e armazenar de forma mais eficiente a água, as potencialidades da agricultura regenerativa e a oportunidade dos créditos de carbono para a atingir a neutralidade das emissões de dióxido de carbono até 2050 na União Europeia foram temas de destaque no IV Congresso Ibérico Agropecuário. Neste domínio, CAP e ASAJA concordam com o princípio “poluidor-pagador”, mas reiteram igualmente que o “despoluidor” deve ser recompensado, defendendo o papel preponderante da agricultura enquanto agente de mitigação das alterações climáticas, refere uma nota de imprensa da CAP

Ambas as entidades prometem discutir este assunto junto do regulador europeu, destacando que “este sistema confere maior resiliência ao meio ambiente perante fenómenos climáticos extremos, maior disponibilidade de água, maior produtividade agrícola e novos fluxos de rendimento aos produtores agrícolas”.

No encontro, “mais de 300 agricultores ibéricos afirmaram a importância de Portugal e Espanha, à semelhança do que acontece noutras regiões da Europa como os países nórdicos e do Leste Europeu, estreitarem relações e trabalharem colaborativamente no sector agrícola para definir estratégias conjuntas, conquistando uma voz mais audível em Bruxelas e maior impacto nas políticas comunitárias”, refere a mesma nota.

Na sua intervenção no Congresso, Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, deixando uma palavra de solidariedade para com “todos os agricultores e produtores florestais portugueses que foram afectados pelos recentes incêndios que assolaram o País”, agradeceu também “a importante ajuda que Espanha concedeu no combate aos fogos”.

Referindo-se ao quadro de mudança a que assistimos na União Europeia, sublinhou que “nos traz esperança, com a nova Comissão a dar alguns primeiros sinais positivos no que diz respeito à defesa dos agricultores, quando comparados com o trabalho realizado nos últimos anos.” Por isso, defendeu: “Unidas, com posições concertadas e objectivos comuns, a CAP e a ASAJA devem dizer aos seus governos que trabalhem juntos pelo futuro da agricultura.”

Por sua vez Pedro Barato Triguero, presidente da ASAJA, referiu que “desafios comuns necessitam de soluções conjuntas. Este congresso, alicerçado na união da CAP com a ASAJA, decorreu perante uma recém-formada legislatura europeia, o que apresenta uma grande oportunidade de mudança pela qual temos de trabalhar, defendendo sempre os interesses da Península Ibérica, mas também do Sul da Europa”.

Portugueses e espanhóis manifestaram “total concordância na urgência em garantir preços justos e melhores condições de investimento em toda a cadeia de valor, em promover o desenvolvimento e inovação no sector e em formar os agricultores para a agricultura do futuro, que se prevê cada vez mais tecnológica”, realça a mesma nota.

A cidade de Cáceres, reconhecida como património mundial pela UNESCO, foi, assim, nos últimos dois dias, o epicentro do sector agropecuário ibérico. Debates, partilha de conhecimento e reuniões estratégicas marcaram a agenda, destacando-se o compromisso assumido pela CAP e ASAJA de continuarem a construir “pontes” e a promover sinergias na agricultura entre os dois países, salienta a mesma nota.

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