A 1.ª reunião da Comissão Técnica do Pão Tradicional da Madeira (a CTPão) vai decorrer no próximo dia 21 de Fevereiro, pelas 15 horas, cuja abertura será presidida pelo secretário Regional de Agricultura e Pescas madeirense.
A CTPão é um órgão consultivo da Secretaria Regional de Agricultura e Pescas criado em Setembro de 2016, através de diploma que estabelece o regime relativo à produção e comercialização do Pão Tradicional da Região Autónoma da Madeira.
Este diploma veio reconhecer a especificidade, a tipicidade e a qualidade distinta de certos produtos da panificação desenvolvida na Região Autónoma da Madeira, bem como estabelecer as regras gerais relativas à produção e comercialização desses produtos, protegendo-os contra o aviltamento e a imitação, procurando preservar este inestimável património cultural e gastronómico regional.
Neste encontro de entrada de funcionamento da CTPão, entre outros pontos, será analisado o projecto do seu Regulamento Interno, e colocada à apreciação uma proposta de Manual de Boas Práticas para a produção e comercialização de diferentes variedades de Pão de Tradicional da Madeira.
Com batata-doce
Entre as variedades de pão tradicional da Madeira, destacam-se o Bolo-do-caco e o Pão-de-Casa, cujo principal factor distintivo ao nível dos ingredientes, é a utilização da batata-doce, “tubérculo este que imprime à massa panar características sápidas e de aroma inconfundíveis, e cujo uso está relacionado com a tradição, importância e disseminação desta cultura agrícola no território da Região Autónoma da Madeira, pelo menos desde o século XVII”, explica uma nota do Governo Regional da Madeira.
Das várias competências da CTPão, destacam-se: aprovar a definição das características das diferentes variedades de Pão Tradicional da Madeira, através do estabelecimento do seu receituário base, modo de produção, formatos, intervalos de pesos nominais e as formas de acondicionamento e embalagem; analisar e emitir parecer, sobre as condições especiais a que devem obedecer as instalações dedicadas ao fabrico, bem como os equipamentos e utensílios a utilizar no processo produtivo de Pão Tradicional da Madeira; analisar e emitir parecer sobre o Manual de Boas Práticas para a produção e comercialização das diferentes variedades de Pão Tradicional da Madeira, e conduzir o processo de reconhecimento dos produtores de Pão Tradicional da Madeira.
A CTPão é composta por representantes das associações reconhecidas das áreas da produção artesanal e industrial de produtos de panificação e da sua comercialização e dos departamentos da administração pública regional que tutelam estes sectores, bem como, por representantes de outras entidades, públicas e privadas, ligadas à cultura e à gastronomia madeirense.
Esta Comissão Técnica envolve, de base, a Direcção Regional de Agricultura, que a ela preside, a Direcção Regional de Economia e Transportes, a Autoridade Regional das Actividades Económicas, a Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Confeitaria da RAM (AIPPCRAM), a Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF), a Associação de Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira (ADRAMA), a Associação de Casas do Povo da Região Autónoma da Madeira (ACAPORAMA), a Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da Madeira, a Confraria Gastronómica da Madeira e, já a partir desta primeira reunião, a Direcção Regional de Cultura, a Associação de Agricultores da Madeira (AAM), e a Associação de Jovens Agricultores da Madeira e do Porto Santo (AJAMPS).
Encontro com duas apresentações
De destacar que, no âmbito da reunião, e dado que temas de grande importância para os membros da CTPão, serão incluídas duas apresentações:
– A importância do forno de pedra natural de origem vulcânica (cantaria “mole”) na qualidade e sabor do pão e da doçaria regional – por João Baptista (investigador, UI GEOBIOTEC, Universidade de Aveiro);
– O Caderno de Especificações do Pão de Casa da Madeira – Indicação Geográfica Protegida» – por Ana Soeiro (directora executiva da Qualifica – Associação Nacional de Municípios e de Produtores para a Valorização e Qualificação dos Produtos Tradicionais Portugueses, representante em Portugal do movimento Origin, organização não governamental criada em 2003 para responder ao fenómeno crescente das usurpações que afectam as Indicações Geográficas, e que representa hoje mais de 350 Agrupamentos de Produtores de IGs, provenientes de mais de 40 países).
O evento terá lugar no Auditório da Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, no Funchal.
Agricultura e Mar Actual