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Como cultivar pepino: dicas úteis para o seu cultivo

Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola

O pepino pertence à família das cucurbitáceas e teve origem na região do nordeste da Índia e do Nepal. Com o nome científico Cucumis sativus, representa uma das 34 espécies que pertencem ao género Cucumis. Cultivada à milhares de anos, a cultura do pepino é um bom exemplo de uma cultura muito popular no continente europeu, verificando-se nos últimos anos que também o seu sistema cultural acabou por sofrer alterações (p.ex. a sua produção em estufa). Neste artigo, partilho consigo as principais dicas que deve ter em conta para cultivar pepino bem como as principais características e exigências edafoclimáticas da cultura.

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Saiba como a cultura do pepino cresce e se desenvolve

Após a germinação da plântula que constitui a primeira fase cultural, verifica-se uma acentuado crescimento vegetativo (com a produção foliar) em torno do caule destas plantas.

É importante também ter em conta que dependendo do tipo de cultivar escolhida poderá se observar diferenças significativas no que diz respeito ao tipo de ramificação e floração, por exemplo.

No que diz respeito às cultivares do pepino podemos destacar as cultivares monóicas e ginóicas.

As cultivares monóicas são caracterizadas por possuírem um caule com flores na sua maioria masculinas localizadas após o 3º ou 4º nó. Podem ainda possuir flores femininas nos nós localizados mais superiormente. Já nos ramos laterais as cultivares monóicas apenas existem flores femininas.

As cultivares ginóicas, pelo contrário, são as frequentemente utilizadas para produção em estufa e caracterizam-se pelos seus ramos laterais terem um desenvolvimento muito limitado ou praticamente nulo. As plantas destas cultivares apenas possuem flores femininas nos seus nós e o desenvolvimento dos frutos dá-se por partenocarpia (frutos formam-se sem fecundação).

Tanto num tipo de cultivares como noutro, as condições ambientais e as hormonas podem causar efeito na floração.

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Como cultivar pepino: principais exigências edafoclimáticas da cultura

Cultivar pepino não é difícil desde que se respeite as condições edafoclimáticas necessárias para garantir o seu crescimento e desenvolvimento.

O pepino caracteriza-se por ser uma cultura megatérmica, ou seja, requer temperaturas elevadas para o seu crescimento e desenvolvimento. Por essa razão, temperaturas baixas podem causar danos por frio bastante prejudiciais a esta cultura. Em termos de humidade, o pepino é mais exigente neste parâmetro quando comparado com o melão, reagindo bem a humidades relativas elevadas quando acompanhas por um aumento de temperatura.

No caso específico do pepino, humidades relativas entre 55 e 75% revelam-se muito eficazes no processo fotossintético. Humidades muito baixas podem causar o fecho dos estomas originando em muitos casos necroses apicais em muitos casos.

A cultura do pepino é muito exigente em termos de radiação solar especialmente em fases específicas do ciclo cultural tais como a floração. A escassez de luz pode ser por isso muito prejudicial.

No que diz respeito às exigências edáficas o pepino não é muito exigente, adaptando-se a uma diversidade enorme de solo. No entanto, a cultura do pepino adapta-se melhor a solos francos.

A salinidade pode ser um aspecto relevante nesta cultura dado que releva-se muitas vezes sensível a este parâmetro. A cultura do pepino adapta-se bem a valores de pH entre 5,5 a 7,5, sendo o pH óptimo 6,0-6,8.

Em suma, a cultura do pepino apresenta à tolerância à salinidade e acidez moderada.

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Como cultivar pepino: conheça o passo-a-passo

Antes de partilhar consigo o principal passo-a-passo para instalar a cultura da pepino, saiba que pode cultivar pepino de 2 formas distintas: ao ar livre (sobre o solo ou tutorada) e em estufa (no solo ou hidroponia).

Para iniciar o cultivo do pepino saiba que pode optar pela sementeira ou pelo transplante.

No caso de cultivar pepino ao ar livre, a sementeira poderá ser mais vantajosa, económica e capaz de produzir plantas com raízes mais bem desenvolvidas e profundas. No entanto, a sementeira desta cultura apenas deve ser feita quando a temperatura do solo subir de forma a que a cultura se estabeleça rapidamente. É importante ainda ter em consideração que antes de cultivar pepino deve garantir uma boa preparação do solo de forma a que a cama de sementeira seja nivelada e uniforme. Se pretender antecipar a instalação da cultura deve optar pela transplantação das plântulas desta cultura. No caso de optar pelo cultivo em estufa, a transplantação deve ser o método de instalação da cultura adoptado.

No entanto deve ter bem claro que o pepino revela-se por vezes sensível à transplantação (a chamada crise de transplantação) e por essa razão, deve optar por transplantar plântulas com raiz protegida.

A época de cultivo do pepino em estufa realiza-se nos meses de Março a Maio. Dependendo da zona do país onde se encontra, poderá cultivar pepino em outros meses como Janeiro, Fevereiro ou até mesmo Agosto e Setembro.

Há quem faça enxertia do pepino (por aproximação ou encosto) de forma a assegurar um maior número de pegamentos e a ajudar a combater doenças de solo de origem fúngica.

No que diz respeito à densidade de plantação, esta difere consoante o sistema cultural adoptado e o tipo de cultivar escolhido.

Em estufa, a densidade de plantação pode oscilar entre 1,2 a 4 plantas por metro quadrado. No que diz respeito ao compasso de plantação, são normalmente utilizadas linhas pareadas com uma entrelinha de 40 a 70cm e distanciadas de 40 a 50 cm entre plantas. No caso de a cultura não ser tutoradas, adoptam-se densidades de plantação inferiores.

No caso de produção em estufa não deve descurar a condução, tutoragem e poda da cultura. Certamente já ouviu dizer que se deve “capar os pepinos”, certo?

Necessidades nutricionais da cultura

Antes de mais, é imprescindível ter em conta que esta cultura exporta uma grande quantidade de nutrientes e reage bem à fertilização orgânica. Em termos de macronutrientes, exporta maiores quantidades de potássio, seguidas de azoto e fósforo.

Se cultivar pepino em estufa saiba que pode recorrer à fertirrega mas tendo sempre em conta se existem problemas de salinidade, aplicando apenas os fertilizantes nas doses necessárias à cultura. Caso os seus pepinos em desenvolvimento comecem a demonstrar sinais de amarelecimento, poderá aplicar sulfato de magnésio em cobertura.

No que diz respeito ainda às necessidades nutricionais, esta cultura pode ser susceptível a algumas carências como por exemplo: magnésio, zinco, manganês, ferro, magnésio, etc.

Necessidades hídricas da cultura

Deve evitar que esta cultura esteja sujeita a situações de stress hídrico, especialmente nas fases de floração e crescimento dos frutos. Até ao aparecimento das primeiras flores e caso não tenha muita disponibilidade de água para regar, poderá não o fazer.

Evite que as folhas desta cultura fiquem molhadas por demasiado tempo, monitorizando a rega para a parte da manhã ( dando a oportunidade e tempo das folhas secarem).

Controlo de infestantes

Tal como em outras culturas, o desenvolvimento de plantas infestantes pode ser bastante prejudicial. Assim, deve garantir o seu controlo especialmente na fase inicial do desenvolvimento da cultura. Para o seu controlo, deve optar por práticas culturais como a rotação de culturas, a mobiliação e cobertura do solo e a sacha mecânica. A monda química ou térmica poderá ser utilizada consoante o modo de produção escolhido para esta cultura.

Principais pragas e doenças da cultura mais comuns

Pragas: ácaros, afídeos, larvas mineiras e nematodes.

Doenças: fusariose vascular, míldio, oídio e bactérias como Pseudomonas e Xanthomonas.

Colheita

Pode começar a colher-se os pepinos mal estes atinjam o tamanho desejado, não descurando a sua firmeza e cor brilhante. No caso do cornichon, é colhido com cerca de 5cm.

Na produção em estufa a colheita deve ser efectuada com a maior regularidade possível, normalmente de dois em dois dias.  Não os deixe amadurecer demais pois corre o risco de ficarem amargos e cheios de sementes rijas.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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