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Como resolver as principais pragas e doenças dos citrinos

Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola

Artigo adaptado da Circular nº 18 de 2021, da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.

Esta circular, bem como edições anteriores, pode também ser consultada e descarregada em

1 – https://portal.drapnorte.gov.pt/divulgacao/centro-de-documentacao/2-estacao-de-avisos-agricolas-do-entre-douro-e-minho

2 –  http://snaa.dgav.pt/

3 – https://drapnsiapd.utad.pt/sia/Circulares

(LARANJEIRA, TANGERINEIRA,LIMOEIRO, LIMEIRA, TORANJEIRA,CUMQUATE, CIDRÃO)

GOMOSE BASAL / GOMOSE PARASITÁRIA
Phytophthora sp.

Como medidas preventivas nesta época do ano, recomenda-se:
-Afastar as águas superficiais de escorrimento e de rega do colo do tronco das árvores (não abrir caldeiras e desfazer as que existam; abrir regos na entrelinha, fazendo a água de rega e de escorrimento circular apenas por aí, longe dos troncos).
-Manter uma boa drenagem do solo.
-Proceder à limpeza das ervas nos pomares, sobretudo junto do colo das árvores, reduzindo a concentração de humidade.

-Cortar os ramos inferiores da copa pelo menos a 50 cm do chão – por ser nestes que a doença incide mais facilmente.

-Desinfectar as lesões, de poda ou acidentais, nos ramos e tronco.

-As árvores muito enfraquecidas devem ser arrancadas. Se mais de metade da copa estiver ainda sã, podem ser adoptadas algumas medidas paliativas para adiar a morte da árvore.

-Fazer uma limpeza profunda das feridas, retirando todo o tecido morto e de seguida, aplicar um fungicida, por pulverização ou pincelagem e um isolante (tipo “isolcoat” ou cera de abelhas). Neste caso, deve ser feita simultaneamente uma poda ligeira.

As plantas arrancadas, ramos cortados e outros restos destas operações, devem ser queimados, assim que terminar o período de risco de incêndio. Se a lenha for para consumo doméstico, deve ser guardada ao abrigo da chuva, para não disseminar os fungos que causam a gomose.


MÍLDIO OU AGUADO
Phytophthora hibernalis; Phytophthora sp.

Os procedimentos recomendados para o combate à gomose, têm também efeitos positivos na prevenção e combate ao míldio.

Agora, que já se iniciaram as chuvas do Outono, deve aplicar um tratamento preventivo desta doença à base de cobre (calda bordalesa), atingindo muito bem toda a copa, ramos, folhagem e frutos.

Este tratamento deve ser repetido durante o Outono/Inverno, se ocorrerem períodos de chuva prolongados. Mais tarde, na Primavera, podem ser utilizados fungicidas à base de fosetil-alumínio.

Os tratamentos contra o míldio dos citrinos têm acção paliativa sobre a gomose, sobretudo se a calda for também aplicada sobre o tronco e o colo do tronco da árvore.

MINEIRA DAS FOLHAS DOS REBENTOS DOS CITRINOS
Phyllocnistis citrella

A praga desenvolve-se nos rebentos novos das árvores, nas folhas mais tenras das pontas.

Os ramos ladrões devem ser eliminados sistematicamente, pois contribuem para a manutenção e aumento das populações de P. citrella (e de Tryoza).

A mineira pode causar maiores perdas em viveiros, plantações novas, até 4 a 5 anos e em árvores reenxertadas.

Um dos dois períodos de rebentação mais importantes dos citrinos, sobretudo de laranjeiras e tangerineiras, alonga-se até fins de Outubro em algumas variedades. Um ataque grave de P. citrella nesta altura pode comprometer a produção do próximo ano.

Siga as regras da Prote ção Integrada:

-Proceda à estimativa do risco

-Observe 100 rebentos, ao acaso – 2 por árvore X 50 árvores – para determinar o nível económico de ataque. No caso de não ter 50 árvores, procure adaptar o método ao seu caso.

O nível económico de ataque recomendado para a mineira dos rebentos dos citrinos é o seguinte:
-árvores em viveiros – presença de sintomas.
-árvores jovens e reenxertadas – 10 a 15 % dos rebentos com minas frescas – larvas jovens(L1 e L2);
-árvores adultas (nas rebentações importantes) – 20 a 55 % dos rebentos com minas frescas – larvas jovens (L1 e L2).

Deve fazer um tratamento, se o resultado da estimativa do risco o justificar, apenas em viveiros e em árvores em produção com ataques graves de P. citrella. Direccione a calda insecticida para os rebentos jovens com sintomas recentes.

Os produtos a utilizar podem ser acetamiprida (CARNADINE, DARDO, EPIK, EPIK SG, EPIK SL, GAZELLE, GAZELLE SG, GAZELLE SL, STARPRIDE MAX) abamectina (APACHE EC, ASTERIA,
BERMECTINE, BOREAL, BOREAL PLUS, KRAFT ADVANCE, MARISOL, VERTIMEC 018 EC, ZORO,
VERTIMEC PRO, LAOTTA, ACAROX, VAMECTIM, RONDA, TIVOLI); azadiractina (ALIGN,), emamectinabenzoato (AFFIRM); metoxifenozida (PRODIGY); tebufenozida (MIMIC); milbectina (KOROMIT, MILBEKNOCK). [www.sifito.dgav.pt ,08/10/2021]

No controlo da mineira das folhas dos rebentos no Modo de Produção Biológico, podem ser utilizados insecticidas à base de azadiractina (ALIGN, FORTUNE AZA).

MOSCA BRANCA DOS CITRINOS
Aleurothrixus floccosus

Ataques de mosca branca prejudicam, sobretudo, o crescimento das árvores novas.

Os parasitóides e predadores controlam satisfatoriamente populações baixas de mosca branca. No entanto, se observar mais de 20% de folhas com colónias desta praga, pode aplicar um óleo parafínico (antes chamado óleo de Verão).

Trate apenas as árvores afectadas, de modo a poupar o mais possível os inimigos naturais da mosca branca.

MOSCA DO MEDITERRÂNEO
Ceratitis capitata

Temos registado capturas nas armadilhas e observado frutos diversos com larvas de mosca. Em alguns anos, a mosca do Mediterrâneo mantém-se activa na Região de Entre Douro e Minho até ao início do Inverno.

Mantenha a vigilância, fazendo uma inspecção regular ao pomar, procurando detectar frutos atacados pela mosca. Estes devem ser apanhados, incluindo os do chão e destruídos.

Na eventual aplicação de insecticidas contra a mosca, deve respeitar com rigor as doses, as formas de aplicação recomendadas e o intervalo de segurança do produto.

Nos citrinos, com os frutos a começar a mudar de cor ou ainda antes, pode aplicar uma calda à base de caulinos (Caulino Seco Micronizado, Clarity Surfeis, SUNPROTECT, SURROUND WP).

Ao secar, esta calda forma uma fina camada branca, que envolve os frutos, tornando-os pouco ou nada atractivos para a mosca e impedindo a postura dos ovos.

Consulte aqui a lista dos insecticidas e outros meios de combate à mosca do Mediterrâneo.

No Modo de Produção Biológico, são recomendados produtos à base de azadiractina, Beauveria bassiana estirpe ATCC 74040, spinosade, caulinos (consulte aqui).

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