A campanha de publicidade lançada em 2016 pela Fundação Eugénio de Almeida (FEA) na altura de mudança de imagem dos vinhos EA foi a vencedora do prémio anual da Revista de Vinhos. A campanha lançada em Setembro e que incluía inclui televisão, imprensa, outdoors, ponto de venda e Internet foi remetida para o universo de várias expressões artísticas.
E se o EA fosse uma fotografia? …uma pintura? …uma dança? …um poema? …uma Música? A FEA pediu assim, a cinco artistas para traduzirem a arte de fazer vinho na arte que fazem sua. Luís Mileu na fotografia, Pantónio na pintura, Né Barros na dança, Matilde Campilho na poesia e Dead Combo na música.
“Afinal, esta é uma campanha que tem como claim “A inspiração bebe-se”. Depois de uma ‘residência artística’ de algumas horas, na verdade uma prova de vinhos em Évora com todo os artistas convidados presentes, a banda de Tó Trips e Pedro V. Gonçalves criou o tema musical de toda a campanha e cujos excertos podem ser ouvidos nos anúncios de televisão que acompanham a coreografia criada por Né Ladeiras ou o poema Tanino declamado por Matilde Campilho”, explica uma nota de imprensa da FEA. Os Dead Combo também protagonizam um dos spots de TV onde a sua reinterpretação musical do EA ganha fôlego. O mural criado por Pantónio, e que figura nas paredes da Adega Cartuxa, em Évora, ganha espaço em anúncios de imprensa e outdoor, bem como a poesia de Campilho, a coreografia de Né Ladeiras e a fotografia de Luís Mileu. O resultado é uma campanha em que “uma casa de vinhos se cruza com o tecido cultural e outras sensibilidades”, explica Pedro Albuquerque
EA, a inspiração bebe-se
A Albuquerque concebeu o rebranding da marca de vinhos EA da Cartuxa, Fundação Eugénio de Almeida, e uma campanha 360º que inclui televisão, imprensa, outdoors, ponto de venda e Internet.
No design de marca, garrafa e packaging, a já célebre sigla da Cartuxa apresenta-se agora isolada na superfície da garrafa anulando a tradicional divisão garrafa/rótulo, o que confere a este produto uma única força expressiva. As suas formas geométricas de estética modernista estabelecem a coerência visual em toda a gama, sendo a diversidade entre vinhos estabelecida pela cor e a matéria. A gama originalmente composta pelos vinhos EA Tinto, EA Branco, EA Reserva e EA Rosé, apresenta duas novidades, os vinhos biológicos EA Bio Tinto e EA Bio Branco (com a sigla em cortiça), que “vêm enriquecer a experiência de prova deste vinho”, adianta a mesma nota.
Quanto à campanha, existem dois princípios que regem toda a acção de comunicação. O primeiro é induzir em vez de definir. Por outras palavras, a Cartuxa transfere o papel de interpretação do vinho para quem o prova, em contraste com o marketing de auto-elogio das marcas, o qual perde cada vez mais força na avalanche de opinião das redes sociais. O segundo princípio é sair do território cultural do produtor e posicionar-se noutra atmosfera cultural. Neste caso, é sair das narrativas previsíveis, por muito usadas, (vinho frutado, terroir, herdade, château, adega, vinhas, região, compromisso preço/qualidade) e partir para a arte, a erudita, ela própria fazendo parte do projecto cultural da Fundação Eugénio de Almeida. Por muito boa que possa ser esta estratégia de afirmação e demarcação de uma marca, é necessário pô-la em prática com resultados efectivos, é necessário uma história. E às vezes, uma boa história começa com uma pergunta, neste caso: E se o EA fosse uma fotografia? …uma pintura? …uma dança? …um poema? …uma Música?
Agricultura e Mar Actual